Pelo bem da humanidade, existem pessoas que realmente são apaixonadas por contas matemáticas, Brian Chesley é uma delas. Em seu blog pessoal, ele publicou os resultados de uma pesquisa estatística que realizou a partir da análise das letras de algumas bandas clássicas de rock e as conclusões são uma surpresa.
Tabela que mostra os resultados de Brian Chesley
Brian focou seu trabalho nas composições de alguns poucos grupos: AC/DC, Led Zeppelin, Rolling Stones, Pink Floyd, Metallica, Kiss, Aerosmith, Eagles, U2 e Bon Jovi. E, de acordo com seu estudo, a grande maioria dessas bandas usa entre 200 e 240 palavras por música – as grandes exceções são o Pink Floyd, que fica com uma média abaixo de 140 palavras por música, e o Bon Jovi, que usa mais de 280. Com sua ênfase no instrumental, Gilmour e Waters são econômicos nas letras, mas, por outro lado, são também os compositores que usam mais palavras únicas, ou seja, termos que aparecem apenas nas músicas deles.
Claro, isso considerando apenas a amostra da pesquisa, que aliás, pode ser questionada. Além do número restrito de artistas analisados, Brian deu uma justificativa em seu blog para explicar porque sua amostragem foi reduzida: “Eu tentei coletar 35.000 palavras, mas precisei me limitar a 17.000 (escolhidas randomicamente) porque eu não consegui mais letras do Led Zeppelin – eles têm apenas 70 músicas no A-Z lyrics“. A referência de 35.000 termos surgiu porque esse estudo de Brian foi inspirado em outro, muito mais amplo, focado apenas em artistas de hip hop. Além de considerar um número muito maior de palavras, Matt Daniels, o responsável por essa outra pesquisa, analisou as letras de 105 rappers.
Ainda que limitado, o trabalho de Brian têm seu mérito. Nem que seja pra deixar claro que o Kiss toca há 41 anos um vocabulário de menos de 1400 palavras (apenas a título de comparação, a psiquiatra Louann Brizendine, autora do livro O Cérebro Feminino, afirma em seu estudo que as mulheres costumam falar cerca de 20.000 palavras por dia). É uma pena que David Bowie tenha ficado de fora da pesquisa, pois desde os anos 1970 ele se destaca pelos seus métodos de composição. Abaixo, tem um vídeo que mostra como ele usava a técnica cut-up inaugurada pelo movimento dadaísta nos anos 1920, que consiste em recortar palavras e embaralha-las para criar um texto.
Com o desenvolvimento da informática, David Bowie e Brian Eno foram alguns dos artistas que incorporaram o Verbasizer, um software rudimentar que cumpria a mesma função dos papeis e tesoura do vídeo anterior. O Verbasizer aparece rapidamente nesse vídeo abaixo: