Em 2022, na era dos streamings e arquivos digitais, parece estranho imaginar um mundo sem aparelhos de gravação e reprodução de áudio. Mas essa realidade, há relativamente pouco tempo, já foi muito diferente.
Os toca-discos como os conhecemos foram criados apenas em 1955 e não são os primeiros aparelhos capazes de reproduzir sons previamente gravados. Eles surgiram enquanto resultado de um longo processo de pesquisa e aprimoramento, tomando como base tecnologias mais antigas semelhantes. Você conhece essa história? Foi um longo caminho até que um toca-discos pudesse chegar na sua casa e fazer sua coleção rodar. Agora, vamos explicar melhor como foi esse percurso.
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FONÓGRAFO: O PRIMEIRO PASSO
Antes de Thomas Edison a lâmpada não existia, mas também não era possível gravar e reproduzir sons. Você pode imaginar o espanto das pessoas quando, em 1877, pela primeira vez, o inventor norte-americano apresentou sua engenhoca, chamada de fonógrafo. O equipamento era baseado no telégrafo, na época em pleno desenvolvimento, e no recém criado telefone.
O aparelho era formado por um cilindro coberto por uma folha de estanho, presos a uma manivela. Uma agulha, acoplada a um diafragma e em um bocal em forma de cone, era mantida em contato com a superfície de estanho do cilindro. O processo de gravação acontecia, basicamente, da seguinte forma: um som era emitido no bocal conoidal, fazendo pulsar o diafragma, que transmitia seus movimentos à agulha, que vibrava e entrava em contato arranhando (e gravando) o estanho do cilindro, que era girado pela manivela. Feita a gravação, era necessário girar a manivela no sentido contrário para reproduzir o som, que era amplificado pelo mesmo cone com o qual foi registrado.
Você pode imaginar o quão rudimentares eram essas primeiras gravações em relação à qualidade sonora que atingimos hoje em dia, mas, na época, elas significaram uma verdadeira revolução. Este foi o primeiro grande passo até chegarmos onde estamos hoje.
GRAFOFONE E GRAMOFONE: EVOLUÇÕES IMPORTANTES
A primeira versão aprimorada do fonógrafo foi o grafofone, criado por Alexander Graham Bell (o mesmo que criou a primeira patente do telefone), em 1881. A diferença deste aparelho era que o revestimento do cilindro de gravação era feito de cera, ao invés de estanho. Essa pequena mudança foi bastante significativa para o que ainda viria pela frente.
Durante um tempo, o recém inaugurado mercado fonográfico foi dominado pela disputa entre o fonógrafo e o grafofone. Até que, em 1887, Emil Berliner criou o seu gramofone, que se tornaria um marco na indústria, em razão das vantagens trazidas pela maior novidade contida neste novo equipamento: os cilindros de gravação foram substituídos por discos. Os discos de goma-laca (cera) desenvolvidos por Berliner não apresentavam maior fidelidade sonora em relação aos cilindros; entretanto, continham a enorme vantagem de facilitar a produção em larga escala, por poderem ser produzidos a partir de moldes e prensados em série.
Os gramofones passaram a ser comercializados em massa apenas alguns anos depois e, com o tempo, foram conquistando o mercado, relegando a um segundo plano os fonógrafos e grafofones. Os discos se consolidaram enquanto o melhor formato para registrar e reproduzir sons comercialmente e esse reinado ainda duraria praticamente 100 anos, passando por diversas transformações ao longo do caminho.
O TOCA DISCOS COMO O CONHECEMOS
A indústria fonográfica, nestes seus primeiros anos, estava em uma corrida constante por aprimoramentos. Era necessário que houvesse maior fidelidade sonora, os discos precisavam ser mais resistentes, outras maneiras de amplificar o som eram necessárias. Na década de 1930 houveram grandes mudanças. A eletricidade, sendo dominada e explorada pela sociedade, era a moda da vez e foi incorporada nos aparelhos de reprodução de áudio. As manivelas foram substituídas por motores, que faziam o disco girar de forma automática. Além disso, paralelamente ao surgimento e difusão do rádio, foram inventados sistemas de agulha e cápsula magnetizadas, gerando correntes elétricas que transmitiam o som até que fossem amplificadas em conjunto com um sistema de som de rádio.
Assim surgiu a forma de reprodução que já conhecemos, no qual a agulha capta informações do disco, vibra em contato com a cápsula, que transforma tudo em eletricidade conduzida por fios através do braço até chegar no sistema de som.
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Na esteira das mudanças, em 1948, surgiram os discos de vinil, enquanto substitutos dos discos de goma-laca. Conforme contamos melhor neste post, o uso do vinil foi uma nova revolução, permitindo um aumento significativo na fidelidade sonora, na capacidade de armazenamento de informações e na resistência dos discos. Logo depois, em 1955, surgiu uma novidade importante nos aparelhos de reprodução: a Philco criou equipamentos que possuíam bateria e poderiam ser transportados e usados em qualquer lugar.
O que conhecemos hoje como toca-discos funciona basicamente a partir destes princípios. Houveram outras mudanças ao longo do tempo, como aprimoramentos que possibilitaram maior fidelidade na reprodução de áudio. Com o passar dos anos, por exemplo, as caixas de som se tornaram independentes e muitos aparelhos deixaram de ter um sistema embutido que fosse capaz de amplificar o áudio. Com a popularização dos toca-discos, surgiram os mais diversos modelos de equipamentos, para os mais diversos públicos, oferecendo diferentes possibilidades.
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Para saber um pouco mais sobre a história dos LPs e toca-discos, além de ter acesso a outros textos sobre o universo do áudio analógico, você pode acessar a sessão EM VINIL do nosso site.
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