Carta aberta | De Jair Naves para Ângela Rô Rô

26/02/2013

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Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

Fotos:

26/02/2013

No clima das cartas abertas publicadas na Noize #60, Jair Naves* também enviou a dele.

“Querida, Ângela Rô Rô,

*

Torço para que essa carta te encontre tão saudável, bonita e contagiantemente feliz quanto você estava na última (e única) vez em que te vi.

Mas não só isso. Tendo em vista o conteúdo dos parágrafos que vêm a seguir, espero também que você ainda tenha alguma paciência para entusiasmadas e desastradas demonstrações de admiração.

Por falar em “admiração”, meu velho dicionário carrega em suas páginas uma definição certeira para essa palavra. De acordo com meu estimado e maltrapilho livrinho, trata-se de um “sentimento de deleite, enlevo e respeito ante o que se julga belo, nobre, digno de amor”. Pois bem. Para mim, beira o impossível transpor adequadamente em palavras a admiração que sinto por algumas pessoas. E o contato com alguém que desperta em mim essa sensação é uma experiência intimidante a ponto de quase me emudecer. Daí o enorme desafio que representa o simples fato de te endereçar essa carta.

No começo de janeiro, estive em um dos shows que você fez em São Paulo. Tive sorte de poder te ver em circunstâncias tão especiais: a apresentação aconteceu num teatro lindo, com som e iluminação irrepreensíveis. Tudo de acordo com o aspecto minimalista que caracterizou os arranjos apresentados naquela noite. Apenas piano e voz, numa performance que me afetou de uma forma irremediável. Uma aula preciosa, que eu guardarei comigo por muito, muito tempo.

Aliás, imagino que você não saiba, mas dedico meus dias à mesma arte que você afirmou ter salvado a sua vida. Também escrevo minhas canções, e me esforço para apresentá-las da melhor forma que me é possível.

Por uma coincidência das mais felizes, duas semanas depois eu toquei no mesmo teatro onde você renovou minha fé no poder da música. Encarei o fato de pisar naquele palco como uma bênção, uma espécie de validação para o rumo que eu escolhi dar à minha existência. E eu não poderia ser mais grato ao destino, e a você, por um acontecimento tão recompensador.

Bela, nobre, digna de amor. Continue assim.

Jair Naves”

*Jair Naves é cantor e compositor e acaba de lançar seu primeiro álbum solo, “E Você Se Sente Numa Cela Escura, Planejando a Sua Fuga, Cavando o Chão Com as Próprias Unhas” ((Travolta Discos/Popfuzz Records), disponível para download aqui. É vencedor do prêmio “Revelação 2012”, da Associação Paulista de Críticos de Arte, e seu primeiro single é “Pronto Para Morrer (O Poder de Uma Mentira Dita Mil Vezes)”.

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26/02/2013

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