Sasha Grey é uma das (ex)-atrizes mais bem sucedidas da indústria pornográfica. Com apenas 25 anos de idade, Sasha passou seis dedicada ao entretimento adulto. E foi assim que ela montou o currículo, com mais de 220 filmes, os principais prêmios do cinema pornô no armário e milhões de dólares depositados na sua conta bancária.
A sua coragem e a sua autencidade fizeram de Sasha Grey uma atriz diferente de todas as outras. Ambiciosa, ela abandonou os filmes pornôs para montar a sua própria produtora. Não deu certo. Mas, mesmo assim, Sasha continou, primeiro com uma banda, agora com um livro.
“Juliette Society” (Editora Leya Brasil) não é um retrato autobiográfico seu, mas fala muito sobre o que ela mais entende. O sexo é o elemento central da trama que está sendo lançada também no Brasil. E foi para promover o livro que Sasha Grey passou os últimos dias em São Paulo e no Rio de Janeiro, à convite da sua editora, para sessões de autógrafos e fotos com os seus novos fãs, que passaram a acompanha-la páginas impressas e não mais nos frames de sites eróticos ou de filmes adultos.
Escalada para ser DJ em duas festas no último final de semana, Sasha Grey também arranjou um tempo para conversar com a NOIZE. E foi assim que ela atendeu a nossa ligação na tarde do último sábado, no seu hotel, horas antes de enfrentar mais uma maratona de fotos e assinaturas numa livraria do Rio de Janeiro.
Ela falou sobre o seu livro, música, discos de vinil e, obviamente, sobre sexo. Confere aí:
Já que você está aqui pra lançar o livro, vamos começar por ele. Um site falou que seu livro deixa “50 tons de cinza” bege. Uma jornalista se recusou a entrar em detalhes, especialmente quando a história passa a rolar numa tal de sociedade secreta. De fato, é um livro chocante?
Eu entendo que as pessoas tenham ficado chocadas com o livro, mesmo que eu não tenha tido essa intenção quando eu escrevi “Juliette Society”. Eu apenas quis criar alguma coisa que eu pudesse me identificar, que falasse de uma mulher moderna, do século 21. Eu acho que a diferença do meu livro para o “50 Tons de Cinza” é que ele é bem mais real, fundamentado e minha personagem vive todos os seus sonhos ao extremo. Isso pode ser chocante para algumas pessoas, ainda mais se elas não estiverem acostumadas a ver o sexo como a minha personagem vê.
Por que você acha que as pessoas se chocam tanto quando o assunto é sexo?
O sexo é um tabu para a nossa sociedade. As pessoas não se sentem confortáveis para falar sobre isso, às vezes nem mesmo para gostarem de sexo. Parece que existe uma barreira, alguma coisa que proíbe isso. Então, acho que acaba existindo uma repressão dentro das pessoas, que não deixa elas lidarem com a sua própria sexualidade. É como se elas tivessem medo de acabar gostando.
O Brasil é um país tropical, caloroso, sensual. Mesmo assim, ainda é muito conservador em relação ao sexo. Como você sentiu a recepção ao seu livro nesses dias em que esteve aqui?
Foi incrível! Em São Paulo, muitas pessoas apareceram e se mostraram bem interessadas com o livro. Era muita gente mesmo, e elas ficaram por lá a noite toda. Isso me surpreendeu bastante, não esperava uma recepção assim. O Brasil é o primeiro país que eu visito para lançar o “Juliette Society” com uma relação mais próxima com os fãs, antes eram apenas conferências com a imprensa. Por isso, a minha estadia no Brasil tem sido um pouco diferente, mas muito legal.
Música e sexo se complementam. Em sua opinião, qual seria a trilha sonora perfeita pro antes, o durante e o depois do sexo? Pode falar de estilo musical, artistas e até discos específicos.
Eu não sei, é você que tem que me responder essa (risos). Isso é uma pergunta estúpida que todo mundo costuma me fazer. Eu não acho que tenha uma música ou um estilo que seja mais indicado para o sexo. Cada pessoa tem o seu próprio gosto e eu acho que é isso que elas têm que ouvir na hora. A música, por si só, já combina com o sexo. A música, na verdade, combina com quase tudo e deveria estar sempre presente.
Você curte discos de vinil. Chegou a comprar algum durante esses dias no Brasil?
Não, pois eu não tive nenhuma chance nem tempo livre para ir a alguma loja de discos por aqui, que eu sei que são muitas. Mas, felizmente, algumas pessoas sabiam desse meu interesse e me trouxeram vinis de presente. Eu ganhei dois, de artistas brasileiros país que eu não conhecia e nem saberei dizer para você quem são (risos). Desculpe-me, mas não poderei falar muito sobre esses discos. Não vou poder ouvi-los agora.
Da sua coleção, quais os vinis que você destacaria? Algum raro? Algum especial por algum motivo?
Todos são especiais para mim. Mas eu não tenho nenhum raro, nenhum que eu possa dizer para você que mais ninguém tem. Eu apenas compro aqueles que eu considero bons ou necessários e monto assim a minha coleção. Às vezes eu até fico louca com algum disco especial, alguma raridade que a gente não costuma ver à venda todos os dias. Mas eu nunca comprei um disco assim. Eu costumo separar alguns dólares e ir às lojas, para procurar alguma que seja interessante e que dê para levar para casa.
E o que rola no DJ set da Sasha Grey?
Eu costumo tocar bastante house music e algumas surpresas também. A verdade é que não faz muito tempo que eu virei DJ e comecei a viajar pelo mundo para tocar em festas. Na maioria dos lugares, eu fiquei com a impressão que as pessoas foram mais para me ver do que para ouvir as minhas músicas ou aproveitar a festa. Então, eu até fico um pouco surpresa quando eu vejo as pessoas curtindo e dançando. No fim, é isso que eu espero do público, que ele aproveite o momento.
E a sua banda, como ela está? Podemos esperar novidades?
Eu não tenho mais uma banda. Eu comecei a aTelecine com o meu ex-namorado (Pablo St. Francis), que é músico. Como não estamos mais juntos, a banda também não vai continuar. Mas nos próximos meses eu quero iniciar um novo projeto musical, ao lado de alguns amigos. Eu não sei se será uma banda de verdade, mas queremos gravar um disco, provavelmente um EP. Eu espero que a gente tenha alguma coisa pronta para lançar no ano que vem.
Você gosta de se desafiar. Portanto, fica a pergunta: qual o seu próximo desafio?
O maior de todos vai ser escrever a continuação do “Juliette Society”. Eu ainda preciso criar alguns novos personagens, o que será difícil, mas muito interessante de se fazer. Vamos ver.
(Fotos: I Hate Flash)