O cortejo do Cirque du Soleil

13/03/2014

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Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

Fotos:

13/03/2014

Fotos: Ariel Fagundes

Um espetáculo circense não seria igual sem sua trilha sonora. Uma das maiores companhia circenses do mundo sabe disso e sincronizou os elementos visuais do palco com uma banda ao vivo. “Corteo” é um dos espetáculos do Cirque du Soleil que funciona assim e ele está encerrando sua turnê pelo nosso país no próximo mês.

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O show é dirigido por Daniele Finzi Pasca em um palco 360 graus onde acontece a história de Mauro, o Palhaço Sonhador. “Corteo” se passa nos anos 20 e conta com uma banda e equipe de som preparadíssima. Como os integrantes da banda ficam separados, é preciso de um líder para coordenar tudo. E para que tudo seja perfeitamente sincronizado, os músicos ouvem em seus pontos eletrônicos seus respectivos instrumentos, o metrônomo e a voz do líder da banda.

Tudo isso quem nos explicou foram Nathan Lerohl e Alain Labrie, o baixista e o vocalista de “Corteo”. Eles são alguns dos responsáveis por criar a atmosfera fantasiosa do espetáculo que está em cartaz em Porto Alegre até o início de abril. Clique aqui para mais informações e compra de ingressos.

Logo abaixo da entrevista completa com Nathan Lerohl e Alain Labrie, você confere as fotos da passagem de som do espetáculo “Corteo”.

Assim como os outros espetáculos do Cirque du Soleil, todos os elementos de “Corteo” parecem conectados. A trilha sonora e os atos são criados simultaneamente?

Nathan – Eu não estava lá no início da criação do “Corteo”, mas eu sei alguma coisa sobre o processo, porque nós mudamos algumas canções mais tarde, quando eu estava lá já. Ele basicamente se conecta porque os compositores escreverem as músicas com um objetivo para ela. O que eles tentam fazer é sincronizar cada parte da música com um elemento visual do palco. E a partir disso, dependendo do ato e da quantidade de tempo dele no palco, nós ajustamos a música de acordo com aquilo. Então é por isso que a música fica conectada com o que está acontecendo no palco. E nós fazemos isso por comunicação verbal. Tem um líder da banda que fala com a gente e dependendo do que acontece no palco ele fará um ajuste imediatamente. Mas os maiores ajustes são feitos antes da apresentação final.

Há instrumentos que caracterizam alguns atos?

Nathan – Os instrumentos principais eu diria que são o violiono, o acordeão e o saxofone. Dependendo da canção, terá um saxofone mais proeminente, em outras o violino vai aparecer mais…

Alain – Tem um ato em que o violino briga com o assobiador que está no palco, esse é um momento em que o foco está todo no violino. E também o ato chamado “Teeterboard”, em que o baterista fica girando em torno de uma gangorra, então ele fica bem presente em todos os lados do palco.

Quais foram as inspirações para a trilha sonora de “Corteo”?

Nathan – Teve quatro compositores pra esse show…

Alain – E muitas intervenções dos líderes da banda.

Nathan – Mas cada ato tem a sua inspiração. O “Boucing Beds” são crianças se divertindo e sendo travessas, então é uma música bobinha. Em contrapartida, a última música é dramática, o que combina com o funeral do palhaço.

Alain – Não vamos esquecer que Corteo acontece em uma época especial, em 1920. Então a trilha sonora respeitou isso. Você não pode tocar um heavy metal. Tem uma música do show, do ato “Cyr Wheel”, em que a canção é um pouco fora de época, porque é muito misteriosa e mais contemporânea. Mas, para mim, as primeiras inspirações dos compositores eram que o ato respeitaria a época daquele tempo, 1920. Então você tem o acordeão, o violino, o contrabaixo acústico… é bem “circo antigo” para mim. Com quatro compositores, esse é o show mais difícil de encontrarmos as inspirações deles comparado aos shows com apenas um compositor.

E as letras ajudam a contar a história que acontece no palco?

Alain – Muito. Especialmente neste show. O início do show é em italiano, então eu canto letras reais, comparadas às línguas inventadas. Nós temos algumas línguas que inventamos, mas a maioria das músicas desse show são em italiano e espanhol. Então eu sei exatamente o que estou cantando.

Alain Labrie

Alain Labrie

Que diferença vocês percebem entre fazer um show “normal” e tocar em um espetáculo como “Corteo”?

Nathan – O fato de que você ter que combinar o que você está tocando com algo visual. Quando você está tocando música por tocar música, você está pela música e é isso. O foco é manter a estrutura da canção. Mas aqui, você tem que manter a estrutura do ato e a estrutura da canção, então essa é a diferença principal. Às vezes, quando você está ouvindo a música sozinha, você pode pensar “Isso não faz muito sentido”. Mas quando você tem os elementos visuais, você nem notaria que soa um pouco engraçado, porque os elementos visuais combinam com aquilo. Se eu tocasse uma dessas canções sem os elementos visuais eu diria “Isso é meio estranho, o que eu estou fazendo aqui?” (risos)

Alain – (risos)

Nathan Lerohl

Nathan Lerohl

Me falaram que você, Nathan, tem um baixo que é meio que único. Conte-me mais sobre ele.

Nathan – Ok! Eu vou tentar ser breve. Esse baixo foi feito por um cara em São Paulo chamado Fernando Fonterrada. Ele está desenvolvendo uma ideia de um contrabaixo que tem a forma de lágrima. Ele é chamado de “O Baixo Gota”. E a ideia dele é que essa forma de lágrima é, acusticamente, um formato superior aos outros, porque ele existe na natureza. Como as sequências de Fibonacci que estão presentes nas conchas do mar. É um instrumento maravilhoso.

Foto: Nathan Lerohl

O contrabaixo de Nathan

Quantos desses baixos existem?

Nathan – Eu acho que ele fez cerca de sete a oito desses. Ele fez esse baixo pra mim e o anterior ele fez para uma mulher chamada Esperanza Spalding, que é uma baixista vencedora de Grammy muito conhecida dos Estados Unidos. Então é um baixo muito único, e muito único para o Brasil, porque ele usa madeira brasileira pra fazer esses instrumentos. Eu estou muito orgulhoso de tê-lo na minha coleção e eu fico muito orgulhoso de usá-lo no show quando eu posso.

O que vocês acham de viajar com diversas pessoas de vários países com o espetáculo “Corteo”?

Alain – É uma grande chance! Eu sou muito agradecido por isso. É um sonho viajar pelo mundo e conhecer outras culturas, e eu estou rodeado de pessoas que podem me falar sobre essas culturas, porque nós temos ucranianos, russos, australianos, europeus… É muito bom compartilhar culturas. Para mim, é a melhor escola da vida! (risos)

Vocês tocam em outros shows do Cirque du Soleil?

Nathan – Esse é o meu primeiro show.

Alain – É o meu terceiro. “Corteo”, “Quidam” e eu experimentei o último ano de “Zed” no Japão, um show que era permanente no Disney Resort. Por causa de um terremoto que teve enquanto eu estava lá, eles tiveram que cancelar o show. Mas eu tive a oportunidade de vir para o “Corteo” e é maravilhoso.

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13/03/2014

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