O coletivo estadunidense Snarky Puppy conta com mais de 20 integrantes, que se encontram quando a agenda permite. O projeto encabeçado pelo baixista Michael League surgiu no início dos anos 2000, quando ele e outros membros estudavam jazz na universidade no Texas. Os músicos mais antigos, além de Michael, são o guitarrista Bob Lanzetti, o percussionista Nate Werth e o trompetista Mike “Maz” Maher. Inclusive, durante as décadas em atividade, o grupo teve diferentes formações com pessoas fora dos Estados Unidos.
Nesta semana, o Snarky Puppy desembarca no país para uma sequência de shows em Porto Alegre, na quarta-feira (24/5), São Paulo, na quinta-feira (25/5), Rio de Janeiro, na sexta-feira (26/5), e Curitiba no domingo (28./5). Para essas apresentações, Michael estará acompanhado de oito músicos: Jason Thomas (bateria), Keita Ogawa (percussão), Bob Lanzetti (guitarra), Justin Stanton (teclado/trompete), Bill Laurance (teclado), Mike “Maz” Maher (trompete), Jay Jennings (trompete) e Chris Bullock (instrumentos de sopro).
O repertório das apresentações se debruça nas faixas de “Empire Central” (2022), disco vencedor do Grammy 2023 na categoria “Álbum de Música Contemporânea Instrumental”. Essa foi a primeira vez dos integrantes do Snarky Puppy compondo em conjunto: “Cada música do nosso repertório foi escrita por uma pessoa, mas neste trabalho, várias faixas foram co-escritas entre os membros do grupo. Eu amei o resultado e espero que aconteça mais vezes”, conta o baixista.
Os próximos seis meses serão dedicados a excursionar diferentes lugares com essas novas músicas. “Acho que tocaremos em todos os continentes. A música cresce a cada noite, então estamos ansiosos para saber como as coisas vão soar em dezembro”, pontua o artista. Em bate-papo, Michael League divide memórias das viagens do Snarky Puppy no Brasil e como acontece o processo criativo do coletivo:
Como artista, você se interessa pela música criada em diferentes partes do planeta. O que te atrai na música brasileira?
A coisa mais bonita sobre a música brasileira é o fato de que todos os três elementos básicos – melodia, harmonia e ritmo – são atualizados em um nível tão alto. Normalmente, em qualquer gênero musical, um desses elementos tem prioridade. Mas no Brasil, cada um é tão rico que é quase impossível dizer qual é o mais prevalente. Também adoro o espírito de evolução e inovação tão presente na cultura, é raro encontrar tradicionalistas ou puristas porque a cultura celebra o frescor com tanta paixão. Seria difícil dizer quem são os meus artistas favoritos porque amo muitos, mas vou começar com Milton, Elis e Hermeto. Regionalmente, a Bahia é o que mais me intriga. Estou planejando passar um tempo por lá estudando nos próximos anos.
Você visitou o país em algumas ocasiões, quais são as suas memórias favoritas?
Minha lembrança favorita é passar a noite toda no Ó Do Borogodó, em São Paulo, com os grandes Carlos Malta e Bernardo Aguiar em nossa primeira visita ao Brasil. Foi incrível ver aquele nível de performance da banda e a energia da plateia enquanto todos dançavam. Também passamos uma noite no Bar Semente, na Lapa, no Rio de Janeiro, antes dele fechar as portas. Lá estava o Marcos Suzano, o Carlos, o Bernardo, talvez o Gabriel Grossi também… Foi muito especial. Lembro que havia três ou quatro flautistas de classe mundial sozinhos naquela noite. Escrevi uma música sobre o lugar no ano seguinte. (A faixa ‘Semente’, lançada no disco ‘Culcha Vulcha’, de 2016)
O flautista Carlos Malta e o percussionista Bernardo Aguiar participaram do disco “Family Dinner: Volume Two” (2016). Como vocês se conheceram?
Conheci o Carlos Malta através do saxofonista Jeff Coffin (Bela Fleck, Dave Matthews Band). Em nossa primeira viagem ao Brasil, ele recomendou que a gente entrasse em contato. Carlos trouxe Bernardo com ele quando nos conhecemos e, desde o primeiro segundo, houve uma bela química. Embora nunca tenhamos feito turnê juntos, as bandas de Carlos e Bernardo (Pife Muderno e PRD Mais) já tocaram no nosso festival de música, o GroundUP Music Festival, em Miami.
Li em alguns lugares que há mais de 20 projetos paralelos entre os membros do Snarky Puppy. Como conciliar as agendas?
Ha! Nunca contei o número exato porque desde que você me enviou esta entrevista, provavelmente há cinco novas bandas sendo criadas. Podemos continuar trabalhando juntos porque valorizamos a liberdade de cada membro individualmente e respeitamos seu direito de passar o tempo trabalhando em seus próprios projetos. O sistema de rodízio que desenvolvemos durante as turnês facilita isso. Não há pressão em ninguém para sacrificar a sua própria música pelo Snarky Puppy.
Quando você sabe que uma ideia funciona para o Snarky Puppy ou para outro projeto?
Em questão de composição, a gente nunca colaborou como banda. Até “Empire Central” (2022), cada música do nosso repertório foi composta por uma única pessoa, mas nesse último disco, várias faixas foram co-escritas entre os membros do grupo. Eu amei o resultado e espero que aconteça mais vezes. Já aconteceu muitas vezes de, eu ou outro membro, escrever uma música e perceber que ela se encaixa melhor em outro projeto. Nunca há ressentimentos quando isso ocorre – todos nós queremos o que é melhor para a música e para a banda.
Porto Alegre
Data: 24 de maio
Abertura da casa: 19h30
Local: Auditório Araújo Viana
Endereço: Av. Osvaldo Aranha 685, Bom Fim – Porto Alegre
Ingressos: Sympla
São Paulo
Data: 25 de maio
Abertura da casa: 21h
Local: Audio
Endereço: Av. Francisco Matarazzo 694, Água Branca – São Paulo
Ingressos: Ticket 360
Rio de Janeiro
Data: 26 de maio
Abertura da casa: 21h
Local: Circo Voador
Endereço: R. dos Arcos s/nº, Lapa – Rio de Janeiro
Ingressos: Eventim
Curitiba
Data: 28 de maio
Abertura da casa: 21h
Local: Ópera de Arame
Endereço: R. João Gava, 920, Abranches – Curitiba
Ingressos: Cheers