Marina Sena antecipa novo disco: “Aprendi a dosar o meu veneno” 

19/08/2024

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Isabela Yu

Por: Isabela Yu

Fotos: Divulgação/ Vans Bumbeers, Gabriel Siqueira e Melina Furlan

19/08/2024

Antes de entoar a última música da apresentação, “Por Supuesto”, Marina Sena pegou o vinil de Vício Inerente (2023) das mãos de um dos fãs da grade do festival Movimento Cidade. Ao longo da canção, ela erguia o disco no ar enquanto incendiou a plateia de mais de 10 mil pessoas do festival Movimento Cidade, no último sábado, 17/8. 

Após cantar o hit do disco De Primeira (2021), ela passou mais alguns minutos no palco assinando os vinis antes de se despedir do público de Vila Velha, no Espírito Santo. “Todo show tem alguém balançando o LP”, conta a artista em entrevista à Noize após o show. 

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Mesmo com o cronograma apertado, ela faz questão de autografar os discos e conversar com o público. Em turnê desde o ano passado, Marina já perdeu a conta de quantas apresentações realizou no Brasil e no exterior, mas acredita que se aproxime de 100, sendo que ainda faltam pelo menos 14 para encerrar esse ciclo.

No entanto, o formato da apresentação foi transformado três vezes: houve um primeiro momento logo após o lançamento, que depois foi atualizado para o verão, e em seguida, uma versão final. “Como a gente faria o Vício Inerente se ele fosse lançado agora? Nós criamos novas dinâmicas para o show porque começamos a enjoar. Deu quatro meses e pensamos em como mudar a setlist e colocar outras coisas no show”, explica a cantora.

Ao lado da banda, desenvolveu novas ideias de arranjos para as músicas, e incluiu algumas surpresas, como o momento acústico em “Mande um Sinal”. “Sou libriana, então canso rápido das rápido. Quando isso acontece, sinto que chegou a hora de transformar o show”, aponta. Acompanhada de bateria, guitarra e sintetizador, ela costura o repertório dos dois discos, além de incluir as versões remix de “Dano Sarrada” com Japãozin, e “Ombrim” com Roni Bruno e Chicão do Piseiro.

A cantora transita entre o pop e o alternativo, e os seus colaboradores comprovam a sua facilidade de circular entre diferentes turmas – do forró pop mainstream de Juliette ao grime de Fleezus, ela mantém a autenticidade que a revelou no Rosa Neon. O tempo na estrada provou que o gingado vale a pena: “Cheguei no denominador comum de tudo que tem dentro de mim. Consigo colocar em prática o conhecimento que acumulei nos últimos anos.”

Se os dois primeiros álbuns permitiram experimentações, ela entendeu como aplicar a técnica sem renunciar a sua essência. “Até o Vício Inerente, ainda estava entendendo como quero que as coisas soem”, explica. Atualmente trabalhando no terceiro álbum, enxerga com clareza as direções que lhe interessam artisticamente.

“Agora sei o que quero fazer. Sinto que aprimorei a minha técnica como compositora e minha visão da produção musical”, afirma. A recepção do público atestou como o seu trabalho reverbera nas pessoas. “Já sentia que a minha composição era sagaz, sabia do meu potencial e da minha caneta afiada, mas agora tenho certeza.”

Com a agenda cheia de datas de shows e compromissos, foi necessário otimizar o processo de criação. No passado, ela sentia que o tempo corria de outra forma, porém hoje em dia, lida com a expectativa de entregar novos sucessos. “Sabe filhote de cobra que cresce e consegue dosar o veneno? Aprendi a dosar o meu veneno. Consigo usar a quantidade necessária em cada música”, reflete.

Mesmo com o projeto encaminhado, está deixando as novas músicas marinarem até alcançarem o ponto certo. “Não finalizei 100% porque ainda estou entendendo como encaixar as músicas no disco e ainda quero testar algumas ideias”, antecipa sobre o registro. 

Na tarde do último sábado, por exemplo, teve um workshop com a DJ e produtora Larinhx, que se apresentou com a Ebony no mesmo festival. “Fiz o meu primeiro beat. Ela falou: ‘caralho, você aprendeu rápido! Acho que temos uma coisa nova acontecendo’.  Estou nessa onda, quero produzir no computador”, divide sobre a experiência. 

Até então, mesmo navegando os mares do pop eletrônico, a sua composição se baseia na canção popular, então geralmente recorre ao violão para dar vazão às melodias que habitam o seu imaginário. “Sou apegada a minha poesia, mas entendi que precisava das pessoas. Comecei a ver como a textura de certas artistas combinam com o meu momento”, explica. 

No primeiro semestre, ela organizou uma imersão com o guitarrista Gianluca Pernechele, integrante da sua banda, os músicos d’A Outra Banda da Lua e artistas convidados. Uma das participantes foi Luiza Lian: “A gente começou várias músicas, mas ainda não terminamos nenhuma. Ela é incrível, e muito boa de melodias – é uma hit maker.” 

Já no mês passado, quando excursionou pela Europa, tirou uma semana para trocar experiências com artistas portuguesas, entre elas, Ana Moura, Nena e Gaia. “Às vezes, estou brincando com o violão e faço uma música. Ninguém nem percebeu e a letra está pronta. Arte tem que a ver com se deixar levar pelo acaso, se abrir para o que virá no momento.”

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19/08/2024

Isabela Yu

Isabela Yu