Exclusivo | Dinho Almeida e Pedro Bonifrate juntos: confira o 1º clipe de Guaxe

23/08/2019

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Brenda Vidal

Por: Brenda Vidal

Fotos: Divulgação

23/08/2019

O Guaxe já tem credenciais pra dar match com quem curte o som feito pelo Boogarins ou sente saudades do Supercordas. Mas, nada disso é obrigatório: o projeto inédito entre Dinho Almeida, da Boogarins, e Pedro Bonifrate, ex-Supercordas, respeita sua trajetória sem deixar de falar por si só. É pra quem gosta de música mesmo.

Unindo a sede de Goiânia com a umidade de Paraty, os músicos, parceiros e amigos Dinho e Bonifrate fizeram do sítio do Dragão, na cidade carioca, o QG das gravações que dão vida ao disco Guaxe, com lançamento para 6 de setembro.

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O nome do duo nasce como uma homenagem a um pássaro da Mata Atlântica, que constrói ninhos em forma de tenda pendurada na copa das árvores. Com gravadores de fita de 4 canais, computadores e equipamentos excêntricos, as sonoridades nascem das violas caipiras, ruídos de crianças brincando e a floresta cheia de lagartos da casa de Bonifrate.

Melhor do que descrever o som é você ouví-lo por si mesmo. Abaixo, com exclusividade, você confere o primeiro clipe da Guaxe para a faixa “Onda”. Solte o play e, em seguida, confira um papo especial que batemos com os dois sobre a criação e os rumos do projeto.

O nome “guaxe” vem de um pássaro que vocês viram de pertinho no sítio do Dragão, em Paraty – RJ, onde o Bonifrate mora. Qual a força desse espaço para a concepção e criação do disco?

Bonifrate: Eu acho que estar perto da natureza e em um ambiente razoavelmente tranquilo é algo que influi num processo criativo, mesmo que isso não se manifeste na criação. É algo que te despreocupa o suficiente pra trabalhar de um jeito leve em canções ou em sons, e o processo da Guaxe deve ter sido dos mais leves em que eu já estive. Não que os temas ou mesmo os climas das canções não ficassem pesados às vezes; ficam, e isso é audível, mas a leveza aqui acredito que venha da despretensão, de uma música que surgiu da amizade e da admiração mútua, espontânea, sem grandes compromissos. Na certa, o clima daqui de onde eu moro ajudou bastante a entrada desses elementos no som.

Dinho: Na minha cabeça, o disco tem a cara do valor umido de Paraty.
Toda vez que fui à cidade, tivemos encontros mágicos – seja pra gravar ou nas idas pra passar o ano novo. Era maluco como me sentia recarregado seja pela energia boa de criança que a Iris [filha do Pedro] trazia pra casa ou pelas conversas malucas sobre a Vida com o Pedro e com a Thalita. Com certeza, o fator localidade/situação deu muito do traço do disco.

Temas como situação política, exploração do trabalho e a resistência perpassam a obra, que soa como uma reação a esses tempos caóticos. Como foi a pesquisa e o desenvolvimento sonoro e lírico pra refletir e criar sobre e em meio ao caos?

Bonifrate: Acho que um álbum como esse opera em outro plano, no sentido de um outro tempo que está em nós, e acaba sendo empático de um jeito preciso sobre o tempo digamos “comum” justamente por causa disso. Os últimos quatro anos foram tensos, sinistros, até desesperadores no macrocosmo, e foi quando o disco foi gravado.

Dinho: Definitivamente, as tais conversas sobre a vida eram permeadas pelos acontecimentos caóticos dos últimos anos, com as duas últimas músicas [do disco] sendo gravadas durante aquele clima desesperado de vira-voto do segundo turno das eleições de 2018. Trançando o modo do Pedro mais pensado de lapidar as ideias com o meu jeito mais impulsivo e bruto, acho que conseguimos puxar reflexões/imagens musicais densas que, por mais que remetam ao desespero/caos dos tempos atuais, acho que a tal energia de vida nova que pulsa da Iris faz com que essas canções pareçam suspensas, como se ainda nos restasse uma ideia boa, uma força boa que nos anima diante do turbilhão de ideia errada que vem se alastrando.

Tanto o Supercordas quanto o Boogarins são bandas que falam muito sobre a trajetória de vocês e que habitam uma memória recentíssima do público. Quando vocês sentiram que tinham criado um som “próprio” da Guaxe? Foi uma preocupação se distanciar ou se diferenciar dos sons desses outros projetos?

Bonifrate: Eu diria que não foi uma preocupação soar diferente porque é natural que soe, já que os meus meios de gravação são bem idiossincráticos assim como são os dos Boogarins ou os dos Supercordas. Sinto que mesmo as participações que fiz nas músicas dos Boogarins estão misturadas nesse ninho de guaxe que a Guaxe se tornou. A diferença vem do processo, da visão e das estruturas. Mas acho que foi com “Desafio do Guaxe” que chegamos num lance diferente que talvez tenha soado como o “som da Guaxe” na época, deu um espírito pro que fazer a seguir.

Dinho: Acho que nós não tivemos preocupação nenhuma. O processo foi todo muito natural e prazeroso. Na minha cabeça, foi um exercício maravilhoso de mesclar dois jeitos de criar as coisas, com as duas partes se deixando misturar e dando vida a esse som novo que carrega as duas essências.

Quais são os próximos rumos do Guaxe? Vocês pretendem sair em turnê?

Bonifrate: Não tão cedo porque estamos grávidos novamente por aqui e é pra novembro, mas vamos nos encontrar em breve, eu e Dinho, e começar a bolar uma estrutura pequena pra tocar essas músicas ao vivo. Bem possível que no ano que vem role umas datas por aí.

Dinho: Estamos pra entender o que vamos conseguir fazer. Vamos tentar desenvolver algum jeito de apresentar essas músicas ao vivo, mas sei lá, sem prazo fixo pra isso rolar, já que nós dois temos outros corres mexendo a vida.

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23/08/2019

Brenda Vidal

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