O Clash é, para muitos, a banda definitiva de punk rock—pelo mesmo motivo que, para outros, ela perde o cargo: Joe Strummer, Mick Jones e cia. quebraram as barreiras do estilo desde os primeiros trabalhos, ao transitarem pelo reggae, até a entrada de cabeça na new wave. Ainda assim, o grupo manteve o esforço em permanecer ligado às raízes agressivas no discurso e no posicionamento.
Boa parte desse trânsito e dessa fúria é registrada nos 83 minutos de documentário de The Clash Live: Revolution Rock. A coletânea de gravações ao vivo deixa claros os efeitos da caminhada: o strummer que toca “White Riot” transborda energia contestatória, enquanto o que toca “Should I Stay or Should I Go” diante de uma platéia gigantesca em 1982 (no Shea Stadium) parece apenas cumprir o protocolo de um grande show de rock.
O DVD traz outras performances, como as da banda tocando em casas de espetáculo no fim dos anos 70 e três apresentações na TV (“The Guns of Brixton”, “This is Radio Clash” e “The Magnificient Seven”). Praticamente todas as faixas são vídeos ao vivo, com exceção da dublagem pseudo-empolgada de um promo de “Tommy Gun”.
Embora não se preste para contar a história da banda em detalhes—há uma narração que acompanha as músicas, dispostas em ordem cronológica, porém só informa os mais desinformados—, Revolution Rock é rico naquilo que os fãs mais procuram em DVDs ao vivo: registros raros. Por isso, algumas músicas aparecem com a imagem granulada ou com o áudio não tão bom.
Ainda assim, as melhores performances não são as inéditas, mas as do longa Rude Boy (“I Fought the Law” e “ London’s Burning”) e da reedição de London Calling, de 2004 (“Last Way to the World” e “Last Testament”). Ou seja, para os fãs, Revolution Rock é uma oportunidade de ter alguns poucos vídeos novos, junto a tantos outros já disponíveis, em um só DVD. Para quem apenas gosta de Clash, eis a melhor coleção de material ao vivo e um pouco da história de uma das bandas mais influentes dos últimos 30 anos. Should you go? Yes, you should.
>> Por Ricardo Jaggard