O showcase da PWR Records no Festival Bananada foi a prova viva de que a produção artística feminina pode chegar nas alturas. O selo pernambucano, criado por Hannah Carvalho e Letícia Tomás só traz projetos musicais que tenham pelo menos uma mulher, e veio pra Goiânia mostrar toda a diversidade de suas artistas.
A paulista Lari Pádua foi a primeira apresentação da noite com sua mistura contagiante de trip hop com R&B, acompanhada só dos beats e com imagens meio irônicas, meio futuristas, projetadas nos quadros do Shiva alt-bar que estavam atrás dela. A artista ainda apresentou uma música tão inédita que nem nome tinha – a faixa foi escrita há duas semanas, e ela revelou que os vocais também não foram gravados ainda.
Já a Miêta, de Belo Horizonte, veio na sequência com uma verdadeira explosão de energia e rock alternativo. O entrosamento entre a frontwoman/baixista Marcela Lopes, as guitarras de Bruna Vilela e Célia Regina e a bateria de Luiz Ramos conseguiu hipnotizar todas as pessoas que estavam ali. Era impossível desviar os olhos do palco e não dançar junto com a banda, que tocava sem medo nenhum, desafiando um cenário que ainda é dominado pela produção masculina.
A grande maiorias músicas do setlist foram do disco Dive, esperado pra junho desse ano. O grupo ainda o single “Pet”, que foi lançado em março desse ano junto de um clipe assinado por Jonathan Tadeu. A faixa fala sobre relacionamentos tóxicos, e Marcela aproveitou a temática pra chamar todas as mulheres para a frente do show e criar um momento de protagonismo e empoderamento feminino.
E depois do público limpar o suor causado pela fritação das meninas mineiras que exalam presença de palco, foi a vez da PAPISA subir ao palco e presentear o público com uma viagem pro espaço sideral. A cantora e instrumentista Rita Oliva veio dirigindo até Goiânia, e proporcionou uma verdadeira experiência sensorial à plateia, cantando literalmente com com a lua do seu lado e as estrelas na sua frente.
“Curva”, o single novo lançado no mesmo dia da apresentação, fechou o set. A faixa é uma espécie de interlúdio entre as músicas lançadas no EP (que foi produzido inteiramente pela própria Rita). A PAPISA segue em turnê por Brasília (11/05), Belo Horizonte (17/05) e Juiz de Fora (18/05).
Além das atrações musicais com sons muito diversos entre si, as artistas visuais Beatriz Perini e Buenas fizeram um live painting durante o evento, além de uma exposição dos seus materiais gráficos.
Ao mesmo tempo, no Complexo, a Honey Bomb Records trazia shows da Supervão e da My Magical Glowing Lens. No ROCK, o lineup era Peixefante, BRVNKS e a discotecagem de Lúcio Ribeiro. Já o Cafofo Estúdio abrigou Lutre, Components e Manso, enquanto o teatro Sesc Centro recebia B. Abdala e seus convidados. Mas algo maior me fez passar a maior parte da noite vendo o showcase da PWR: era uma noite para celebrar, elevar e entender a arte feminina, em todos os seus sentidos possíveis.