No dia 15 de janeiro de 1985, o Colégio Eleitoral sagrava Tancredo Neves o primeiro presidente civil depois de 21 anos de ditadura militar. A data que marcou a volta da democracia ao Brasil ficou também na história de uma das maiores bandas de rock do país: o Barão Vermelho. Foi no gigantesco palco do Rock in Rio que Dé, Mauricio Barros, Guto Goffi, Frejat e Cazuza se apresentaram diante de 85 mil pessoas. Eufóricos com a eleição do novo presidente e com a sonhada liberdade de expressão, jovens dançavam enrolados em bandeiras do Brasil e cantavam pro dia nascer feliz.
O DVD Barão Vermelho – Rock in Rio 1985 traz o registro de um show antológico do quinteto carioca. Com 13 músicas (mais uma faixa bônus), o show mostra na íntegra a primeira das duas apresentações que o Barão fez no festival. Com o repertório baseado na turnê Maior Abandonado, em 45 minutos de música o Barão toca o que tem de melhor. Estão lá os sucessos “Maior Abandonado” e “Bete Balanço”, além de “Down em Mim”, “Todo amor que houver nesta vida”, “Por que a gente é assim?” e, no final, a apoteótica “Pro dia nascer feliz”, com Cazuza convocando a “rapaziada esperta” a dar, na manhã seguinte, um bis na felicidade nacional. Nos extras, o documentário Aconteceu em 85, que mostra diferentes pontos de vista do evento e seu contexto histórico, mesclando depoimentos de Pedro Bial, Lucinha Araújo, Leda Nagle e dos músicos com reportagens e imagens da época.
No palco, Cazuza mostra que ainda era um diamante bruto, mas ser apenas o vocalista de uma banda de rock já estava se tornando pouco para seu talento. Cinco meses após a apresentação no Rock in Rio, ele deixou o Barão para seguir em carreira solo. O DVD é também o registro único de algumas versões: “Um dia na vida”, “Mal nenhum” e “Subproduto de Rock”.
Se por um lado o tratamento dedicado às imagens não é suficiente para corrigir as falhas de iluminação, por outro o áudio remasterizado compensa. Talvez o dia não tenha nascido feliz sempre, mas sem dúvida é o registro de uma data que entrou para a história, numa apresentação simbólica em que os jovens e o rock nacional celebraram enfim a sua liberdade.
>> Por Fred Vittola