_por Fabiano Liporoni
Lá nos idos dos anos 90, surgiram na Inglaterra uns caras que faziam música eletrônica mas que todo mundo dizia que eles eram bandas. Eu não entendi muito. Naquele tempo, pra mim banda era de rock. Música eletrônica, que eu não gostava e não ouvia, quem fazia era um cara só e tal – ignorância total.
Mas daí apareceram esses caras que faziam um eletrônico que tinha muito de rock (também diziam isso), chamavam aquilo de Breakbeat e as tais bandas que se destacaram eram o Prodigy e os Chemical Brothers.
Eu ouvia esses caras e apesar da estranheza toda, comecei a entender mais e mais o que eles faziam e aos poucos a tal da música eletrônica foi entrando na minha vida.
O Prodigy era um absurdo, show de rock mesmo, pesado, com banda, barulhento, dois vocalistas, catarse total. Mas eles foram se perdendo pelo caminho e hoje em dia continuam fazendo a mesma coisa que faziam 20 anos atrás e a relevância, na minha opinião, ficou num clube inglês dos anos 90.
Já os Chemical Brothers (não consigo falar deles no singular, estranho isso) só crescem, se renovam e com o passar do tempo se tornaram artistas de importância tanta que pra mim fica difícil imaginar os caras sumidos por muito tempo. Na verdade me faz falta quando eles demoram pra lançar coisa nova.
Seus shows são pra mim uma missa. Já vi em estádio, em festival, em casa fechada, com muita gente, com pouca gente e a catarse provocada é sempre a mesma, não importa se pra 500 ou pra 10.000 pessoas. Já presenciei gente chorando durante o show, gente em transe, gente que ao fim do show passou mal de vomitar mesmo, já vi de tudo.
Eles criaram hinos da música eletrônica como “Brothers Gonna Work It Out”e “Block Rocking Beats e já gravaram com tanta gente “do rock” como por exemplo o Wayne Coyne do Flaming Lips com quem fizeram minha preferida , “The Golden Path”.
Os Chemical Brothers são Tom Rowlands e Ed Simons, e eles se preocupam não só com a música e em seus shows, mas os visuais são parte fundamental das apresentações ao vivo. Pra isso eles dizem que o terceiro Brother é o Adam Smith, responsável pelas imagens dos shows, diretor/video maker.
Esse ano, a banda lançou Don’t Think, um longa sobre seus shows. Vi no início do ano num cinema bem bom aqui em São Paulo e claro que fiquei bem feliz.
Don’t Think não é só um show filmado, é uma mistura de show com as imagens projetadas nos telões, filmado no Japão com uma plateia em êxtase.
É uma experiência única e na minha opinião é um novo degrau para os filmes de banda, comparado ao Stop Making Sense dos Talking Heads de anos atrás.
O ideal na minha opinião seria que esse filme entrasse em cartaz por aqui, pelo menos por umas semanas, porque com a qualidade de som e imagem, é quase ver um show deles ao vivo, fiquei bem impressionado. Enquanto não passa aqui, o filme foi lançado lá for a em DVD e BluRay essa semana e logo deve sair por aqui também.
O título do filme além de ser o título de uma música deles, é um conselho: “Don’t Think”, não pense, deixe-se levar pela música e pelo visual, o que no caso dos Chemical Brothers é o melhor conselho que você pode receber.
@fabilipo é fazedor de filmes e tocador de músicas