No início da década de 1970, Luciano Figueiredo e Óscar Ramos se encontraram no Rio de Janeiro e iniciaram uma parceria que marcou a história da MPB. Em 1971, eles assinaram o cenário do show “Gal a Todo Vapor” e a capa do disco homônimo. Esse foi o início estrelado de uma parceria que rendeu dezenas de projetos, entre cenografias, capas de discos, livros e publicações.
Formados nas artes plásticas, o cearense e o amazonense ajudaram a definir a estética da contracultura no país. Uma parte do acervo da dupla está exposta na mostra “Gráfica Poética”, aberta para visitação até 27 de agosto, no centro cultural Futuros – Arte e Tecnologia, no Flamengo, Rio de Janeiro.
“Entre os anos 1960 e 1970, as artes ficaram sem um lugar específico, então os artistas seguiam com suas produções em diversos campos de atuação. Foi assim que, como dupla, realizamos mais de 100 obras para as artes emergentes, como a poesia, o cinema, a música e as artes gráficas, tudo que era experimental no Brasil – e que nos últimos anos passaram a ser chamadas de contracultura. Por isso, essa produção é avaliada como representativa de certa resistência artística durante os ‘anos de chumbo’ da ditadura militar”, declarou Luciano Figueiredo.
Ao todo, a exposição reúne 40 trabalhos, entre capas de discos de Caetano Veloso, Gal Costa, Jards Macalé, Gilberto Gil e Maria Bethânia, além de um exemplar da revista Navilouca, provas de cor, fotolitos, layouts originais, cartazes de filmes, entre outros. Além da colaboração com Gal Costa, eles são responsáveis pelas capas de Araçá Azul (1972), de Caetano Veloso; Barra 69 (1972), de Caetano e Gilberto Gil; O Luar (1981), de Gilberto Gil, Talismã (1980), de Maria Bethânia, Cores, Nomes (1982), de Caetano Veloso, Só Morto: Burning Night (1970), de Jards Macalé.
Com curadoria de Aïcha Barat, pesquisadora e doutora da PUC Rio, e Fred Coelho, professor da PUC Rio, a mostra traz ainda cartazes para filmes – A Agonia, de Julio Bressane (1978); 1x Flamengo (1980), de Ricardo Sollberg; Raoni (1978), de Jean-Pierre Dutilleux e Luiz Carlos Saldanha. “A exposição evidencia o design inovador da contracultura, orientado para a valorização do poder da palavra escrita, sua inventividade e sua visualidade. Capas de disco, cartazes, cenários de show eram pensados como um projeto total no qual poesia e artes plásticas se retroalimentam. Verbal e visual se unem”, afirma a curadora.
Gráfica Poética – Luciano Figueiredo e Óscar Ramos
Local: Futuros – Arte e Tecnologia (R. Dois de Dezembro, 63 – Flamengo, Rio de Janeiro)
Data: Até 27 de agosto
Entrada gratuita
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