Em clima de fim de ano, onde começam as retrospectivas, decidimos compartilhar nove entrevistas, realizadas em 2022, que marcaram o time da NOIZE. Entre os papos que você encontra abaixo, estão entrevistas com Gal Costa, Tom Zé, Glue Trip, Maurício Pereira, Jadsa, Rachel Reis, Deekapz, Leci Brandão e Sampa The Great.
Em março, Jadsa comentou sobre seu capítulo no Taxidermia, a energia dos palcos e o aniversário de um ano do disco Olho de Vidro (2021). No papo a baiana afirmou: “Sendo bem resumida, eu não paro de compor, eu não paro de pensar e planejar projetos ou músicas para futuros lançamentos. Quando eu lancei Olho de Vidro, eu entendi que era o momento de prestar atenção para o disco, mostrar ele, além da gravação, além do que você pode escutar, eu quero passar isso fisicamente.”
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Em ano marcado pelo retorno em grande estilo da cantora Gal Costa, falecida em novembro passado, a baiana reverberou seu legado para além dos palcos. Com 56 anos de carreira fonográfica, a artista teve trajetória reconstruída em obra, lançada em março, sob o título “Gal Costa” (Editora BEĨ, 264 págs., R$ 145), e terá sua história sendo retratada nas telas do cinema, com o filme Meu Nome é Gal, previsto para 2023. “Eu confio plenamente nas diretoras, e achei que se visitasse o set de filmagem, poderia inibir o elenco. Só li o esboço do roteiro e quero ver quando estiver pronto”, comentou Gal.
+ Entrevista | O legado vivo de Gal Costa para além dos palcos
Em junho, Tom Zé lançou o disco Língua Brasileira (2022), pelo Selo Sesc, com onze canções produzidas em parceria com Daniel Maia e Daniel Ganjaman. Em entrevista cedida em sua residência, Tom Zé assumiu que o segredo para manter sua longevidade criativa é a sua esposa, Neusa Martins, 81, com quem segue isolado na Zona Oeste da capital paulistana, após ter tomado quatro doses de vacina. “Meu único segredo é Neusa”, diz Tom Zé com bom humor.
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Sob toques minuciosos e detalhistas, Maurício Pereira surgiu com o disco Micro (2022), feito com o amigo Tonho Penhasco dono de uma guitarra precisa – e que ele mesmo criou – para apresentar 12 canções, que já faziam parte do seu repertório há mais de três décadas, mas que ganharam uma nova roupagem. Aos olhos atentos de Pereira, o músico dá um tom mais poético a situações comuns do cotidiano. No repertório, ele traz letra para faixas como “Pan Y Leche”, “Um Dia Útil”, “Imbarueri” e “Um Teco-Teco Amarelo em Chamas”, esta última feita com Arthur de Faria, presente no disco Pra Marte (2007).
+ Entrevista | Maurício Pereira evidencia poesia moderna em “Micro”
Prestes a desembarcar no Brasil para apresentações em São Paulo e no Rio de Janeiro, a cantora Sampa The Great cedeu uma entrevista para a NOIZE. Com a chegada da pandemia, Sampa deixou a Austrália e voltou para a Zâmbia, em um processo que mexeu profundamente com sua criação: “Parecia o momento de fechamento de um ciclo voltar para onde o meu sonho começou”. Em sua terra natal, ela concebeu seu novo álbum, As Above, So Below, um verdadeiro mergulho em diferentes expressões culturais do continente africano, do Zamrock dos anos 1970 à música contemporânea de Botsuana.
+ Entrevista | De volta à Zâmbia, Sampa the Great reinventa sua música
Voz de uma geração de sambistas, Leci Brandão, continua sendo uma referência presente no campo musical. Em agosto a cantora e compositora cedeu uma entrevista, onde pode compartilhar sobre seu trabalho como Deputada Estadual de São Paulo, novas gerações de sambistas e sua relação com a religião dentro da música. “Eu sou madrinha de tanta gente e tantos grupos, acham inclusive que eu passo uma sorte. Recebo com muito carinho e fico feliz à beça. Eu já tenho anos de carreira e tem muita gente jovem que me tem como referência, muita gente jovem me convida para participações e me sinto feliz, porque tem que haver continuidade. Todo mundo tem seu momento de sucesso, todo mundo passa por esse processo, mas a vida continua, e como a arte é uma coisa muito aberta, a gente tem que torcer para que hajam novos alunos e que todo mundo possa fazer sucesso, a música tem que continuar.”
+ Entrevista | “A música tem que continuar”, diz Leci Brandão
O quarteto da banda Glue Trip divulgou em julho o disco Nada Tropical (2022), que contém uma ironia sutil no nome, junto de composições, feitas em sua maioria, em português. Na conversa, Lucas Moura, líder do grupo, contou sobre o projeto de criação em cima do disco, como a participação do maestro Arthur Verocai na faixa “Lazy Days“. O contato com Verocai foi um dos mais significativos, quando o maestro orquestrou mais 12 músicos para a concepção da faixa, além de realizar os arranjos de corda. Em convite despretensioso por e-mail, o músico apresentou o trabalho da banda e não contava que aceitaria um sim como resposta. Em viagem para o Rio de Janeiro, ao lado do produtor, Moura pôde ver a explosão do caldeirão de referências do carioca se harmonizando com a atmosfera da Glue Trip.
+ Entrevista | Glue Trip abraça o Brasil no disco “Nada Tropical”
Encarando o palco para um público diverso e com a sua própria música em 2022, Rachel Reis alcançou sua própria sonoridade, furando bolhas quando divulgou o álbum de estreia Meu Esquema (2022), em setembro passado, com 12 canções autorais, através dos selos Alá e Zelo, com distribuição da Altafonte. Por abordar temas amorosos, na maioria de suas composições, Rachel passou por momentos de questionamentos, vindos de uma parcela do público, que não acreditam que ela tenha o “direito de fala” sobre o conteúdo: “Uma coisa que me pega é porque já insinuaram, por eu ser negra, que eu não deveria falar sobre amor. Logo quando eu lancei os dois singles, uma pessoa branca veio me dizer isso e também rolou outras vezes. Isso me incomodou muito. Por que eu não posso falar sobre amor? A gente pode falar sobre tudo.”
+ Entrevista | Rachel Reis: “É uma batalha diária entender que fiz por merecer”
Alcançando oito anos de carreira em 2022, o duo Deekapz tem inúmeros EPs divulgados no mundo, sendo cinco deles, Voragem (2021), Jewel Gems (2021), Ensaio Sobre Você (2021), Poly (2021) e Super Funk (2021), revelados no decorrer do último ano. “Nós estamos vivendo muita coisa que a gente achou que ia demorar um tempo para acontecer. Sou muito grato por falar para minha família que eu vivo de música, eu falo com propriedade. É muito massa entrar nesse circuito, ganhar esse espaço, porque querendo ou não, é muito difícil, ainda mais sendo preto, morando no interior, sendo de periferia. Chega uma situação que a gente tem que empurrar nossa sonoridade, empurrar nossa identidade e chega um momento que não tem como, atura ou atura”, declara Paulo.
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