A cantora e compositora carioca Alulu Paranhos fará seu terceiro show em São Paulo nesta terça-feira, 23/4, no Bona. Ingressos disponíveis neste link. Com 23 anos, a artista possui três EPs lançados e se prepara para apresentar o primeiro disco nos próximos meses.
O show trará músicas autorais e versões, como “Sexy Yemanjá”, de Pepeu Gomes. A escolha dos covers passa por um crivo específico: “São músicas que têm a ver com o meu discurso, com a maneira que eu vejo ou almejo ver as coisas – de forma livre, empoderada, curiosa, romântica e sexy”.
Alulu estará acompanhada no palco por Ivo Costa no violão e Victoria dos Santos na percussão, e a noite terá participação especial de Bruno Berle na voz e no violão. “É um show com as minhas canções, uma jovem criando e compondo seu universo solar e fresco. Para ir de ouvidos abertos, como quem vai ao cinema para descobrir o que vem depois”, afirma a cantora.
Inspirada na MPB setentista e no forró, ela se destaca como um dos nomes quentes da nova geração de compositoras cariocas. Aos 16 anos, encantou-se com os ritmos nordestinos, e não demorou muito tempo para subir ao palco como vocalista das bandas Forró de Pife e Aquela Jararaca.
Como foi a transição de cantora de banda de forró para compor o seu trabalho solo?
As duas frentes sempre se alimentaram e ainda se alimentam. Componho desde o colégio, quando comecei a cantar nos meus grupos Forró de Pife e Aquela Jararaca, e a me apresentar nas noites cariocas. O forró é uma escola de voz, composição, energia, referências, pegada, onde eu criei e desenvolvi minha casca de show women, minha presença de palco. Lembro do meu primeiro show autoral no Teatro Prudential, no Rio, estavam todes sentades pra me ouvir, eu saí do show em crise, achando que tinha sido horrível porque estava acostumada com a pessoas dançando, suando, se divertindo com o corpo, foi estranho ver todo mundo apenas observando. Hoje em dia, já entendo a beleza da diferença dos shows, ouvir com atenção novas composições de uma jovem que escreve e cria seu próprio universo num show intimista também é se divertir (risos). Ainda canto muito forró, sim! Amo, me alimenta e por isso fiz meu EP Pra Dançar Colada (2023), no qual compus a música ‘Mulher Namoradeira”, que atualmente é minha música mais escutada nas plataformas de streaming.
O que mais lhe interessa na sonoridade do forró?
Me interessa muito o contexto do baile do forró. A abertura das pessoas para dançar colado, a pegada firme do ritmo, a cadência e todo movimento gerado por ele aqui no Rio de Janeiro, principalmente nos jovens. É ali no forró que a gente debate assédio sexual, relacionamento, socialização, aceitação. O contexto todo é por si só revolucionário. Fui apresentada ao forró com mais força na escola CEAT (Centro Educacional Anísio Teixeira), também ouvia muito a banda carioca chamada Raiz do Sana. Eu ia em todos os forrós da cidade aos 16 anos, voltava de madrugada e ia pra escola no dia seguinte. Foi assim que me apaixonei pelo contexto, fiz minha banda e começamos a tocar em 2018, é até hoje o forró até hoje mais jovem da cidade.
“Até Mais Ver”, do EP Pra Dançar Colada (2023), conta com feat da Elba Ramalho. Como foi gravar essa música?
Eu vi Elba Ramalho gravando uma música, isso foi aulas demais! A mulher é um luxo! Ela me perguntou se estava bom e eu gritava “Sim!”. Eu amo essa música do Pedrinho do Nordeste. E para mim, era muito importante ter alguma regravação para além das autorais. Elba me inspira muito na performance, na presença de palco, nas capas de discos, na sua imagem e sua força de voz aos 73 anos intacta e muito potente! Mas não concordo com as opiniões políticas que ela teve nos últimos anos.
Quais são as suas referências musicais?
Tropicália, Anitta, Ivete Sangalo, Céu, Djavan, Kelly Key, Alessandra Leão, Humberto Maracanã, Marina Senna, Ludmila, Pietá, Julia Vargas, Raveena, Olivia Dean, Liniker, Luedji Luma, Kevin Kris, MC Marcinho, Bala Desejo, Marisa Monte, Vanessa da Mata, Marina Lima, tanta, tanta gente, principalmente brasileira. Sou carioca, 2000, Gen Z, vejo a informação circular. Para quem tem ouvido aberto, ser eclética é um ótimo caminho.
No final do ano passado, você apresentou o Compacto De Verão (2023), com faixas que orbitam a estação mais quente do ano. Como o verão te inspira?
O verão é meu estilo de vida. O sol deixa a vida mais viva! Tem a ver com ser totalmente carioca, tenho boas memórias no verão, que nos deixa mais relaxada, então a gente fica mais aberta, irreverente, curiosa, sexy, enérgica, pra cima. Eu gosto desse desbunde, ele é um sentimento que quero passar nas músicas,
Quais são os planos para os próximos meses?
Criação do meu primeiro álbum! Que loucura! Ainda estou entendendo os processos, mas o foco é esse mergulho. Não tenho mais 15 anos, mas também ainda não tenho 30 (risos), quantas dúvidas cabem numa jovem de 20 e poucos? Bora descobrir! Animada.
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