Como FBC construiu a cronologia da dance music em novo disco 

02/08/2023

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Isabela Yu

Por: Isabela Yu

Fotos: Bel Gandolfo/ Divulgação

02/08/2023

Construído quase na mesma época de BAILE (2021), o novo disco do FBC viaja para outras searas da música preta de pista. Ao lado de VHOOR, ele olhou para o universo do miami bass e criou um dos maiores sucessos da safra nacional recente – “Se tá solteira” viralizou nas redes sociais e se tornou indispensável nos sets de DJs. Já em O amor, o perdão e a tecnologia irão nos levar para outro planeta, lançado no final de julho, o artista destaca outras sonoridades. 

FBC convocou os produtores musicais Pedro Senna e Ugo Ludovico para propor um mergulho na história da dance music. Além da dupla, há participações de Don L, NiLL e Abott, fora o coral formado por Aline Magalhães, Sàvio Faschét, Iolanda Souza, Sarah Reis, Fernanda Valadares, além de diversos músicos convidados. O álbum recheado de sintetizadores e teclados apresenta uma faceta diferente do artista mineiro. Se no passado ele ficou conhecido navegando os mares do trap ou funk, aqui, no seu quinto disco, ele destaca o house, a disco music, o EDM e o Amapiano. 

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“As grandes referências do som são do Channel Tres, Daft Punk e NiLL, já a lírica das músicas, me inspiro no Jorge Ben para escrever e cantar”, divide FBC em entrevista à NOIZE. Ao longo das 15 faixas, contando com dois interlúdios (“Limite Comum” e “O nosso grande papel”), o artista narra histórias sobre relacionamentos contemporâneos e descreve a euforia seguida da depressão após uma grande noitada. Leia uma entrevista a seguir: 

Depois de mergulhar no miami bass no BAILE (2021), você traz o house e a disco music. Em que momento o novo disco começa a ser desenhado?

O que aconteceu foi que o BAILE me mostrou o mundo das baterias eletrônicas, aquele momento do final dos anos 1970, início dos anos 1980. Quando viajei a Europa, conheci muita coisa de EDM, house, deep house, além dos sons da África, os ritmos dessa nova diáspora africana. Então os dois discos foram desenhados quase na mesma época. Fiz “Químico Amor” em abril de 2021, e o BAILE saiu no final do ano, eles dividem o mesmo universo: muito piano elétrico e o som da bateria eletrônica. Em vez de ser a TR-808, usamos a TR-909, ambas da Roland. O novo disco surge depois dessa viagem, onde eu quis fazer uma parada mais dançante, que soasse uma coisa mais noturna, noir, aquela coisa dos letreiros em neon de Nova York, algo assim. 

Quais são as letras mais antigas? E as últimas a entrar para o disco? 

As mais antigas são “Dilema das Redes”, que tem feat do NiLL, “Cherry”, que tem feat com a Abbott e “Químico Amor” que é mais antiga, na verdade. E as últimas a entrar são “Antissocial”, “Não Me Ligue Nunca Mais” e “Uma Noite No Meu Quarto”, todas produzidas pelo Pepito com feat do Abbot. Como Pedro Senna e Ugo Ludovico são de Brasília, a distância atrapalhou para terminar o álbum. Eu precisava de uma coisa para a metade do disco, então encontrei o Pepito e o Abbot, que me ajudaram a terminar. 

Em que momento do processo de criação do disco entram os produtores Pedro Senna e Ugo Ludovico? 

Conheci Pedro Senna e Ludovico em abril de 2021, quando eu fiz um trampo em Brasília. Achei interessante a produção deles, vi que eles tocavam guitarra, baixo, teclado, bateria, então decidi fazer um house com eles. A galera curtiu muito a ideia porque todo mundo gosta de Daft Punk, conhecem a sonoridade do house, da disco music, trocamos muitas figurinhas. Queria que fosse algo bem nítido e que estivesse presente em todas as músicas: o teclado, sintetizadores e timbres da época. 

Quais características da música dançante vocês queriam destacar no registro? 

O disco conta a história da dance music em ordem cronológica. “Madrugada Maldita”, a primeira música, começa com apenas quatro instrumentos. A ideia é que esse conceito se desenvolve até “Atmosfera”, que vem com uma coisa meio poperô, totalmente deep house, meio Amapiano. O álbum conta essa história. Depois que eu cheguei com o conceito das letras, que falam sobre o amor, o perdão e a tecnlogia, decidimos contar a evolução da dance music. Do fim da era disco, passando pelo início dos samples, popularização das baterias eletrônicas e trazer o que rolava nas periferias de Detroit, Chicago e Nova York. Os meninos souberam pontuar isso muito bem no disco. 

Ainda que o disco mostre mais do seu lado cantor, o rap está presente em diversas faixas. Como você enxerga essa mudança? 

Ter coral e banda acompanhando vai além da questão estética, mas também pela liberdade de poder modular a música e ter um show mais dinâmico. Sou instrumentista antes de ser MC, então isso me permite fazer o que eu quiser com o som, subir ou descer o tom, e ficar mais livre em cima do palco. A base da dance music também é a bateria eletrônica, ainda é uma música composta no compasso 4×4, assim como o rap. Você vê um cara rimando em cima de house, pagode, rock, porque é o andamento da parada. O andamento pode diminuir, ser mais lento, mas ainda assim é dentro dessa construção rítmica. Eu me arrisquei cantando mais. O tom da minha voz é grave, queria fazer essa coisa mais introspectiva, do som de locutor de rádio. Mas isso tudo tá dentro do mesmo universo, o jeito que jogo as palavras pro flow encaixar na batida, é rap, hip hop, funk, rock – sempre dentro da música negra.

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02/08/2023

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