Patti Smith desde o começo

05/06/2012

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Por: Revista NOIZE

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05/06/2012

Patti Smith, a mãe do punk rock, lança nesta terça-feira, aos 65 anos, seu décimo primeiro disco. Banga chega após um hiato de oito anos.

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A bolacha traz homenagem à Amy Winehouse, Johnny Depp, aos terremotos do Japão e ainda vem com cover de Neil Young. Como se não bastasse, tem a participação dos filhos Jackson e Jesse Paris e de Tom Verlaine, líder do Television.

Nós já mostramos por aqui duas cancões do álbum, assim como depoimentos da própria Patti sobre a composição de alguns temas de Banga. Que tal ir mais fundo na história?

A gente promete que vale a pena.

Gloria – Horses by Patti Smith on Grooveshark

Na Noize #41, de março do ano passado, a seção 6 Graus trazia a poetisa em forma de livro. Na época, chegava às prateleiras Só Garotos, sua autobiografia.

Aliás, se você ainda não leu, deveria.

Smith trabalhou em livraria, passou fome e publicou artigos sobre rock na revista Cream. Entrou pra história da música quando lançou Horses, um disco com fusão de rock, proto-punk e poesia recitada que ainda hoje é considerado o melhor álbum de estreia já lançado por um artista.

Em Só Garotos, a cantora refaz sua trajetória tendo como pano de fundo o relacionamento com Robert Mapplethorpe, um dos mais controvertidos fotógrafos contemporâneos. Juntos – como casal e como amigos – eles descobriram maneiras de transformar autodestruição, inquietude e medo em arte. Ajudaram a inventar a contracultura americana dos anos 70.

O detalhe é: se você quer realmente conhecer Patti Smith, o melhor a fazer é começar pelo… começo.

Alguns trechinhos de Só Garotos que a gente gosta muito.

Patti e Robert eram filhos da segunda-feira

“Nasci em uma segunda-feira, na zona norte de Chicago, durante a grande nevasca de 1946. Cheguei um dia antes do previsto, e, como todo bebê nascido na véspera do ano-novo, saí do hospital com uma geladeira nova de presente. Apesar dos esforços da minha mãe para me segurar dentro de si, ela começou um difícil trabalho de parto quando o táxi se arrastava ao longo do lago Michigan, através de um turbilhão de neve e ventania. Segundo meu pai, eu era uma coisinha magricela e comprida com broncopneumonia, e ele me manteve viva segurando-me sobre uma tina fumegante de lavar roupa.”

“Robert Michael Mapplethorpe nasceu numa segunda-feira, 4 de novembro de 1946. Criado em Floral Park, Long Island, o terceiro de seis filhos, ele era um garotinho travesso cuja juventude despreocupada foi delicadamente tingida de um fascínio pela beleza. Seus olhos jovens armazenavam cada jogo de luz, a cintilação de uma joia, a rica ornamentação de um altar, o revestimento dourado de um saxofone ou um campo de estrelas azuis.”

Poeta não por acaso

“Eu era absolutamente fascinada pelos livros. Queria ler todos, e as coisas sobre as quais eu lia criavam novos anseios.”

“Eu tinha um compartimento secreto perto da minha cama, embaixo das tábuas do assoalho. Ali guardava meu estoque — bolinhas de gude conquistadas, figurinhas trocadas, artefatos religiosos que eu salvara de lixeiras católicas: velhos santinhos, escapulários esmaecidos, santos de gesso com mãos ou pés lascados”.

“Eu era uma criança sonâmbula sonhadora. Irritava meus professores com minha facilidade precoce para a leitura (…) Todos acabavam dizendo em seus relatórios que eu sonhava acordada além da conta, que eu estava sempre em algum outro lugar”.

“Onde ficava esse lugar, não sei dizer, mas muitas vezes me levava para um canto, sentada em um banco alto, onde todos podiam me ver usando um chapéu cônico de papel.”

“Eu desenhava, dançava e escrevia poemas. Não era talentosa, mas imaginativa. E meus professores me encorajavam”.

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05/06/2012

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