Surf e vinil em um papo solto com o Current Swell

05/09/2014

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Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

Fotos:

05/09/2014

Fotos: Renata Krás

Surfistas canadenses que amam o blues dos anos 40. A improvável mistura define o pessoal do Current Swell, banda que está fazendo uma turnê pelo Brasil agora mesmo divulgando o seu último álbum Ulysses. Tivemos uma conversa bem descontraída com a galera da banda e descobrimos que, além de tudo, eles também amam os vinis.

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O som (e o nome) da banda tem uma relação forte com a cultura do surf, qual é relação de vocês com o surf hoje?
Quando nós começamos, uns dez anos atrás, nós éramos muito ligados no mundo do surf. A gente vivia vendo filmes de surf, lendo revistas sobre isso. E a gente não tinha um nome definido na época, mas a batida do nosso som lembrava muito para algumas pessoas a ondulação do mar, aí alguém nos disse: “Chamem a banda de swell-qualquer coisa”. A gente nem deu muita bola na hora, tipo: “Ah tá, ok, só me passa esse baseado”. Mas acabamos resolvendo nos chamar de Current Swell. Naquele momento, a gente não tinha grandes planos ou muitas aspirações enquanto banda, então até sobrava tempo pro surf. Mas hoje raramente temos tempo para surfar.

O baixista Ghosty Boy

O baixista Ghosty Boy

Vocês sabiam da quantidade de fãs que vocês têm no Brasil?
Não! Ficamos muito impressionados com isso. Na primeira vez em que viemos aqui, pro festival Alma Surf, achamos impressionante. Tinha uma quantidade imensa de gente no show, e foi demais! Da primeira vez, fizemos só dois shows no Rio e em São Paulo, mas ficamos querendo voltar pro Brasil. Agora, estamos tendo a chance de ver o Brasil mesmo, conhecer outros lugares, ver como o Brasil é grande. E tudo isso por causa dos fãs.

Vocês preferem fazer grandes shows ou tocar em lugares menores?
Grandes shows são legais, mas é muito diferente poder tocar em lugares menores, vendo a galera de perto curtindo o show. Vendo as pessoas suarem, sentindo o cheiro delas. Gostamos muito desse contato mais próximo com o público. A relação visual, do olho no olho, com as pessoas que tão vendo o show é uma coisa que dá muita energia pra banda, e isso é mais intenso em lugares menores. Acho que a gente ainda mantém uma essência de grupo de amigos que tocam. Mas a gente é muito preocupado com as nossas apresentações, tentamos fazer a coisa da forma mais profissional possível, até por um respeito às pessoas que estão pagando pra ir no show. A gente não enche a cara nem fuma um monte de baseados antes de subir no palco.

O disco novo parece um pouco mais pesado que os anteriores… Isso é resultado de novas influências?
Não exatamente, é que antes as pessoas sempre viam nossos shows e nos diziam que ele era completamente diferente do som dos discos. Porque ao vivo a banda tem um som bem mais forte, mais enérgico. Nesse novo disco, nós quisemos diversificar um pouco e trazer toda essa energia pra gravação. E achamos que ficou mesmo mais parecido com a sonoridade que a banda tem no palco.

Vocês chegaram a usar instrumentos diferentes nesse disco, não?
É, nós usamos muito mais guitarras elétricas no disco novo. E também sintetizadores, que não usamos tanto antes. Uma coisa bem diferente foi o Omnichord, que é um instrumento bem barato. Ele era um instrumento meio de brinquedo criado nos anos 80, que se usa controlando os timbres arrastando o dedo por um painel digital, e tem um som único que não se parece com nada.

O baterista Chris Petersen

O baterista Chris Petersen

Vocês parecem uma banda bem old school, isso tem alguma coisa a ver com o fato de vocês curtirem os vinis?
Ah, acho que sim. Nós gostamos muito da música em vinil, acho que é uma mídia que permite uma audição muito mais atenta. Tem toda aquela coisa de poder tocar na música, sentir os sulcos do disco, botar pra tocar e ouvir o lado inteiro. Pode ser uma coisa meio sentimental, mas nós gostamos muito.

Inclusive vocês chegaram a lançar o Ulysses em vinil…
Sim! Quando gravamos o novo disco, pensamos muito nisso, em como ele soaria em vinil. Pensamos muito na questão dos lados, quais faixas ficaram no lado A e no lado B. O Ulysses saiu em um disco duplo, com duas faixas bônus que não estão no CD, então é uma coisa bem especial para nós. No CD nós também pensamos um pouco por aí, não gostamos muito da coisa do single, achamos importante ouvir o álbum inteiro de um artista que você gosta.

Vocês tem uma coleção de discos?
Temos, não é muito grande, mas temos sim. O problema é que quando vamos comprar discos novos acabamos sempre pegando os mesmos discos de blues dos anos 40 ao invés de ir ouvir músicas novas em vinil. Mas acho incrível isso que vem acontecendo de uns cinco anos pra cá com tantos novos músicos lançando seus discos em vinil também.

O guitarrista Dave Lang

O guitarrista Dave Lang

Vocês pensariam em lançar apenas em vinil?
Hoje é impossível não lançar um disco em formato digital porque a maioria das pessoas não tem uma vitrola para ouvir em casa. Todo mundo está ouvindo música nos celulares, no computador, então é fundamental ter as músicas em formato digital. Mas o CD talvez possa até morrer, acho que hoje o CD é uma coisa que as pessoas compram muito mais para apoiar os artistas que curtem, mas o vinil é uma coisa que elas têm porque vai durar pra sempre. Tanto os discos mesmo quanto o vinil enquanto mídia. Mas não dá pra prever o que vai acontecer com a indústria da música, de repente até a fita cassete pode voltar e mudar tudo!

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05/09/2014

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