Papai Noel, ao final deste ano de 2012 temos um pedido especial: se o mundo não acabar, que, pelo menos, os itens abaixo listados em “Cai Fora” sejam de fato encaminhados ao extermínio. E tudo que está em “Fica Fica Fica”, deixa quieto. Não se mexe em time que tá ganhando. Obrigada.
CAI FORA
Shows muito (muito, muito) caros
Ok, esse sonho ainda parece distante. Mas vá que o fiasco de vendas e cancelamentos de shows em 2012 dêem um alerta no pessoal. Porque não tá fácil pagar tantos dígitos (e ainda ter que aguentar atrasos e outros abusos) para assistir nossos artistas favoritos.
Fazer um videoclipe estendido com uma história pra encher linguiça já é um recurso chato utilizado há anos. Só que aí veio o Neil Young com o pé na porta. Primeiro com um clipe de 14 minutos, depois com um de 28 minutos. Detalhe: não tem uma “historinha’ à la “Ride”, da Lana Del Rey. É só imagens vintage e psicodélicas. Sério, mermão?
Em 2012, parece que finalmente o bom gosto musical venceu. Muita gente saiu na rua como se fosse a personalização do rock – camisetas do Ramones/Beatles/Rolling Stones/jaqueta de couro, spike, all star e couro. O problema é que 80% dessas pessoas não conhece nada além de “All You Need is Love” (o que inclui tatuagem do trecho) e Rihanna. Bom gosto? Só se for no guarda-roupa. E olhe lá.
Os Rolling Stones até conseguiram segurar o tranco e lançar um álbum com direito ao bom rock de sempre. Já Dylan, que tristeza… O novo álbum do sexagenário do folk, Tempest, começa mal logo na capa (provavelmente feita por um sobrinho que manja de Corel). E ainda tem umas músicas bem fraquinhas. “Duquesne Whistle” até se salva, animadinha e com bom clipe. De qualquer jeito, sua discografia merece mais.
Não sei o que acontece no mundo, mas tudo tem que ganhar uma batida eletrônica. Até a Cat Power se rendeu. Em seu álbum Sun, a nova loira até parece querer se infiltrar em umas baladinhas electro-indie.
Não precisam acabar. Mas nada de fazer álbuns como The 2 Law ou Battle Born de novo. Por favor.
O cara é foda, sem dúvida. Canta, toca, é simpático e, como muitos defendem por aí, é lindo (?). Mas chega, né? Tudo bem que o cara adora fazer de tudo ao mesmo tempo, e sempre dá um jeito de figurar nas manchetes. Daqui a pouco, porém, vão noticiar até uma “aparição” do Grohl quando estiver saindo de casa ou uma nova versão do AC/DC que ele fez debaixo do chuveiro.
FICA FICA FICA
Shows no Brasil
A reclamação também vira um elogio: Bob Dylan, Foo Fighters, Roger Waters, Paul McCartney e Robert Plant. E isso é só pra começar a lista das grandiosidades que tocaram por aqui na temporada. Já pro ano que vem, tá dando pra sentir o clima: The Cure, The Who e Black Keys são algumas das promessas. Ou seja, keep it coming.
Foi o ano em que ter uma página no Facebook virou apenas o óbvio. E as bandas (muito melhor que a maioria das marcas) souberam fazer com maestria suas fanpages. Continuem assim.
Esse foi o ano em que mais pipocou coisa nova de gente morta ou velha. Desde fotos antigas, e nunca divulgadas, dos Rolling Stones até um álbum inteirinho com músicas do Jimi Hendrix. No Brasil, a alegria também ficou por conta de inéditas do Cazuza e da Cássia Eller. Agora é só esperar 2013. Quem sabe o Queen lança tracks inéditas ou alguém encontra um vídeo proibido da Janis Joplin no Rio?
Não bastasse o ótimo segundo álbum, Lonerism, o Tame Impala ainda fez um dos melhores clipes do ano: “Feels Like We Only Go Backwards”. Fazer mais alguns desses já equivale a todos os deveres do ser humano (“plantar uma árvore, escrever um livro e ter um filho”).
Muitos brazucas lançaram ótimos álbuns. Deu até orgulho de ver e ouvir. Tulipa Ruiz, Thiago Pethit, Tom Zé, Curumin, Céu e por aí vai. A vontade que fica é que venham mais e mais.
Caetano fez 70, e disponibilizou discografia completa online. Gil fez 70 com show orquestrado. Tim Maia faria, mesmo assim ganhou o direito a coletânea na gringa. Também teve Paul McCartney, Lou Reed, Nara Leão, Aretha Franklin, Paulinho da Viola e Brian Jones, todos nascidos em 1942. A gente adoraria que os 70 deles fossem celebrados todos os anos pra chover e chover homenagens.
Karla Wunsch curte escrever, escrever e escrever. É redatora da Noize e dificilmente você vai encontrar ela por aí sem fone de ouvido.