A Orquestra Filarmônica de Goiás abriu os trabalhos da quinta noite de Bananada no Centro Cultural Oscar Niemeyer. O repertório foi de “Live and Let Die”, passava por “Dancing Queen” e terminava com “All You Need Is Love”, além de trazer faixas da trilha de Chicago e James Bond. A apresentação, que lotou o palco com artistas goianos, lavou a alma de quem já estava indo de show em show desde segunda-feira. Em vez de guitarras distorcidas, baterias pesadas e pedais de delay, foi o momento da música clássica provar o seu poder de encantar todo tipo de pessoa.
A Rollin’ Chamas veio na sequência provando que o Bananada tem um dos lineups mais diversos do cenário independente. A banda chegou com um trio elétrico no festival pra fazer um show completamente explosivo, quebrando a seriedade e a calma que a Orquestra tinha trazido. Quem viu o show anterior sentado no chão, agora pulava de um lado pra outro embalado grupo tradicional goiano.
Em seguida, o Boogarins subiu ao palco com um abraço em forma de show. No Bananada eles são praticamente prata da casa, mas isso não fez com que o quarteto não desse tudo de si. “Tempo” foi a primeira do set, com o Dinho segurando o público inteirinho na palma da própria mão nos momentos de silêncio da faixa. Esquecer das horas era inevitável.
Os improvisos que tornam a experiência de ver a banda goiana ao vivo tão única também marcaram presença – e quem estava assistindo só conseguia ficar completamente imerso no som. Uma versão de 8 minutos de “Cuerdo” fez todo mundo ir até a lua e voltar. Eles bem que quiseram fechar o show com “Auchma”, mas a plateia pediu mais. O setlist que também teve “Olhos”, “Benzin”, as clássicas “Lucifernandis” e “Doce” (além da nova “A Pattern Repeated On” numa versão em português) terminou com “Infinu”, com toda a catarse, magnetismo e magia que é ver o frontman pirar com um microfone na mão.
O Boogarins foi tão longe que acabei perdendo a apresentação da Luiza Lian (que toca também no Palco Spotify neste sábado) no showcase do selo RISCO. E enquanto no Palco Chilli Beans seguia na loucura com a discotecagem do Nevermind, cheguei no Diablo Pub a tempo de ver o Síntese botar tudo abaixo. O rapper paulista rima com o corpo inteiro, que é a única maneira de responder aos beats monstruosos do disco Trilha para o Desencanto da Ilusão: AMEM, lançado em 2016.
Se o quarteto goiano prende pela leveza e pela fluidez do som, Síntese ao vivo é um tapa na cara tão explosivo que praticamente te força a prestar atenção. O show ainda teve uma participação que esbanjou flow e presença de palco do Moita, sócio-fundador do coletivo de beatmakers Matreiro.
O showcase até podia não ter um décimo das pessoas que estavam no Centro Cultural Oscar Niemeyer – mas isso era o que menos importava quando quem estava presente queria focar de corpo e alma na mensagem que os artistas queriam passar.