Disco: Motel, Banda Uó
Gravadora: Deckdisc
_por Fernando Halal
Duas notícias, moçada, uma boa e uma ruim. A boa é que o axé virou coisa do passado. A ruim é que a criançada que decorava as coreografias do É o Tchan cresceu.
Estava eu pensando nisso quando entra o e-mail do editor com a pauta do mês, pedindo resenha do disco… da Banda Uó. E agora? Como ouvir algumas vezes e ainda fazer um texto sensato sobre algo “o qual mal vivi ou evitava viver”? Recuperado do susto e despido de qualquer tipo de resistência ou preconceito, pego o álbum em mãos.
Preferi filosofar um pouco mais. Ora, vivemos uma época em que a vergonha alheia já não existe: todo mundo quer ser Lady Gaga, assistir à novela das oito virou algo cool e gigantes do pop regravam Kaoma. Assim, era uma questão de tempo até bombar algo como o tecnobrega hipster. Nesta novíssima vertente, os representantes máximos são Gaby Amarantos e o trio de Goiás. Motel, disco de estreia deles, é um caldeirão pop dos mais alucinados. Tem letras pegajosas? Tem. Humor e ritmo fácil? Confere. Samples de hits gringos? Também. Pouco sutis, os versos abordam desde jegues e rockstars até pregas e regos suados (!).
Não dá pra negar que os “uós” vão fundo na brincadeira e parecem realmente acreditar no que fazem. O disco é bem produzido e até os grandes festivais já começam a correr atrás da banda. Se não vale nem 1,99, aí é você quem decide.
Pra quem gosta de: Gaby Amarantos, Luiz Caldas e AraKetu
Avaliação: Seu ouvido não merece.
@halalson é jornalista malemolente, fotógrafo de técnica zero e cinéfilo dodói. Não morre sem ver um show do Neil Young.