Desde o início dos anos 2000, diversos novos nomes surgiram na música brasileira. A produção contemporânea é rica e heterogênea, explorando diversos ritmos e gêneros já consagrados para elaborar novas sonoridades. Um fator de destaque é o aparecimento de cada vez mais compositoras na cena. Por muito tempo circunscritas ao papel de cantoras, as mulheres tomaram frente de suas obras, criando universos líricos e sonoros que conquistaram a admiração do público.
Separamos uma lista de compositoras que marcaram a música brasileira contemporânea e foram lançadas em disco de vinil pelo NRC. Confira abaixo.
Céu – Novela
Gravado em Los Angeles, nos estúdios Linear Labs, com métodos analógicos e banda ao vivo, “Novela” tem coprodução de Céu, Pupillo (ex-Nação Zumbi) e Adrian Younge (do Jazz is Dead), que atuam no time de músicos, acompanhados por Lucas Martins. Com sonoridade orgânica, o álbum ainda conta com participações de anaiis, LadyBug Mecca e Loren Oden, além de uma parceria de Céu – compositora da maioria das músicas do disco – com Marcos Valle e outra de Nando Reis com Kleber Lucas. Ao passear pelas intersecções da música brasileira com o soul, o rock e o reggae, tendo como base guitarras, órgãos, baixo e bateria, “Novela” ainda conta com arranjos de cordas e sopros pensados por Younge para a Linear Labs Orchestra.
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Luedji Luna – Bom Mesmo É Estar Debaixo D’Água
O segundo álbum de Luedji Luna foi lançado em 2020 e indicado ao Grammy Latino 2021 na categoria “Melhor Álbum de Música Brasileira”. Diferente do também celebrado Um Corpo No Mundo (2017), a busca da cantora e compositora baiana se distancia da África ancestral e se conecta à África contemporânea, cosmopolita. As percussões saem do holofote para dar vez a arranjos alinhados ao jazz, com pianos e baixos elétricos marcantes, quebradiços, e fluídos. Nas composições, Luedji pinta nuances que vão do afeto ao desafeto, do amor à raiva, de tudo que é da ordem das emoções e sob as lentes das experiências enquanto, também, mulher negra.
Luiza Lian – Azul Moderno
Em parceria com o produtor Charles Tixier (do Charlie e Os Marretas), Luiza construiu um universo que mistura vapores psicodélicos, batidas neon de pistas de dança, saudações ancestrais e refrãos que colam. As gravações começaram em 2016, após o álbum de estreia, Luiza Lian (2015), e antes do segundo, Oyá Tempo (2017), que foi produzido ao mesmo tempo que Azul Moderno. O produtor Charles Tixier passou um ano editando o álbum, criando batidas eletrônicas, rearranjando tudo, e o resultado desse híbrido digital-orgânico foi o que deixou o disco com essa sonoridade única. Azul Moderno é um dos álbuns mais importantes da música contemporânea.
Letrux – Letrux Em Noite de Climão
O álbum representa uma transformação da carreira da artista. Após anos de trabalho com Lucas Vasconcellos na dupla Letuce, Letícia Novaes decidiu buscar outros caminhos. Além de cantora, atriz e escritora, seu objetivo pós-Letuce era misturar completamente essas expressões artísticas. É desse desejo que nasce a figura Letrux, cujo disco une a poesia ácida de Letícia a um universo dançante de timbres que remetem ora à disco music ora ao rock experimental. O resultado é uma salada tragicômica e sedutora. Escolhido o Disco do Ano no Prêmio Multishow de Música Brasileira 2017, o álbum conquistou uma legião de fãs e arrancou elogios de boa parte da crítica especializada.
Tulipa Ruiz – Dancê
Feito para mexer o corpo sem limites de idade ou de gêneros. Vencedor do Grammy Latino de 2015 na categoria Melhor Álbum Pop Contemporâneo Brasileiro, o terceiro disco de Tulipa Ruiz consegue ser moderno ao mesmo tempo em que homenageia lendas da música brasileira como João Donato, Manoel Cordeiro e Lanny Gordin (que estão no álbum). Vale lembrar que Metá Metá, Kassin e Felipe Cordeiro também participam compondo uma mistura deliciosa que amplia ainda mais os horizontes da versátil cantora e compositora Tulipa.
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