Iggy Azalea está no nosso país – mais especificadamente em um hotel na zona sul do Rio de Janeiro – para gravar seu próximo clipe. Nessa semana, a rapper australiana Iggy Azalea teve seus versos de estreia na Billboard ocupando o primeiro e o segundo lugar da lista músicas mais populares dos EUA.
A última vez que isso aconteceu foi com os The Beatles em 1964, quando “I Want To Hold Your Hand” e “She Loves You” ficaram nas duas primeiras posições por seis semanas. O caso da Azalea é um pouco diferente.
O 1º lugar é de “Fancy”, parceria com Charli XCX que, mesmo com os versos de Azalea, é uma música bem pop. Já o 2º é ocupado por “Problem”, que mais é uma música da intérprete Ariana Grande com a participação da rapper do que ao contrário. Mesmo assim, ela colaborou com seus versos. Falta sabermos se isso vai durar por seis semanas, como os Beatles.
Azalea também é a quarta rapper feminina e a primeira branquela a ocupar o primeiro lugar da Billboard.
“Fancy” é uma faixa de The New Classic, disco recém lançado em abril desse ano. Nela, Azalea e Charli XCX se gabam do que já conseguiram conquistar com a música. O clipe foi inspirado no clássico “As Patricinhas de Beverly Hills” (1995).
Mas gostamos mais do lado true de Azalea. Gostamos mais das composições como “Work” e “My World”, que falam sobre como a rapper chegou muito nova à Miami em busca de fama e hoje ela está representando a Austrália pelo mundo.Azalea nem chegou a completar o colégio pra trabalhar e juntar dinheiro. Tudo pra conseguir viajar aos Estados Unidos.
Three jobs, took years to save
But I got a ticket on that plane
O segundo lugar das paradas é de “Problem”, música de Ariana Grande onde Azalea faz alguns versos, uns até inspirados em “99 Problems” de Jay Z.
Você pode ter escutado o nome de Iggy Azalea só agora, mas ela vem conquistando outras coisas incríveis desde 2011. Depois da mixtape Ignorant Art, do mesmo ano, Azalea tornou-se em 2012 a primeira mulher e primeira estrangeira rapper a aparecer na capa da edição especial anual Top 10 da revista XXL, especializada na cultura hip hop.
Antes de gravar seu primeiro disco de estúdio, Azalea lançou o EP Glory e a mixtape TrapGold, ambos elogiados pela mídia. O que impressionou publicações como Bet e Dead End Hip Hop foram as rimas de Azalea, que aparecem em todas as músicas, diferente de algumas artistas que se dizem rappers, mas acabam caindo no pop. É fácil reconhecer seu flow e o sotaque de Australiana do gueto característicos.
Mas foi com The New Classic que Azalea atingiu o topo. O disco de estreia tem os singles “Work”, “Bounce”, “Change Your Life” e “Fancy”. É um álbum impessoal, com a exceção de “Work”, e não tem um conceito definido. Quem salva The New Classic não é nem a produção, que apesar de ter um instrumental pesado resbala no pop, mas a própria Iggy Azalea. Impossível ouvir faixas como “Goddess” e não achar que essa branca australiana que chegou aos 16 anos nos Estados Unidos não tem potencial.
Por que Iggy Azalea e não Nick Minaj, a rapper atual que mais se aproxima do estilo da australiana? Poderíamos citar aqui também Azealia Banks, mas o instrumental house music é bem diferente do pop/hip hop de Azalea. Minaj já se tornou uma cantora de pop (com muito auto tune). Seus raps continuam lá, mas ocupam 10% das canções. Azalea ainda mantém a veia rapper, e ela deveria continuar assim. Não é por menos que produtores como T.I. e B.o.B estão apostando na branquela.