Disco de Ana Cacimba passeia pelo Ijexá, frevo, samba e R&B 

15/06/2023

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Gabriela Amorim

Por: Gabriela Amorim

Fotos: Tabatha Mota/ DIvulgação

15/06/2023

Bandas que você não conhece mas deveria é a seção mais antiga da NOIZE. Desde 2007, ela se reinventa em diferentes formatos e continua sendo impressa a cada lançamento do NOIZE Record Club. Toda quinta-feira, vamos publicar uma indicação musical apresentada na revista. Nesta edição, Diogo Acosta foi o indicado no BQVNC do Lado B da revista #132, que acompanha o vinil de “Meu Coco”, de Caetano Veloso.  

Partindo de uma busca sobre sua ancestralidade, Ana Cacimba renova sua fé mesclando o passado e o futuro em suas composições. Nascida na periferia de Diadema, no ABC Paulista, a cantora é descendente de quilombolas da comunidade de Caititu do Meio, no Vale do Jequitinhonha (MG), e traz influências que convidam o ouvinte a uma miscelânea de elementos, do ijexá ao frevo e do afro-samba ao R&B. Dois anos atrás, ela lançou o EP Cura (2021) com auxílio da Lei Aldir Blanc de incentivo à cultura. O trabalho de quatro faixas, produzido durante o período de isolamento social, destaca os diferentes estilos sonoros da diademense e salienta seu contato com o universo afro-religioso e o afeto preto. 

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Com produção de Maurício Badé e arranjos de Marcellus Meireles, Cacimba soltou seu disco de estreia em agosto passado. Denominado Azeviche (2022), o álbum soa como uma trilha fluída, que guia o ouvinte para um rito de passagem. Das nove faixas, quase todas foram escritas por Ana, com exceção de “Passarinho”, composta por Niltinho Jr. Entre as participações, surge ainda a paulistana Anelis Assumpção, a rapper WinniT e Gabi d’Oyá, essa última assina com Cacimba as faixas “Omí Purifica” e “Intuição”. 

Por onde começo? Comece pelo EP Cura (2021), seguindo a ordem proposta pela artista. A abertura com a canção “Casinha no Mato”, que possui vídeo na página oficial da artista no Youtube, é um dos maiores destaques. Após passagem breve no EP, pode seguir para o disco Azeviche (2022), em especial para as canções “Procissão” e “Plural II”.  No Youtube, não deixe de assistir ao clipe da faixa “Turmalina Negra”. Para quem gosta de Xênia França e Josyara

Mood? Traçando um rumo honesto em suas composições, a artista mostra sua potência singular. A música de Cacimba é para dias que solicitam leveza e calmaria. No decorrer da audição, você nota diferentes instrumentos que vão desde a percussão, o sopro e a corda, e chegam até os toques eletrônicos.

Como soa? Autoacolhedor, documental e livre. O som de Ana tem uma sinestesia própria, ao mesmo tempo que remete ao ouvinte um frescor que vem das águas. O embalo instrumental suave se entremeia aos ritmos ancestrais de Ana, que, junto ao vocal da artista, fazem do projeto algo energizante.  

Qual a vibe? Serve para se olhar com carinho, entender o próprio ritmo, ter mais fé na caminhada e força para enfrentar os próprios medos.

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15/06/2023

Gabriela Amorim

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