Punk is not dead. Talvez essa frase nunca tenha feito tanto sentido – ao menos se considerarmos a quantidade de bandas gringas de hardcore tocando por aqui.
Pouco depois da vinda de Millencolin, Pennywise e Face to Face (e prestes a receber mais uma vez o NOFX, que vem aí nos próximos dias), rolou no Brasil um punhado de shows dos suecos do Satanic Surfers, talvez a maior surpresa dessa leva de bandas old school. Isso porque, após um hiato de sete anos (entre 2007 e 2014), os caras decidiram voltar e engatar uma inesperada turnê de reencontro pela América Latina.
Liderado pelo vocalista (e ex-baterista do grupo) Rodrigo Alfaro, o Satanic surgiu no final da década de 80 e é considerado uma das maiores bandas europeias de punk/hardcore, assim como as conterrâneas Millencolin e No Fun At All.
A banda trouxe sua turnê a Porto Alegre e nós trocamos uma rápida ideia com os caras após o show. Veja como foi a noite:
Mais do que pela perspectiva de um novo álbum, o retorno do Satanic se deu pela saudade da banda em se reunir. Cada um toca sua vida normalmente, entre filhos e empregos convencionais. O baixista Andy Dahlström tem uma agência de design, o guitarrista Magnus Blixtberg é tradutor e Alfaro trabalha na cafeteria de uma escola (outra coisa que permanece igual: viver de punk rock ainda não paga as contas).
Mas a empolgação é certa. Já andam rolado algumas composições, embora Alfaro não confirme nada: “Estamos curtindo o retorno e a turnê. E isso tem nos inspirado bastante, na verdade”, disse.
Tudo indica que, nos trabalhos futuros, os caras se mantenham fiéis à sonoridade que os consagrou. “Ainda escuto as mesmas coisas. Acho que o hardcore mudou, não é mais um estilo tão popular, mas não temos a intenção de incluir novos elementos ou ter outra postura”, explicou Blixtberg.
O clima de festa do reencontro com os caras por aqui deixou bem clara a importância dessa autenticidade para fãs e bandas do estilo. Justo. O público estava mais que aquecido após o show dos alemães da Straightline, que fizeram uma bem-sucedida estreia no Brasil e agradaram de cara.
Assim que o Satanic começou, a sintonia com o público foi certeira, com vários clássicos – e destaque para o melhor disco dos caras, Hero Of Our Time (1995). Logo se formou um circuito de moshes que só terminou quando a banda deixou o palco, após um acidente sem noção com o baixista Andy Dahlström. Um fã, empolgado além da conta, resolveu subir no palco e levantar o cara (bem maior do que ele). Os dois caíram e Dahlström machucou feio o braço, forçando a banda a interromper a função.
“Desculpa, caras, mas não posso mais tocar. Eu me machuquei bastante”, disse o baixista. Chato, hein?
“Os fãs brasileiros são ótimos, vibrantes. Mas é bom que isso não aconteça em todos os lugares que tocamos!”, brincou Blixtberg.
E o ano ainda não acabou. Hoje começa a tour do NOFX pelo Brasil.
Mas talvez não seja uma boa ideia levantar o Fat Mike (acaba de rolar outra treta com um fã na passagem dos caras pelo Chile).