“Não deixe o samba morrer”, como diz Alcione. Nesse domingo, dia 16, a intérprete e mais três grandes artistas reviveram o samba em Porto Alegre, no primeiro show da turnê “Viva o Samba”. Veteranos do gênero, Alcione e Martinho da Vila, e a nova cara do samba, Diogo Nogueira e Roberta Sá, subiram no palco do Anfiteatro Pôr do Sol para cantar clássicos de uma das sonoridades mais brasileiras que existem.
“O primeiro show é sempre um pouco mais tenso. A gente fica ligado, sabe? Mas, ao mesmo tempo, é o mais descontraído. A gente finge que não está nervoso. Quando é um show nosso, a gente muda o que quer. Esse é diferente, tem uma direção, tem uma marcação de momentos. Mas é emocionante”, disse Martinho da Vila, na coletiva de imprensa, sobre a apresentação em Porto Alegre. De fato, o show é dirigido por Monique Gardenberg e o roteiro foi criado por Hugo Sukman, mas quem dá vida ao repertório de vinte e sete clássicos do samba são os quatro cantores. As músicas escolhidas falam sobre a família, o Brasil, as escolas e a alegria do samba, e homenageiam diversos intérpretes, como a sambista Clara Nunes, que é lembrada no belo dueto de Alcione e Roberta Sá na canção “Conto de Areia”.
Na coletiva de imprensa, quando questionamos se eles consideravam o samba um estilo machista, Alcione quis logo responder: “O samba, realmente, não tem muitas mulheres. Ele era de um universo muito machista, né? Era. Mas agora ele está mudando. Hoje você pode ver, até na bateria das escolas de samba tem mulher. Isso é uma coisa que era impossível você encontrar antigamente. […] O samba era dominado pelos homens quando a Clara Nunes quebrou esse tabu, ela foi a primeira mulher a vender 300 mil discos. Depois, nós viemos atrás. Hoje, nós estamos pau a pau”. Roberta Sá também respondeu, comentando que antigamente a mulher “não podia falar dos seus próprios sentimentos. O sentimento da mulher era uma coisa assim, ela não podia sentir nada, ela só podia ser musa, a bandida que trai, sei lá. A mulher como personagem do samba, ela sempre era um personagem assim. A coisa foi mudando depois. Hoje em dia, eu sinto a falta de intérpretes masculinos de samba”.
No palco, os quatro cantores se revesaram em diversas formações, tornando o show um verdadeiro espetáculo do samba. Alcione e Martinho da Vila celebraram juntos “Feitiço da Vila”, bairro do Rio de Janeiro que virou sobrenome artístico de Martinho. Sozinho, Diogo Nogueira cantou “O Meu Lugar”. canção em tributo ao bairro carioca Madureira, terra da Portela, escola de samba do cantor.
Para os cerca de 70 mil porto-alegrenses que assistiam, cantavam e dançavam todos os sambas que foram apresentados, o quarteto preparou uma performance especial de “Parabéns a Você” seguida de “Se Acaso Você Chegasse”, do compositor gaúcho Lupicínio Rodrigues, em comemoração ao aniversário de Porto Alegre. Mas nem precisava. O show de Alcione, Martinho da Vila, Diogo Nogueira e Roberta Sá já foi um grande presente que milhares de famílias ganharam no domingo. A turnê “Viva o Samba”, patrocinada pela Nivea e aberta ao público, agora segue por outras capitais brasileiras. Confira nossa cobertura fotográfica do show logo abaixo das informações sobre as próximas apresentações.
“Viva o Samba” com Alcione, Martinho da Vila, Diogo Nogueira e Roberta Sá
Rio de Janeiro
Quando: 23 de março, às 17h
Onde: Praia de Copacabana
Brasília
Quando: 6 de abril, às 17h
Onde: Parque da Cidade Dona Sarah Kubitschek, Praça das Fontes
Recife
Quando: 13 de abril, às 17h30min
Onde: Parque Dona Lindu
Salvador
Quando: 27 de abril, às 16h30min
Onde: Elevador Lacerda, Praça Visconde do Cairu
São Paulo
Quando: 25 de maio, às 16h30min
Onde: Parque da Juventude
Fotos: Ariel Fagundes