O último show do Supergrass — Um review

29/06/2010

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Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

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29/06/2010

O brasileiro Gustavo Lacerda estava em Paris na fatídica noite em que os irmãos Coombes e cia. deram adeus. Depois de assistir aos maiores hits do Supergrass executados em ordem inversa, escreveu para a gente contando como foi.

Supergrass – La Cigale, Paris, 11.06.2010

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Como uma família que não quer alardear a morte de um ente querido, o fim do Supergrass foi discreto. E contou com todos os integrantes da família. As 1,2 mil pessoas que foram ao La Cigale, em Paris, para ver a última apresentação da turnê de despedida da banda presenciaram algo raro: três dos quatro irmãos Coombes no palco, e o quarto na plateia.

Gaz atacava com fúria os vocais, impondo-se até o fim como o grande frontman que é. Rob, discreto, era pouco visível, escondido no fundo do palco sem tirar os olhos de seu teclado. Já o irmão mais novo, Charly, mostrou desinibição, animou o público com a sua banda, que abriu o show, “Charly Coombes & The New Breed”, e ainda tocou guitarra, meia lua e percussão na apresentação do Supergrass. Enquanto isso, o quarto irmão, Ed, que mora em Paris, assistia ao concerto de algum canto desse antigo cabaret construído em 1887.

Junto com Gaz, o baterista Danny Goffey, que agora assume as baquetas do Babyshambles, manteve o palco em chamas e mostrou que ainda tem muito rock no pé. O contraste da postura dos dois – que fizeram um ótimo show em fevereiro, no Point Ephémère, em Paris, com o seu projeto paralelo Hot Rats – com a pouca animação de Rob Coombes e do baixista, Mick Quinn, ilustra as palavras que anunciaram o fim do grupo: “Nós ainda nos amamos, mas, sem clichês, nossas diferenças musicais nos levaram a seguir adiante e, é claro, desejamos o melhor um para o outro no futuro”.

“No need for requests”, anunciou Gaz no final da segunda música, quando alguém gritou pedindo um hit da banda. O show foi feito em retrospectiva, do último disco ao primeiro. Um vídeo projetado na parede detrás do palco mostrava um pouco do processo de gravação de cada disco, para, em seguida, a banda tocar uma seleção de músicas. Se o público parecia pouco conhecer os dois últimos, “Diamond Hoo Ha” e Road to Rouen”, bastou entrar no período de “Life on Other Planets” para começar a pular e não parar mais até o fim do show. Foi em “Brecon Beacons” que o chão começou a tremer. “Grace”, então, foi logicamente uma das mais cantadas.

Após mais de uma hora e meia de apresentação, chegou-se ao início de tudo: “I Should Coco”. Como aquele texto corrente na internet sobre a morte ao contrário, que o ideal seria morrermos no ventre de nossas mães, Supergrass acabou assim: no ventre do seu primeiro single, “Caught by the Fuzz”. A esta altura, o público, sabendo ser a última vez, cantava em coro a música que Gaz escreveu após ter sido pego com maconha pela polícia e que naquele instante foi o réquiem de um dos grupos mais importantes do britpop.



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29/06/2010

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