A noite de sexta-feira do Festival Se Rasgum também aconteceu na beira do rio, no centro de Belém, em um galpão antigo e revitalizado com luzes e decorações coloridas chamado Açaí Biruta. A temperatura era perfeita, nem frio nem calor, só uma brisa amazônica batia no rosto de vez em quando pra lembrar que estávamos no Pará.
Giovani Cidreira foi quem iniciou a série de shows da noite. Acompanhado dos músicos da Maglore, o baiano energético trouxe um carisma impressionante em suas canções de amor e desconstrução. Se expressava com o corpo e com a sinceridade de seus sentimentos, enquanto comemorava o lançamento de seu álbum Japanese Food que saiu este ano pelo selo Balaclava. “Hipócritas, racistas, oportunistas rasos, vão se foder!”, declarou pouco antes de finalizar sua apresentação cheia de verdades.
Quem chegou depois dele foi a banda de rock paraense Turbo. Divulgando o seu terceiro álbum de estúdio, O melhor naufrágio, fizeram o público tremer e pular do início ao fim do show que foi crescendo e ficando cada vez mais vibrante a cada canção.
Em seguida foi a vez do garage rock da Molho Negro tocar em sua terra natal depois de rodar o Brasil em turnê. Com direito a roda punk, mosh e muitos refrões colantes, o power trio envaideceu a plateia dos pés à cabeça com o show do disco Não é nada disso que você pensou.
Mas a noite estava só começando e a atmosfera mudou com as baladas da Maglore. Em sua primeira vez em Belém, os baianos apresentaram seu quarto álbum e mais recente, Todas As Bandeiras, recebido e cantado pelo público como se já fosse um clássico. “Vocês já sabem cantar as músicas do disco novo!”, disse o vocalista Teago, surpreso com a receptividade calorosa dos paraenses.
Já estávamos felizes com os três shows da noite quando a Cidadão Instigado subiu ao palco para mostrar que era possível ficarmos ainda mais. O show comemorativo dos 20 anos de carreira da banda trouxe a sonoridade afiada dos músicos experientes aliada a uma iluminação especial e um figurino arrebatador. Com uma mistura de ritmos e solos vibrantes, tivemos baião, brega e até batidas eletrônicas no desenho de uma apresentação repleta de momentos poéticos. “Há, se não fosse o tempo para a gente deixar as mágoas para trás e acreditar que o futuro pode ser melhor”, desabafou o vocalista Fernando Catatau, antes de cantar “O Tempo”. As três horas do show da Cidadão passaram voando, como tudo que é bom na vida.