Plato Divorak por Plato Divorak e pelo mundo

19/08/2010

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Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

Fotos:

19/08/2010

Com dois discos para serem lançados e um tributo em sua homenagem em produção, Plato Divorak reforça seu status de herói cult da psicodelia brasileira. Na NOIZE #36 publicamos uma super matéria com o cara. Agora, reunimos depoimentos de músicos de toda parte e músicas inéditas de seus lançamentos futuros. Os depoimentos, você lê abaixo—a começar pela auto-entrevista que Plato fez para o jornalista Cristiano Bastos, autor da matéria. As músicas, confere clicando aqui ou na capa de disco abaixo—criação de Diego Medina para o álbum ainda não lançado de Plato Divorak & Os Exciters.

Plato por Plato

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A capa do próximo disco de Plato & os Exciters (Clique para ouvir músicas inéditas do cara.)


Depoimentos

Frank Jorge

Não consigo precisar o ano e muito menos a data exata de quando conheci o Paulo Alexandre Paixão de Oliveira, depois Paulo, depois Plato, e finalmente Plato Divorak. Alí pela segunda metade do anos 80, já podíamos inventariar algumas referências roqueiras fortes em termos de vocal em Porto Alegre: Fughett Luz (ex-Liverpool e Bixo da Seda) Hermes Aquino (“Nuvem Passageira”), Alemão Ronaldo (Taranatiriça e Bandalieira), Tagore (Câmbio Negro) o grande mestre Mutuca; também tinha um pessoal que surgia, Flávio Basso, Luis Henrique Tchê Gomes Charles Master, Edu K, Marcelo Birck, Humberto Gessinger, Wander Wildner, Bebeco Garcia e uma pá de gente diferente, estranha, interessada em fazer o que não existia ainda no Rio Grande. O Plato era um destes.
Nossa mania sulista sixtie de venerar Beatles e Stones e o punk/ new wave do período, fez com que Lou Reed e Jim Morrison ficassem esquecidos, passasem quase batidos. Aí é que entra o Plato trazendo influências destes caras, mas obviamente, reciclados, abrasileirados, aportoalegrezados – se é que me faço entender. Se Dylan trouxe a poesia para o rock, Plato trouxe o sadomasoquismo, a poesia de Rimbaud e o surrealismo para os nossos insistentes iê-iê-iês. Flyers e posters de shows pintados com canetas esferográficas, fanzines de lugares ermos sobre bandas desconhecidas, discos raros de bandas falidas = Plato Divorak. É quase chover no molhado mas é preciso dizer: o Plato é muito bacana pela inconstância, pelos bordões que cria com facilidade e grita a plenos pulmões, pela novidade sempre escondida em algum bolso ou mochila, prontamente revelada, e o mais bacana disto tudo, é que tive o prazer de dar muitas risadas junto com ele, assim como compor algumas antológicas canções para a dupla Frank e Plato & A Empresa Pimenta. Chegou a hora do mundo conhecer Plato Divorak.
Atreva-se a não gostar. Canaaaaaaaaaaaaaaalha!!!
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Carlinhos Carneiro, Bidê ou Balde
O Plato tá entre os meus ídolos maiores na vida, ao lado do Vinícius de Moraes, Burt Bacharach, Wayne Coyne, David Lynch, … Eu conheci o Plato como Paulo Alex, em uma loja de discos, para mim A loja de discos, Toca do Disco. Era pertinho do colégio que eu estudava, o Rosário, e pra lá fui levado pelo meu então colega de aula e até hoje amigo e cúmplice, o boêmio Raphael Rangel (um boêmio talentoso, sim, mas ‘só’ boêmio). Era 1993, eu tava no 1º ano do 2° grau. Depois que o Rangel me levou na Toca eu comecei a gastar só em discos – e fitas demo das bandas daqui, e quem levava essas fitas até a loja era o Paulo Alex, que tinha a ‘gravadora’ Krakatoa Records que lançava além de suas próprias demos e de suas bandas, coletâneas como “A Fita dos Mil Desfarces” que tinha músicas de bandas como Ultramen e Walverdes, que eram novas na época, e eu curtia pacas.
O Paulo Alex já era o Plato, ele já era conhecido aqui e acolá, já tinha tido a Pére Lachaise, já era um tótem do underground de Porto Alegre, mas eu não conhecia ainda tudo aquilo, e pirei muito naquela figura meio hippie, calça de couro e camisa com listras horizontais coloridas, cabelos compridos e cacheados, meio Renato Portalupi, meio Jim Morrison, meio gago, meio louco, papos desconexos e cheios de referência, fluindo do blues ao Sonic Youth, passando pelo soul, pelo francesismo… Fui depois ouvir os sons dele, perdi completamente a cabeça quando ouvi a fita ‘Teen Idols’ dele e do Frank Jorge, acho que até fui um dos que comprou um vale-CD para quando saísse o esperado CD da Lovecraft, fui virando fã, um fã distante, acompanhando a carreira e a vida do ídolo à distância, juntando os fanzines e panfletos que ele espalhava com sua inconfundível caligrafia e desenhos (elementos fabulosos da sua arte!), batendo um ou outro papo quando nos encontrávamos na Toca (uma vez até fizemos uma letra juntos, devo ter guardada em algum lugar, lembro que ele escreveu o verso “Carregando a rua como Flash Gordon” e eu caí na gargalhada e não consegui dar continuidade).
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Ah: Um dia eu atendi o telefone na casa da minha mãe, era o Plato ligando (as ligações dele para as pessoas são folclóricas e ricas em lactobacilos vivos, como toda a mítica que o cerca), ele disse, com sua voz, dicção, tracanaços e tudo mais “Ca-carlinhos?”, eu “E aí, Plato! A que devo a honra da tua ligação?!”, ele “É que eu li agora na Zero Hora: ‘Morre Jece Valadão, o Cafajeste do cinema nacional’ e eu queria alguém pra gritar comigo ‘Canaaaaaaalha!'”, e eu “Canaaaaaalha!”, e juntos “Canaaaaaalha!”.
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Em nota oficial, o Porta Voz de Procura-se Quem Fez Isso escreveu sobre Plato Divorak:
Boa noite. Aqui é o Porta-Voz de Procura-se Quem Fez Isso. Tenho a honra de informar que os bonecos são grandes admiradores do lendário Plato Divorak. Um ícone, um divisor de águas entre o que é de bom gosto e o que é pretensioso.  Plato é simples, porém complexo, vive entre o popular e o pitoresco. Os Procura-se tiveram a honra de dividir o palco com Plato em duas ocasiões na cidade de Porto Alegre e sentem-se lisonjeados por terem participado de tais espetáculos  que um dia irão contar para outros bonecos mais novos.
Atenciosamente,
O Porta-Voz
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Evandro Martins, da Laranja Freak
Eu admiro muito o Plato Divorak.
Primeiramente, porque ele é criativo, talentoso, uma referência no rock gaúcho.
Segundo, porque ele é um cara que fez o undeground de Porto Alegre se mexer.
Ele organizou um puta festival com o dinheiro do próprio bolso, que foram as 3 edições do Montehey Popstock. Saiu com prejuízo, mas saiu feliz, com o sentimento de dever cumprido.
Criou a Krakatoa Records, que lançava não só seus discos, mas como boa parte das bandas dos anos 90 de POA. Muitas coisas boas e incríveis que ouvi foi através dos lançamentos da Krakatoa.
E sempre deu força a todas as bandas que admirava. O brabo é que o pessoal crescia como banda e esquecia o Plato.
A banda em que toco, a Laranja Freak, deve muito a ele: foi ele quem nos convidou a se apresentar pela primeira vez no garagem hermética, no primeiro Montehey Popstock,. quando tínhamos um ano e meio de banda, após ouvir a demo.
Três anos mais tarde, nos apresentou ao Luiz Calanca, da Baratos Afins, onde gravamos nossa primeira coletânea e nosso primeiro CD.
Tanto que foi orgulho nosso lançar o CD em POA com o mestre Plato como convidado.
E me orgulho muito em dizer que neste ano de 2010 Plato nos convidou para gravar um música no tributo à sua obra.
Só posso dizer uma coisa de tudo isto: Obrigado Plato! Ao mestre, com carinho!

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19/08/2010

Revista NOIZE

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