Em entrevista, Clarice Falcão compartilha detalhes do próximo disco, “Truque” 

28/06/2023

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Isabela Yu

Por: Isabela Yu

Fotos: Pedro Pinho

28/06/2023

“Truque fala sobre ilusão e desilusão”, conta Clarice Falcão em entrevista à NOIZE. Antecipando os detalhes do quarto disco, a multiartista explica que o conceito do trabalho surgiu a partir da música “Chorar na boate”, lançada no início de junho. 

O esboço dela surgiu em 2020, no período de isolamento, em um exercício para tentar sintetizar sentimentos opostos, ao mesmo tempo em que os unindo em um só lugar: a pista de dança. Nela, a alegria e euforia andam lado a lado da melancolia. “Hoje em dia, parece que voltou mais a boate do que a gente”, diz a cantora. 

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O segundo single, “Ar da sua graça”, entrou nas plataformas em 27 de junho, e também fala do gosto amargo da vida adulta. “O que é verdade e o que não é? Quais ilusões a gente escolhe passar? O disco fala sobre se apaixonar e desapaixonar. A princípio, o amor é uma ilusão. O Monomania fala do meu primeiro amor, quando eu não sabia que estava me iludindo, mas depois que você começa a quebrar a cara, você escolhe se iludir”, reflete a compositora. 

Com 12 faixas, o quarto disco foi produzido por Clarice e Lucas de Paiva, repetindo a dobradinha de Tem Conserto (2019). Em paralelo a concepção do trabalho, ela gestava a série Eleita, criada ao lado do melhor amigo, Célio Porto, e disponível no Amazon Prime desde o final do ano passado. Há algumas intersecções entre os dois universos, ainda que muito distintos: a inclinação pelo mundo dos musicais e da dança – inclusive, em um dos episódios ela realiza uma curta coreografia. 

Não é uma referência óbvia, o que a dupla buscava era adicionar arranjos de cordas à sonoridade eletrônica. “E se fosse uma coisa meio Fantástica Fábrica de Chocolates? A gente escutava e pensava em como chegar naquilo sem uma orquestra. Descobrimos um cara na Alemanha que gravou todas as notas do violino de diferentes jeitos e disponibilizou online, então temos uma orquestra falsa. Você acha que uma corda é acústica, mas ela é falsa, então você não sabe dizer quais são os instrumentos”, divide sobre o processo. 

No entanto, o final de Truque esconde uma música arranjada por Alberto Continentino com músicos em um estúdio. “Trouxemos para causar uma sensação de surpresa, de que há algo diferente, que tem um humano tocando ali. Depois do disco todo da gente brincando com coisas falsas e ilusões, chegamos nela, que fala sobre acreditar em geral, esbarra em religião, querer acreditar em alguma coisa”, conta Clarice. 

Em geral, o trabalho demonstra uma visão mais madura enquanto cantora e compositora, que se soma a discografia iniciada há dez anos com Monomania. Naquela época, ela descobria o amor e vivia intensamente a experiência. “Sinto que é um disco sobre quem eu era naquela experiência. No segundo, quem sou eu quando termino o meu primeiro amor? Quem sou eu de verdade? Por que sou assim? Não acho que fui mudando, mas descobri esses lados, e agora entendo que sou tudo aquilo, consigo me ver como uma pessoa completa”, reflete a artista. 

Nos planos, ela deve rodar o país com a turnê do disco, que será lançado em breve, com um show que traduza o conceito do álbum para os palcos. “Talvez seja o disco mais eu. A maturidade nos ensina a enxergar quem a gente era e como usar isso a nosso favor. A Clarice do Monomania está em Truque, só que hoje a gente se enxerga melhor. Vejo o crescimento atrelado ao descobrimento de outros lados meus”, finaliza.  

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28/06/2023

Isabela Yu

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