Novo livro de Cristiano Bastos traz jornalismo musical na carne

21/11/2019

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Ariel Fagundes

Por: Ariel Fagundes

Fotos: Divulgação

21/11/2019

O jornalista Cristiano Bastos, colaborador da NOIZE e autor de livros como Gauleses Irredutíveis – Causos e atitudes do rock gaúcho (2001), Julio Reny: História de Amor & Morte (2015), Júpiter Maçã: A Efervescente Vida e Obra (2018) e, mais recentemente, Nelson Gonçalves – o Rei da Boemia (2019), está lançando agora o livro Nova Carne Para Moer – Seleção de Textos sobre Cultura Pop, Arte, Perfis, Entrevistas e Artigos. 

A obra sai pela Editora Zouk e está em pré-venda a partir de hoje com 20% de desconto no site da editora. O livro tem a proposta de compilar duas décadas de jornalismo exercido pelo autor nos diversos veículos nos quais atuou.

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Dentre as reportagens selecionadas, estão trabalhos que levaram meses (ou anos) para serem concluídos, como “Caça ao Tesouro” e “Agreste Psicodélico”, que abordam, respectivamente, a história do disco Native Brazilian Music (um documento importantíssimo e pouco conhecido da música brasileira) e a trajetória por trás do clássico Paêbirú – Caminho da Montanha do Sol, de Lula Côrtes e Zé Ramalho.

Na sessão de entrevistas, estão presentes nomes como Zé Ramalho, Baby do Brasil, Alceu Valença, Sergio Mendes, Caetano Veloso e Décio Pignatari. Na categoria de perfis, surgem personalidades como João Donato, Luiz Gonzaga, Nelson Gonçalves e Plato Divorak (publicado originalmente na edição #36 da NOIZE). Há ainda um capítulo de artigos, que incluem a relação do teórico Guy Debord com o movimento punk britânico e a importância de Marc Bolan, do T-Rex, para o punk.

Abaixo, leia alguns trechos do livro com exclusividade:

Caetano Veloso (Jornal de Brasília, março de 2009)

Acha que, volta e meia, a MPB carece de boas camadas de guitarras para chacoalhá-la da “pasmaceira” que a acomete?
Caetano Veloso – Nunca pensei nesses termos. Na explosão do tropicalismo, notamos que guitarras – entre outras coisas – podiam servir para quebrar a pasmaceira crítica e criativa que nos ameaçava. Mas essa pasmaceira nunca foi maior do que a vitalidade natural da música brasileira. Adoro nossas guitarradas da banda Cê. Mas detesto a reação costumeira contra tudo o que o Brasil consegue encorpar. Décio Pignatari diz que não fala brasileirês. Eu acho justamente que o brasileirês é essencial.

O que Brasília tem de legal?
Caetano Veloso –  Posso acrescentar que adoro a intimidade de grupos de jovens (não de gangues) nas superquadras. Adolescentes e crianças amam Brasília. Não gosto do aspecto Los Angeles: a impressão de que se tem de andar sempre de carro, a sensação de estar na estrada e não dentro de uma cidade. Mas adoro as conversas, o lago à tarde, as bandas que surgiram aí nos anos 80, o rap zangado das cidades-satélites.

Júpiter Maçã (revista Bizz, abril de 2007)

Quando lançou A Sétima Efervescência, em 1996, tinha noção do culto que o álbum teria com o passar dos anos?
Júpiter Maçã – Na época, não tinha noção do que iria acontecer. Era um período em que eu era um solteirão, dormia em praças e tomava o café da manhã no Bar João [lendário moquifo da Avenida Oswaldo Aranha, em Porto Alegre, tragado pelo empreendedorismo imobiliário]. Na real, eu não sabia o quanto estava inspirado. Foi uma época lisérgica, sim! Uma década depois eu entendo a importância deste álbum, do quanto ele mexeu com a vida de algumas pessoas. Na nova capa, elaborada para a sua reedição, particularmente, me pareço bem melhor – pareço Syd Barrett… [risos] Ele foi remasterizado, mas mantém as características originais. Foi um disco que me surpreendeu – e me assustou – quando se tornou um clássico com vida própria.

Algum déjà vu – ou flash back – na volta temporona dos Cascavelletes aos palcos?
Júpiter – Sim, eu era tão babaca… Uma vez o Nei Van Soria me chamou num canto e disse: “Eu sou um cara muito inteligente, mas você é um gênio. E você sabe que um gênio não sabe comer filé a parmegiana sem sujar as calças brancas, né?”.

Confira também o documentário Nas Paredes da Pedra Encantada (2011), dirigido por Cristiano Bastos e Leonardo Bomfim, que mergulha nas lendas ao redor do álbum Paêbirú – Caminho da Montanha do Sol:

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21/11/2019

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