Mixtape Rebonjour | Vol. 8 Panóptico – Pt. I

27/02/2015

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Por: Lucas Moesch

Fotos: Claude Nicolas Ledoux

27/02/2015

Rebonjour é um processo de autoconhecimento/moldura. É olhar para si mesmo. Rever o que passou. Sentir e interpretar musicalmente o todo. É se permitir embarcar na viagem pessoal de outra pessoa e encontrar/entender que estamos todos conectados. E a musica é o nosso encontro. Toda a última sexta-feira do mês um novo espaço. Um novo limite.

Venha compartilhar do invisível no mundo do sensível.

*

Rebonjour – Vol. 8 Panóptico – Pt. I

Hoje se inicia uma serie de 3 mixtapes. Todas baseadas de alguma forma no dispositivo de controle e vigilância criado por Jeremy Bentham. O panóptico é um mecanismo arquitetural, utilizado para o domínio da distribuição de corpos em diversificadas superfícies (prisões, escolas, fábricas).

O panóptico era um edifício em forma de anel, no meio do qual havia um pátio com uma torre no centro. O anel dividia-se em pequenas celas que davam tanto para o interior quanto para o exterior. Em cada uma dessas pequenas celas, havia, segundo o objectivo da instituição, uma criança aprendendo a escrever, um operário a trabalhar, um prisioneiro a ser corrigido, um louco tentando corrigir a sua loucura, etc. Na torre havia um vigilante.

Como cada cela dava ao mesmo tempo para o interior e para o exterior, o olhar do vigilante podia atravessar toda a cela; não havia nenhum ponto de sombra e, por conseguinte, tudo o que o indivíduo fazia estava exposto ao olhar de um vigilante que observava através de persianas, de postigos semi-cerrados de modo a poder ver tudo sem que ninguém ao contrário pudesse vê-lo.

O panoptismo corresponde à observação total, é a tomada integral por parte do poder disciplinador da vida de um indivíduo. Ele é vigiado durante todo o tempo, sem que veja o seu observador, nem que saiba em que momento está a ser vigiado. Aí está a finalidade do Panóptico,

…induzir no detido um estado consciente e permanente de visibilidade que assegura o funcionamento autoritário do poder. Fazer com que a vigilância seja permanente nos seus efeitos … que a perfeição do poder tenta tornar inútil a actualidade do seu exercício…
FOUCALT (1997), pg. 166

Dissociando-se o par ver/ser visto, automatiza-se e desinvidualiza-se o poder.

Essa primeira mix refere-se ao observado, preso, estudante e/ou trabalhador. Uma serie de raciocínios musicais sobre a forma como nos sentimos observados. Desconexões, alternações de humor entre euforia e momentos de contemplação.

Uma mix de desconforto.

Tracklist:

1. Neil Young – “On The Beach”
2. Blacmange -” Just Another Spectre”
3. John Carpenter – “Night”
4. Cliff Martinez – “Can’t Forget”
5. Captain Murphy – “Between Friends + Hovercrafts And Cows”
6. RUIDO/MM – “Cromaqui”
7. Don Cherry – “Orient (Excerpt)”
8. Jean Schwarz – “Prologue Maison Rouge”
9. Arthur Russel – “Tone Bone Kone”
10. Suspiria – “Main Theme”
11. Susan Cadogan – “Do It Baby [Nice and Easy]”
12. Rhythm & Sound & Cornel Campbell – “King In My Empire”
13. Embryo – “Abdul Malek”
14. Vulfpeck – “Christmas In L.A. (Instrumental)”
15. Frost – “Investigation”
16. The Heliocentrics – “Wrecking Ball”
17. Boutaiba S’ghir – “Malgre Tout”
18. Frank – “I Love You Wall”
19. Whiplash – “Caravan (Final Scene)”

Panoptico – Pt. I by Rebonjour on Mixcloud

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27/02/2015

Nunca estive lá. Por ser um arquiteto do nada.
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Lucas Moesch