Dia destes tava bebendo chá com a Tulipa Ruiz e, na vitrola da sala, tocava algo bonito que jamais saberei o que é. De qualquer modo, o ruído de fundo nos levou a conversar longamente sobre esta “volta do vinil.” Porque somos humanos e por isso mesmo, saudosistas incuráveis? Porque a música era melhor? Porque eram os deuses astronautas? * Chegamos a conclusões impublicáveis, ataques de riso e uma teoria de que é culpa de Saturno, o senhor do tempo. Ele anda deveras guloso, come as horas sem mastigar, passam rápidos os dias e… você viu? Passou o minuto que você tinha a segundos atrás. Nestas, ouvir uma bolacha significa enganar este velhote. Pausar o momento. “Entender, perceber os sons pelo sentido do ouvido, da audição. Atender, escutar. Escutar os conselhos” como bem explica o dicionário Aurélio velho de guerra. Escutar, ouviu? A velocidade do tempo está tão forte que ficamos surdos. Então, voltamos a utilizar vitrolas para que o som nos perdoe e volte. Que assim seja.
E, lá, na minha vitrolinha.
A Tábua De Esmeralda – Jorge Ben.
Ah, você tem no iPod, ah, você ouve no youtube, ah, deixa de ser coxinha e tira alguém pra dançar. Ouça.
O Melhor De Tim Maia – Raul Seixas e Belchior.
Fica calmo, isso não é uma piada. Dá um jeito de encontrar este disco, ouve e me conta se foi bom pra você.
Minas – Milton Nascimento.
Olha esta capa, mermão. Ouça.
Efêmera – Tulipa Ruiz.
E encarte grande, o chiadinho bom, as fotos dos músicos, a boniteza do encaixe entre voz e canção. Ouça.
@crislis é editora-chefe da Revista Noize e de gênio uma cachaça, mas de alma um guaraná.