Foi grande a expectativa em torno do lançamento do documentário Luiz Melodia: No Coração do Brasil (2024) em circuito nacional. Dirigido por Alessandra Dorgan com direção musical (e, de certa forma, idealização conjunta) de Patricia Palumbo, o filme venceu a última edição do In-Edit Brasil e tem recebido elogio da crítica, especialmente em torno das imagens exclusivas e da qualidade da obra. Ao assisti-lo, dá para entender: de forma poética, Melodia narra sua própria história, costurada por trechos de entrevistas, depoimentos e imagens de arquivo.
“A primeira ideia surgiu da Patricia Palumbo jornalista e amiga do Luiz, logo depois da morte dele. Eu estava com a série da música na HBO e ela queria fazer um show tributo ao Luiz, algo que se tornasse um conteúdo também. Achei que seria uma ótima oportunidade para fazer um filme, e ela adorou. Ela tinha uma entrevista em áudio dele de mais de 2 horas, de 2001, me enviou e esse foi primeiro ponto de partida para o filme”, declarou a diretora à Noize, antes da estreia nos cinemas nacionais.
Desta forma, o público relembra a trajetória de Melodia, desde a infância no bairro do Estácio, um dos berços cariocas do samba, até o encontro crucial com artistas como Torquato Neto e Gal Costa, que regravou “Pérola Negra” no marcante álbum/show Fa-tal (1971), o que ajudou no reconhecimento nacional de Melodia. Na tela, vemos metamorfosear um artista autêntico, que cativava um público fiel mesmo não cedendo às pressões do mercado fonográfico, que era convidado para programas de TV mesmo não emplacando músicas na novela (como já fizera, o que ajudou a torná-lo nome conhecido para fora de qualquer bolha).
Apelidado pela crítica como “maldito”, Melodia não se via no papel de gênio imcompreendido, e nem em outros que tentaram lhe incumbir: veio do Estácio mas também era rock’n’roll, andava à margem da indústria mas também era respeitado por ela. Era cantor e compositor, mas também ator —) com direito a dividir cenas com Fernanda Montenegro e Fernanda Torres (como você pode se lembrar na lista a seguir).
O resultado foi a formação de um artista único, que não se encaixa em nenhum padrão pré-estabelecido. Todas essas histórias — e outras — podem ser conferidas no documentário, em cartaz pelo Brasil desde o dia 16 de janeiro.
“Acho que a trajetória e a obra de Luiz Melodia é um retrato desse Brasil talentoso, genial e original que resiste, sonha e luta pelo que acredita, e isso é atemporal. Espero que o legado do Luiz seja inspiração e farol para quem batalha para viver do que acredita e faz arte apesar de tudo”, declarou a diretora.
Confira abaixo 5 fatos sobre Luiz Melodia: No Coração do Brasil:
Voz única
O documentário, dirigido por Alessandra Dorgan com direção musical de Patricia Palumbo, estreou nos cinemas no dia 16 de janeiro e tem narração do próprio Luiz Melodia.
Acervo aberto
O filme conta com imagens inéditas de arquivo e reflete a importância cultural do legado do artista. Além disso, o documentário apresenta registros raros de apresentações ao vivo e momentos íntimos de Luiz Melodia, mostrando facetas pouco conhecidas de sua vida pessoal e artística. Essa abordagem permite ao público uma conexão mais profunda com a trajetória do músico, eternizando seu impacto no cenário cultural brasileiro.
Lado B
O longa traz cenas de Luiz Melodia atuando, como no filme Casa de Areia (2005), com Fernanda Montenegro e Fernanda Torres no elenco. Essas cenas destacam a versatilidade artística de Melodia, que transitava com maestria entre a música e o cinema.
Conexões musicais
Conhecemos as amizades e parcerias do artista, caso de Itamar Assumpção e Gal Costa. Essas colaborações não apenas enriqueceram sua obra, mas também fortaleceram sua influência na música popular brasileira. Tem-se a noção do impacto mútuo entre Melodia e seus contemporâneos, que contribuíram para a pluralidade sonora de sua carreira.
Premiado e celebrado
Luiz Melodia: No Coração do Brasil venceu a 16ª edição do In-Edit Brasil – Festival Internacional do Documentário Musical, em 2024. Esse reconhecimento reafirma a relevância do artista na cultura nacional e internacional, destacando seu papel como símbolo de resistência e inovação musical. A premiação também celebra o trabalho minucioso da equipe do documentário, que trouxe à tona a magnitude de sua trajetória.