Fotos: José de Holanda e Thiago Bernardes
Na última quinta-feira (11/09), no SESC Vila Mariana, em São Paulo, o cantor e compositor baiano Russo Passapusso apresentou pela primeira vez seu disco solo, Paraíso da Miragem. Na noite de casa cheia, o público do teatro levantou para dançar assim que as luzes se apagaram. Isso porque parte dele já conhece os shows animados do BaianaSystem, banda que mistura música eletrônica, guitarra baiana e elementos da cultura soundsystem, e cujo MC é Passapusso (se você ainda não conhece o disco, vale a pena baixar e ler a entrevista com o cantor aqui na Noize).
Posicionados em pequenos palcos individuais, os integrantes da banda abriram o show ao som grandioso do trombone e do coro de “Paraquedas”, single do disco. Responsáveis pela produção de Paraíso da Miragem, o baterista Curumin, o tecladista Zé Nigro e o baixista Lucas Martins também fazem parte do grupo que deve acompanhar o cantor em próximos shows. Na noite de estreia, o guitarrista Saulo Duarte, o percussionista Maurício Badé e Edy Trombone engrossaram o elenco. A banda formou um círculo ao redor de Russo, numa cenografia que remete a números musicais de programas de televisão dos anos 1960.
Sem cerimônia, Passapusso entrou no palco chamando o público para dançar; às vezes cumprimentava conhecidos na plateia, e, quando falava sobre o disco, era como se estivesse numa conversa entre amigos. Em dez anos de carreira, o MC e cantor ajudou a dar novo ar à cena baiana: promove em Salvador uma festa semanal de soundsystem, e, nos últimos anos, o Baiana System se apresentou no Japão, China, Rússia, França, Dinamarca, entre outros. Depois de uma década como MC, Paraíso da Miragem apresenta um cantor.
Lado b do single “Paraquedas”, a balada soul “Flor de Plástico”, que lembra Hyldon e Jorge Ben, já era conhecida pelo público. Os sambas “Areia” e “Sangue do Brasil” – uma música política, de protesto – representam a mesma vertente do disco, repleta das referências de uma MPB redescoberta nos últimos anos pela cultura do vinil.
Como em “Paraíso da Miragem”, a cantora Anelis Assumpção dividiu os vocais com Passapusso na intimista e romântica “Sem Sol”. Além da participação da cantora paulistana, BNegão, Marcelo Jeneci e Edgard Scandurra participam do disco.
Curadas em rock jovem guarda e nuggets, canções como “Remédio” abriam espaço para os solos do guitarrista Saulo Duarte ganharem o palco. Na última canção do show, “Autodidata”, a vertente de MC de dub e soundsystem é nítida na performance de Passapusso. Para acompanha-lo, o cantor convidou Fael Primeiro, seu parceiro no grupo Bemba Trio, para se juntar à banda.
Um começo animador para Russo. Os que foram devem voltar aos próximos shows.