O resto do pique do fim de semana foi usado em meio a uma boa meia dúzia de ótimos shows. O último dia do Festival Internacional Benicàssim concentrou a maior quantidade de apresentações imperdíveis, entre velhos conhecidos e nomes dos quais todo mundo ainda irá ouvir falar bastante.
As pequenas grandes garotas californianas do Deap Vally começaram os trabalhos no palco principal enquanto o sol ainda torrava sem dó a careca e a pele do público. Barulheira de garagem movida a guitarra, bateria e vocais estridentes. Logo depois, o rock juvenil inglês do Palma Violets entrou em cena e provou que, pelo menos ao vivo, o grupo sobrevive ao hype. Assim como o queridinho folk do momento, Jake Bugg – que, com apenas 19 anos, segurou uma hora de apresentação com carisma e boas músicas, além de técnica refinada nos solos de guitarra e nos dedilhados de violão. No chão, a plateia cantava faixas como “Seen It All” e “Two Fingers” de braços abertos, entre goladas de cerveja.
Pausa para respirar. Ou espirrar, na verdade. No palco ao lado, o famoso Holi Festival se materializou em formato mini, deixando algumas centenas de pessoas coloridas por conta de pós que eram jogados para cima – e pro lado, pra frente, pra trás e pra baixo, também.
Num canto alternativo da arena, quem se destacava era Woodkid, que mostrou seus 50 tons de dramaticidade e composições épicas, em um palco tomado por nada menos que oito músicos de apoio. Quem não conhecia, gostou. E saiu curioso para procurar o disco de estreia do músico. Em seguida, a dupla inglesa AlunaGeorge tocou no lugar de Azealia Banks, que alegou uma dor de garganta como motivo para não subir ao palco. E cá entre nós, não fez falta, já que o duo londrino mandou bem. Com um esperado álbum de estreia prestes a ser lançado, Aluna Francis e George Reid encaixaram seus hits dançantes entre novidades do disco, deixando a performance redondinha e perfeita para quem ainda tinha energia para pular.
Não muito longe dali, o Black Rebel Motorcycle Club descarregava paredes de guitarras distorcidas e vocais chapados. O trio lavou a alma do main stage com riffs certeiros e cavalares, sincronizados com uma iluminação de palco de cair o queixo. Aquecimento mais que ideal para o rock de arena que o The Killers mostrou logo depois, em show semelhante ao visto no Lollapalooza brasileiro deste ano. Brandon Flowers levou a plateia na mão e provocou coros de arrepiar com os clássicos de sua banda. Só não deixaram que fotografássemos a apresentação.
E assim, chega ao fim mais uma edição do festival espanhol de Benicàssim. Apesar de ter estrutura pra lá de básica (por exemplo, não é nada prático nem rápido chegar ao local dos shows), o evento segurou a onda com apresentações pontuais e sons impecáveis em todos os palcos. Resta agora saber se teremos o FIB 2014. Os boatos sobre o futuro do festival não são nada otimistas, de acordo com a imprensa inglesa e espanhola. Uma pena. Torçamos para que esta não tenha sido uma despedida.
(Fotos: Mahê Ferreira)