Faixa a Faixa | Vespas Mandarinas

15/04/2013

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Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

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15/04/2013

O Vespas Mandarinas acabou de lançar o seu primeiro disco, Animal Nacional, que conta com 12 faixas bem interessantes. Tanto que fomos conversar com o Chuck Hipolitho, voz e guitarra da banda, para nos ajudar a esmiuçar faixa por faixa desse álbum. Confira:

Cobra de Vidro: “Foi escolhida como a primeira música do disco por ter uma levada clássica do rock nacional. É guitarra pra caralho, uma das únicas do disco que tem solo. A música é do Benzé, da época em que conheci o Thadeu Meneghini. Quando ele veio tocar com a gente, eu já disse que tínhamos que regravar porque ela é incrível.

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Quando lançamos o nosso primeiro EP, foi essa música que chamou a atenção do Rafael Ramos, da gravadora que nos contratou. Na minha opinião, essa é a melhor música do Animal Racional”.

Não sei o que Fazer Comigo: “Essa é uma música que entrou na última hora pro nosso repertório. Ela é de autoria do El Cuarteto de Nos, banda uruguaia. Eu refiz a letra toda usando da mesma ideia deles, mas com outros versos. Pra mim, essa é a música mais chocante do disco. Ela tem uma pegada latina, leva a gente pra coisas que os Paralamas do Sucesso, por exemplo, fazem, que é misturar rock com ritmos mais latinos. Ela é bem gostosa de dançar e tem uma letra que todo mundo ouve e acaba se identificando. Então a gente acha que ela tem um potencial pop”.

Santa Sampa: “É uma música que Thadeu fez com o Bernardo Vilhena, que é um compositor antigo do Rio de Janeiro. Ele já trabalhou com Lobão, é um poeta também. Ele quem escreveu um poema e um texto, que se chama Animal Nacional, e é por causa dele que o disco leva esse nome.
Então, o disco inteiro é paulistano, ele fala da metrópole onde a gente mora, as coisas boas e as coisas ruins”.

O amor e o Ocaso: “É a primeira balada, uma música que eu tinha há muito tempo sem letra. Eu criei os riffs de guitarra na época, pensando no John Frusciante. Depois o Thadeu entrou com a linha de guitarra dele, e o Adalberto Rabelo Filho, que é um amigo nosso letrista, colocou a letra e virou essa baladona clássica. Em um clima Bob Marley, verão, alto-astral”.

O vício e o Verso: “É anos 80 pra caralho. Já começa com uma guitarra com chorus, parece música da Marina Lima. E é também uma música do Thadeu com o Adalberto. Nessa, quando estávamos compondo o solo, pensávamos em coisas tipo New Order”.

A Prova: “Existia uma demo com a levada dela. O Rafael tinha ouvido essa gravação e achava que rolaria uma música pop legal, mas não tinha letra ainda. Então mandei ela pro Léo Jaime escrever e ele falou que tava ocupado. Mandei pro Chico Amaral, e ele também nos disse que estava ocupado. Na verdade, acho que eles estavam meio com preguiça de escrever uma letra pra uma banda que ninguém sabe quem é, e tal…

Aí o Thadeu falou pra eu mandar pro Arnaldo Antunes, e eu pensei que nunca o Arnaldo ia escrever. Mas aí falei com o China que trabalhava comigo na MTV e que tinha feito alguma coisa com ele. Mandei um e-mail pro Arnaldo Antunes e ele escreveu a letra. Ele foi muito foda, profissa, e até agora eu não acredito que tenho uma letra do Arnaldo Antunes no disco. Essa é uma das minhas favoritas do disco”.

Só Poesia: “É uma música minha e a letra do Fábio Cascadura, que também é um cara que eu admiro pra caralho pelo talento. Essa eu tinha feito quando estava me separando da Débora, e com isso tinha o caso de ficar longe da minha filha, que na época tinha um aninho. Eu meio que não tinha onde morar, foi uma época bem chata da minha vida. E aí eu lembro que mostrei essa melodia pro Fábio e ele me mandou a letra 3 dias depois, com ele cantando.

Eu acho que de alguma maneira ele sabia o que estava acontecendo na minha vida e escreveu essa poesia, que na minha opinião ele tá falando da minha filha, a Nina. Quando ele mandou e eu ouvi, comecei a chorar, fiquei emocionado. A música acobou entrando no disco, eu acho que ela não é tão forte, mas pra mim tem esse significado, tem uma carga emocional”.

O Inimigo: “É uma música que a gente lançou um tempo atrás com três vocalistas cantando uma versão diferente. E essa é outra faixa que o Rafael pediu pra gente tirar da internet e guardar pro disco. Essa também foi feita por Thadeu e Adalberto. É uma música animal, Titãs até o último”.

Um Homem sem Qualidades: “Também é do Thadeu com Adalberto, era do Banzé! e é a mais porrada do disco. Eu sempre achei ela animal!”

Rir no Final: “É uma música do Fabio Cascadura, que ele me mandou e eu meio que criei a levada de guitarra, fiz uma demo com bateria. E quando a gente começou a tocar ela nas reuniões pra decidir coisas do disco, todo mundo curtia e ela acabou entrando. Ainda bem, gosto muito dela”.

Distraídos Venceremos: “É uma baladona, me lembra Engenheiros do Hawaii. É uma música bem pop também. Do Thadeu com o Adalberto. E é uma que consigo ouvir tocando em novela e em rádio”.

O Herói Devolvido: “É minha com Thadeu e Adalberto. É a única que eu canto inteira com Thadeu. Lembra um country, Raul Seixas, tem uma levada meio Raimundos também. E eu acho que ela mostra a mensagem mais legal do disco, que é “enquanto tá todo mundo preocupado em ser perfeito, no final o que faz falta é o defeito”. É as bandas começaram a ficar tão preocupadas em consertar tudo no computador, como afinação de voz, tempo de bateria. Com isso, a música começou a ficar um pouco incípta, esterilizada, tudo muito limpinho. Todos os defeitos que você tem na hora em que está cantando, você consegue consertar, e aí começamos a perceber que certos defeitos são indispensáveis para o que você está fazendo ser verdadeiro”.

“No nosso disco tem defeito pra caralho, eu e o Thadeu não sabemos cantar, estamos fazendo o máximo possível pra poder cantar as nossa próprias músicas. O disco inteiro foi a gente ao limite, buscamos a perfeição na interpretação, mas um ouvido chato vai achar vários defeitos ali. Porém, sabemos que aos ouvidos da minha mãe, do meu amigo punk, e de qualquer pessoa na rua, esses defeitos são indispensáveis pro que a gente faça ser verdadeiro. O tempo todo estávamos buscando o acidente, porque o acidental leva a gente pra lugares diferentes e criativos, obriga a gente a pensar e aceitar coisas novas”.

Em resumo, qual a proposta do disco?

“A minha experiência e a do Tadeu, é o rock nacional, clássico, anos 80 e 90, como Raimundos, Nação Zumbi, Planet Hamp, Paralamas, Titãs, Engenheiros do Hawaii… E no ano 2000 começou uma leva muito grande de um rock o qual a gente não se identificava, muito baseado em hardcore. Um momento em que as bandas que fizeram sucesso, tipo CPM 22, CBJR – sem querer desmerecer e nem julgar o trabalho delas, o qual respeito e admiro muito, acima de tudo – começaram a aparecer como subproduto de bandas muito parecidas com elas.

Ao longo do tempo foram aparecendo outras bandas, e o som foi ficando cada vez mais diluído. Até ouvirmos algo que entra por um ouvido e sai pelo outro, sabe? Então a gente queria resgatar o rock clássico, anos 80, aquele que qualquer um ouve, que minha mãe vai gostar, que o meu amigo punk vai gostar, que qualquer um vai curtir. Que tenha letra, refrão feito com cuidado. A gente quer tocar com essas músicas na rádio sem forçar a barra.

Então a mensagem é que dá pra fazer esse tipo de pop rock com letras que tenham poesia, que seja algo alternativo ao mainstream. Sem criticar, mas a gente queria fazer uma coisa que fosse diferente disso.

E as influências para um trabalho desses vão desde o Skank, que é uma banda que eu sou completamente apaixonado, até música sertaneja da década de 90. A gente ouviu de tudo pra fazer esse disco. Muita coisa gringa também, mas sempre música com poder pop”.

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15/04/2013

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