Entrevista | Samples, xamãs, o Brasil e o Mini-Festival Quadrado Mágico com Yonatan Gat

01/12/2018

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Ariel Fagundes

Por: Ariel Fagundes

Fotos: Reprodução

01/12/2018

Conhecido por fundir guitarras rasgadas à expressões culturais de diversos países, o israelense Yonatan Gat é alguém que merece ser ouvido. Após o fim de sua banda original, a Monotonix, ele já lançou dois álbuns solo, Director (2015) e Universalists (2018), ambos interessantíssimos. No primeiro, há uma música em português chamada “Tanto Que Nem Tem” e, em 2018, Gat soltou um compacto em vinil split que trazia sua faixa “Porto Exilio” de um lado e, do outro, “Esos Ojos Verdes”, d’Os Mutantes.

A música brasileira, evidentemente, é uma paixões dele e, nos últimos tempos, ele veio se aprofundando nas culturas de vários locais da América, passando por contatos com povos indígenas dos Estados Unidos, do Peru e também do Brasil. No sábado 1/2, ele é uma das atrações do 2º Mini-Festival Quadrado Mágico (organizado pelo selo de mesmo nome), um evento gratuito que acontece em Brasília e traz ainda o Thee Oh Sees (EUA) e os brasileiros Mustache e os Apaches, Moons, YOU, River Phoenix e Tynkato Vs O Baixo Astral (mais informações aqui).

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Trocamos uma ideia com o Yonatan sobre o disco novo dele, a relação que ele cultiva com a música brasileira, as viagens que ele fez pelo continente americano e o show que fará em Brasília. Confira.

Seu trabalho mistura o rock (do indie e punk à psicodelia) com elementos culturais ancestrais de muitos países. Como e quando você se deu conta de que isso seria possível?

Cada estilo de música tem um sentimento diferente, uma atmosfera diferente. Tento criar músicas que tenham muitos sentimentos e muitos climas, não músicas que apenas se pareçam com o rock n’ roll dos Estados Unidos ou Reino Unido ou música israelense do Oriente Médio, mas que sejam muitas coisas e com muitas influências. Cada lugar que eu visitei, cada música que eu ouço, tudo encontra um jeito de entrar.

Os vocais melancólicos do Oriente Médio e as percussões xamânicas dos índios americanos são elementos fortes do álbum Universalist (2018). Conte como foi o processo de produção desse disco.

Começou com o uso de samples – eu usaria gravações de campo de fazendeiros italianos e espanhóis e de artistas de rua dos anos 1950. Eu queria acrescentar vocais poderosos ao disco que pudessem se encaixar no meu próprio estilo. Então, samplear vozes é uma forma de arte muito profunda, mas é também um pouco uma relação unidirecional, então funciona melhor na música eletrônica. Quando eu conheci o Eastern Medicine Singers eu senti que nós poderíamos criar músicas que soassem como o passado e o futuro ao mesmo tempo e criar isso junto no estúdio e ao vivo, ao invés de ser apenas eu sampleando no meu estúdio.

Em fevereiro, você lançou um split com Os Mutantes. Você é um grande fã de música brasileira, certo? Como se sentiu trabalhando com alguém como Sérgio Dias?

Eu amo música brasileira. Muito de sambas mais antigos como Nelson Cavaquinho e Cartola, mas também a Tropicália, é claro! Eu ouvi pela primeira vez o primeiro [disco d’]Os Mutantes quando eu estava no colégio, e achei que era um dos discos mais interessantes e bonitos que eu já tinha ouvido. Esse disco ainda influencia tudo que eu faço. Quatro idiomas, cada música tem um estilo diferente…. Lançar um split 7″ com Sergio foi incrível. Ele me disse que ele gostou muito do meu solo porque “soa como o Shadows”.

O que você está preparando para o show de Brasília? Ouvimos falar que haverá uma colaboração com os índios da tribo Fulniôs, o que você pode falar sobre isso?

Será uma surpresa! Estamos trabalhando em gravações e em uma performance juntos. Vocês terão que ir ao festival para ouvir isso pela primeira vez.

Que outras novidades você pode adiantar?

Vou voltar para o meu estúdio depois de um mês na estrada e começar a compor e a editar todas as coisas que nós trabalhamos nas últimas duas semanas aqui na América do Sul. Nos juntamos no palco com um xamã de ayhuasca em Lima, improvisamos com tocadores de flautas dissonantes chamados Bailes Chinos no Chile, eu participei de uma cerimônia com índios brasileiros aqui em Brasília, e agora nós estamos trabalhando juntos no estúdio e no show. É muita coisa pra processar.

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01/12/2018

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Ariel Fagundes

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