_por Cris Lisbôa
“Eu não sou um arrecadador de Ecad. Não sou um compositor. Eu faço disco, cara. É isso que eu faço. E não vem me dizer que disco é uma coisa antiga, de gente nostálgica, disco é verdadeira viagem da música. Expresso 222 – que talvez tenha sido o disco que eu mais tenha escutado em toda a minha vida – e aquela sequência, primeiro “Pipoca Moderna”, ai vem “Rock, in Bahia”, “O canto da Ema” e por ai vai até findar ali em “Está na cara, está na cura” e é isso, o Gil pensou nesta sequência, neste caminho, em me levar, levar você, levar todos nós por aquela estrada. Sabe como? Perde em poesia quem só ouve a opção randômica e não embarca na viagem pra qual estão te convidando. Então eu faço isso. Discos. E agora – e não pense que vou falar mal de gravadora, fiquei 30 anos dentro dela – sou independente. E tá sendo uma experiência incrível isso. By Myself. Tem um barato que a cada semana o preço muda de acordo com os comentários do público, vendo no show, na internet, falo direto com as pessoas, tem esta coisa da proximidade, do cuidado com estas pessoas que pô, entraram no meu barco, querem ver a paisagem que proponho e faz toda diferença. Pra criar, pra pensar, agora mesmo vai acontecer uma edição limitada com capinha de madeira e outras coisas, tantas coisas e vende no show. Porra, show é o grande barato. Nunca é igual, sei que parece clichê mas nunca é. Igual. Nunca. Pode ser a mesma cidade e até as mesmas pessoas mas é outro show, outra energia, é em outra canção que o público vai contar junto até porque cada vez que canto a mesma letra ela tem outro significado. As coisas mudam, as canções com elas, e se renovam, se estranham, as vezes a sua música favorita não diz mais nada. Mudou ela ou mudou você? Mudou tudo. Como amor? Sim, como amor. Engraçado que embora haja uma aparente presença do amor na minha vida, nas minhas músicas ele é só uma camada. Talvez a primeira, verdade, mas uma camada sobre a indagação do que nos nome, nos comove, nos atrai. Que amor é inquietaçãoo. Putz, bicho, o que é aquele disco do Cascadura? Ouviu? Puta disco, puta banda. O da Gal também é foda. E Led Zeppelin. Muito. Meu filho Sebastião descobriu a força dos caras, ficamos ouvindo um tempão e me lembro que quando eu era criança fui assistir a um espetáculo do Secos & Molhados e quando vi o Ney Matogrosso subindo pro palco já cantando, dançando, hipnotizando aquelas pessoas todas a minha volta pensei “Uau. Isso é fazer música.”
Nando Reis faz show hoje à noite no Opinião em Porto Alegre, a partir das 20h.
A “lojinha do Nando”: http://nandoreis.uol.com.br
O “Expresso 222” e outros discos de Gil, na íntegra (para iPod e iPad): http://www.gilbertogil.com.br
Cris Lisbôa é escritora gostaria de saber onde vendem aquelas plastiquinhos para proteger vinil e dá aulas de escrita criativa no Go, Writers