Uma noite, três verões
_por FêCris Vasconcellos
Vozeirão, clima que varia do reggae ao jazz e luz baixa. A pouco conhecida Rox abriu a noite do Summer Soul Festival de Florianopolis pontualmente às 22h45 com uma música originalmente de Sonny Bono, gravada por Cher em 1966. A sua versão mais conhecida foi perpetuada pela voz de Nancy Sinatra no mesmo ano. “Bang Bang (My Baby Shot Me Down)”, trilha da sequência cool Kill Bill foi a música mais democrática da noite. A lembrança do banho de sangue promovido por Uma Thurman aos comandos de Tarantino era o ponto em comum na cabeça do público, que depois disso, se dividiu.
A primeira parte, relembrando finais de tarde quentes de verão – como o que tinha acabado de acontecer – ao som do reggae. Rox tem uma voz poderosa, bons músicos de apoio, e mesmo com poucos hits, controlou bem o público e surpreendeu com uma apresentação bem interessante. “I Don’t Believe”, hit mais atual da inglesa, encerrou sua apresentação e abriu espaço para as duas estrelas da noite.
Uma harpa linda e enorme foi posta no palco para anunciar que “a máquina” não é de brinquedo. Cerca de vinte minutos depois, Florence Welch, sob luzes coloridas e emoldurada por vitrais no telão de LED, soltava a linda voz, misturando músicas do seu último trabalho, Ceremonials, e do cultuadíssimo Lungs.
O público foi se empolgando aos poucos. Assim como Florence, que começou diva, medindo cada movimento, e terminou pulando ao maior estilo carnaval de Salvador, sacudindo o caftã do estilista brasileiro Carlos Miele – outro modelo de Miele escolhido para a turnê no país.
Ela mede cada movimento. Um show de Florence + The Machine é um show BONITO, no cerne da palavra, lá na origem. Ele é plasticamente coroado pela inglesa branca, magra, com roupas coloridas e esvoaçantes e um cabelo vermelho, meio desajeitado. A sequência “Shake It Out” e “Dog Days Are Over” foi certamente o ponto alto da noite – para quem foi curtir a Florence.
O Summer Soul deveria se chamar Summer Souls, no plural, pois as atrações falavam com públicos completamente diferentes. Que enxergam o verão – e a experiência de festival – de modo completamente diverso. Se ver Florence + The Machine era o objetivo de alguns, depois dela veio, para fechar a noite, o maior fenômeno pop da atualidade.
É difícil imaginar um tempo em que um dos artistas mais tocados em rádios do mundo inteiro faria shows no Brasil – quanto mais em uma cidade fora do eixo Rio-SP. Mas Bruno Mars chegou lá e estraçalhou os corações de fãs que foram lá e assistiram um hit atrás do outro sendo executado com competência. Do início ao fim, foi um festival com boa estrutura, sem nenhum tumulto – apesar do público variado – e acesso tranquilo.