O duo formado por Lumanzin e Pedro Bienemann foi batizado de 131 em referência a numerologia. “O três representa a comunicação e a somatória (o cinco) é caracterizada pelo movimento. Para comunicar-se com todo mundo, é necessário se mover”, explica a compositora.
O nome do disco de estreia, Babel, lançado na última sexta-feira, 15/9, ajuda a contar essa história inspirada no mito da torre de Babel, porém com uma diferença: “Em vez de separar, a nossa ideia é juntar, unir as nossas referências e contextos. O meu pai vem da periferia, da quebrada, e eu nunca saí do país. A Lu viajou o mundo todo. Cada um traz outras paisagens para o projeto, o nome ilustra essa troca de linguagens e expressões”, afirma o músico.
A visão plural dos criadores se manifesta na construção das canções cantadas em albanês, inglês, espanhol e português. Nos últimos anos, Luísa Manzin lançou dois álbuns com seu projeto solo, desenvolvido em residências artísticas no Canadá e na Espanha.
Foi neste período que ela realizou turnês no exterior, com direto a uma visita a Albânia: “Quando toquei em Londres com o Mansinha (2022), as pessoas cantavam comigo, mas tudo era em português. Pensei que precisava fazer música para se conectar com pessoas de outros lugares. Se eu falasse mais línguas, teria letra até em grego, mas não deu tempo de aprender”.
Vem dela o caráter experimental em contraponto a proposta mais inclinada ao pop apresentada por Pedro Bienemann. O multi-instrumentista lançou o EP Vulgo (2020) em paralelo a carreira de instrumentista em bandas de artistas como Jadsa, Uiu Lopes, Mateus Carrilho e Pabllo Vittar. O resultado da fusão de universos aparece nas onze faixas do registro, que passeiam por diferentes estilos musicais – reggae, pop, rock, r’n’b, flamenco e samba.
Há um ano, a dupla se jogou de cabeça na criação do registro, gravado no estúdio Ekord, em São Paulo, por Leonardo Marques, baterista da banda Black Mantra. Além dele, há colaboração de Thiago França na música “Dito Isso”, Jadsa e João Millet Meirelles em “Pack Your Stuff”, dos bateristas Pedro Lacerda e Bianca Predieri, do percussionista Danilo Moura e do trompetista Felippe Pipeta. A mixagem e masterização é de Pedro Vinci, da Matraca Records, selo responsável pelo lançamento.
Os arranjos foram criados por Pedro e Luísa durante a pré-produção no home studio compartilhado, pois além de dividirem o grupo, eles também juntaram as escovas de dentes. Depois que se conheceram, realizaram uma turnê com os projetos solo e a parceria logo avançou para a elaboração do 131. Para os artistas, as energias convergiram de forma natural, se potencializando ao longo do tempo juntos.
“A Lu traz uma visão mais desconstruída da parada. As músicas tinham um refrão e depois iam para outro lugar. Pensei nas possíveis repetições, em como deixar os arranjos mais pop”, reflete Pedro. Depois de arriscarem mudanças nas estruturas, buscaram pontos de encontro entre as propostas.
Para ela, Babel foi uma oportunidade de experimentar novas formas de se expressar: “Me identifico com uma frase da compositora Caroline Shaw – a beleza está nos detalhes das repetições. Depois disso, comecei a gostar do que se repete. Tentamos equilibrar esse pop experimental. Gosto muito do meu trabalho solo, mas a banda dá um gás, uma vontade maior”.
O show de lançamento acontecerá na sexta-feira, 6 de outubro, no Centro Cultural São Paulo, na Vila Mariana. No palco, eles estreiam a formação com sete pessoas: voz, guitarra, baixo, synth, bateria, percussão e saxofone. A ideia é reproduzir esse formato mais vezes, mas imaginam cair na estrada como duo.
De acordo com o músico, o palco é a materialização do que eles cozinharam dentro de casa: “A nossa grande vivência e escola na música é o palco. No final das contas, fizemos o disco para realizar shows. Imaginamos a ideia de ser mais pop no sentido de atingir mais pessoas, para que seja mais palatável”. Visando o público em outras línguas, eles desejam desbravar o exterior em breve, mas antes querem cair nas estradas brasileiras apresentando as músicas do disco.
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