Rebonjour é um processo de autoconhecimento/moldura. É olhar para si mesmo. Rever o que passou. Sentir e interpretar musicalmente o todo. É se permitir embarcar na viagem pessoal de outra pessoa e encontrar/entender que estamos todos conectados. E a musica é o nosso encontro. Toda a última sexta-feira do mês um novo espaço. Um novo limite.
Venha compartilhar do invisível no mundo do sensível.
Rebonjour – Vol. 9 Panóptico – Pt. II
Hoje disponibilizo a segunda parte da serie Panóptico. Todas elas baseadas de alguma forma no dispositivo de controle e vigilância criado por Jeremy Bentham. O panóptico é um mecanismo arquitetural, utilizado para o domínio da distribuição de corpos em diversificadas superfícies (prisões, escolas, fábricas).
O Panóptico (…) deve ser compreendido como um modelo generalizável de funcionamento; uma maneira de definir as relações de poder com a vida quotidiana dos homens. Bentham sem duvida o apresenta como uma instituição particular, bem fechada em si mesma. muitas vezes se fez dele uma utopia do encarceramento perfeito.
FOUCALT (1997), pg. 169
Para Bentham, qualquer punição deve ser encarada antes de tudo como espetáculo; importa menos o seu efeito sobre quem é castigado, do que as impressões que recebem todos aqueles que vêem o castigo ou que dele são informados.
Na sua prisão panóptica, ocasionalmente se escutavam gritos horríveis – só que não de prisioneiros, mas de pessoas contratadas exclusivamente para semelhante propósito. A punição aparente, fictícia, produziria um bem para todos – a ordem, a disciplina – ao mesmo tempo que não produzia nenhum mal, exatamente porque o “mal” produzido teria sido forjado.
Todo o Panóptico, na verdade, é estruturado como uma ficção. É precisamente a aparente onipresença do inspetor que sustenta a perfeita disciplina no Panóptico, controlando os movimentos de transgressão entre os internos. Entretanto, como a onipresença não pode ser um atributo humano, resta forjá-la, simulá-la, quer por rondas aleatórias, quer pela arquitetura do lugar, que permite a cada um dentro das celas ser facilmente visto, ao mesmo tempo em que dificilmente vê quem o vê.
Em última análise, o inspetor perfeito, o inspetor onipresente, é aquele que nunca aparece – mas que pode aparecer a qualquer instante. O inspetor perfeito é, enfim, uma voz, um olho, um ofício carimbado, uma sombra indistinta no fundo do corredor.
Essa segunda mix refere-se ao observador. Seguindo a serie de raciocínios musicais agora sobre a forma como observamos os outros. Sussurros.
Uma mix de confronto.
Tracklist:
1. Antidrom – “Contact”
2. Kali Uchis – “Sycamore Tree”
3. Minor Science – “Hapless”
4. Forever Pavot – “Le Passeur D’armes”
5. Steve Davis – “Lalune Blanche”
6. Otis Reading – “Sitting On The Dock Of The Bay”
7. The Beach Boys – “Our Prayer”
8. Canned Heat – “Going Up The Country”
9. Pugh Rogefeldt – “Love, Love, Love”
10. Fat Possum – “Fat White Family Touch Leather (Redux)”
11. Charlie Megira – “The Coochimama Swingers”
12. The Do – “Dust It Off”
13. Skyy – “Slow Motion” [Stupid Human]
14. Silk Rhodes – “Pains”
15. Isaac Hayes – “Walk On By”