Flor, filha de Seu Jorge, se prepara para lançar EP de estreia 

02/09/2024

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Thuanny Judes

Por: Thuanny Judes

Fotos: Divulgação/ Mariana Novelli

02/09/2024

Às vésperas do lançamento de seu primeiro EP, Prima, que chega às plataformas de streaming nesta sexta-feira, 6/9, Flor compartilha as expectativas do registro. Aos 21 anos, a cantora e compositora busca entregar canções que conversem com as pessoas de forma honesta e clara: “Sou sagitariana, então, faço tudo muito livremente”. 

O repertório foi apresentado no último domingo, 1 de setembro, no evento organizado pela plataforma Queremos! no Circo Voador. Na ocasião, Flor abriu o show da rapper norte-americana Rapsody

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Alfabetizada no Brasil e nos Estados Unidos, onde mora há 11 anos, Flor Jorge compôs suas músicas na sala de casa e produziu o trabalho com a ajuda de amigos. O título representa uma espécie de primavera, trazendo novos começos e experiências. “Vem de um lugar que pode ser um pouco escuro em alguns momentos, em outros, mais animado”, explica.

As sete faixas foram produzidas em um ano e meio com os parceiros e amigos que moram em Los Angeles e que, assim como ela, também nasceram em outros países. “Vou falando as minhas ideias, meus amigos falam sobre as ideias deles, tudo acontece dentro de casa, na sala de estar. Às vezes eu consigo cuspir a música numa porrada só, fazer um freestyle na hora. Outras vezes, demora dois meses para escrever um verso. Cada música tem seu próprio jeito de ser, eu sempre dou o meu melhor pra tirar a ideia da cabeça e colocar no papel”, revela. 

Apesar de lançar o primeiro EP, Flor possui três singles nas plataformas de streaming: “Sapiens”, “Chega no Céu” e “Macumbeira”, que conta com arranjo de Arthur Verocai. Em 2022, uma de suas composições entrou no álbum Portas, de Marisa Monte: “Pra Melhorar” foi escrita por ela aos 12 anos. 

Você é compositora e produtora de PRIMA. Qual foi a faísca do projeto?

Adoro escrever, sempre escrevi na minha vida inteira. Foi muito bom ser honesta nas minhas músicas e falar sobre as coisas que eu sinto e que não são só sentimentos meus. Estou falando por várias pessoas, pelo meu grupo de amigos. Foi um processo coletivo, não foi uma coisa só minha. Isso é muito importante. Eu romantizo muito a vida. Sou sensível, então, tudo que vejo e escuto é referência: peças de roupa, cores diferentes, videoclipes e até as histórias de outras pessoas. Gosto de aprender através do que está acontecendo no mundo e botar isso na minha letra. Anoto todas as ideias que passam na minha cabeça, tudo que observo e o que surge disso: uma risada, uma situação do cotidiano, tipo perder meus brincos, raspar a cabeça. Gosto de escrever essas coisas e botar em músicas depois. Muitas frases que acabaram no disco vieram dessas anotações. Eu gosto de observar, de entender as pessoas, suas histórias e seus sentimentos. E gosto de entender os meus. 

O EP conta com parcerias especiais, me conta sobre essas colaborações?

O primeiro personagem dessa produção é o Teo’ma. Eu o conheci numa festa e foi muito legal. Eu toquei uma música minha pra ele, que foi “Macumbeira”, e ele falou “caraca, Arthur Verocai nas cordas!”. E eu falei “caraca, você conhece Arthur Verocai!”. [risos] A gente se conectou ali. Depois eu soube que ele produzia, e queria muito fazer uma versão americanazinha de funk brasileiro. Passaram alguns meses, continuamos nos vendo em festas, e aí chegou dezembro de 2022. Ele me chamou e falou “cara, eu to aqui com o meu amigão da faculdade, ele é maravilhoso. Vem pra cá, vamos fazer música”. Eu não tinha nada a perder, então eu fui lá, conheci o Ayush, que virou um amigão enorme e me ajudou a fazer muitas coisas até hoje, mas ele nunca tinha produzido música na vida. Ele toca tudo, toca guitarra, piano, saxofone, mas nunca fez nada dele. Depois, compusemos juntos “NG4U”. E depois disso, a gente percebeu que era um grupo maravilhoso. Então, em março de 2023, eu fiz o meu primeiro show e cantei “NG4U”, e no final todo mundo já tava cantando o refrão. Foi uma mágica, sabe? E depois disso, fui conhecendo os amigos dos amigos dos amigos, eu juntei essa galera toda e a gente fez o EP. Mas os personagens principais desse EP são o Ayush e o Teo’ma.

A composição das letras costuma ser em inglês?

Eu sou muito sagitariana, então, faço tudo muito livremente. Sinto na hora o que quero falar e sai em inglês ou em português. Estou com o costume de fazer um verso em inglês, um verso em português e aí fazer o refrão em inglês. Na maior parte do tempo, só vou escrevendo o que faz sentido pra mim, mas na melodia, na parte de beat, isso sim eu faço com mais intenções. Que eu quero botar elementos brasileiros na música e tal. Você consegue ouvir as referências na minha música, independente da letra estar em inglês ou português.

Como você define PRIMA?

Escolhi o nome Prima pra primeira, pra primavera, que é o começo, flor, florescendo. Originalmente, o nome do disco ia ser “Florescente” – ideia dos meus amigos. Achei muito legal, mas também achei que ficava muito voltado pro meu nome. Entendo o charme que dá e acho que é muito fofo e, entre nós, sempre lembraremos como Florescente, mas acho que Prima é uma palavra perfeita, inclusive, para descrever esse EP: é o meu primeiro trabalho, com as minhas ideias, minhas experiências dos últimos dois anos, conhecendo pessoas e viajando e entendendo o mundo ao meu redor. E também temos vários gêneros musicais e referências misturadas: bossa nova, trap, hip hop, pop, R&B. Prima é completamente diferente do que eu já tinha lançado. Eu entendo quando as pessoas escutam meu som e acham mais maduro, mas decidi trazer um pouco da minha juventude nesse primeiro álbum. E é uma novidade pra mim fazer músicas mais pop, mas mesmo quando você escuta “Macumbeira”, “Chega no Céu”, faz sentido, elas se comunicam. Você sabe que as canções de Prima e as anteriores são de raças diferentes, mas que moram no mesmo planeta. É o melhor jeito de descrever. E eu estou muito animada, orgulhosa.

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Quais são as suas principais referências musicais?

O Kendrick Lamar é como um anjo da guarda, meu favorito da vida inteira. Eu aprendi a falar inglês com as músicas dele e do J. Cole. Usei muito rap na minha vida pra aprender inglês. Também tenho ouvido bastante Marvin Gaye e Pedro Martins, que é um cara maravilhoso, que já trabalhou com o Thundercat. Eu consegui recentemente conhecê-lo, espero fazer músicas com ele, porque ele é um músico incrível. E pra finalizar: Radiohead, minha banda favorita.

Alguma específica durante a composição das canções de Prima?

Olha, enquanto eu estava fazendo o disco eu parei de escutar bastante coisa. Eu, geralmente, só escuto jazz. [Quando componho] Não escuto muita coisa que está acontecendo porque eu quero que as músicas sejam minhas. Eu posso pegar a inspiração de certas pessoas, mas eu foco no que eu posso trazer pro estúdio, com as minhas ideias. Mas posso dizer que em 2023 tava escutando bastante Thundercat e Justin Timberlake  – se eu quero jogar o ombrinho pra cima. [risos]

Você já foi descrita por alguns artistas, como Marisa Monte e Arthur Verocai, como madura, compositora nata, consciente e talentosa. Isso impacta, de certo modo, as expectativas que o público e a crítica criam sobre você. Como lida com isso?

Eu não lido com expectativas. Eu acho que o que as pessoas pensam de mim vem delas, mas sou grata por todos esses comentários. Claro que são pessoas que eu conheço e que eu trabalhei, que eu conheço desde criança, então, fico honrada e feliz. É tipo quando você é uma criança esperando na escola e seus colegas convidam brincar de pega-pega. “Vem aqui brincar, vem fazer parte”. E eu estou aqui, fazendo parte. Eu tô feliz de estar aqui, curtindo. É muito legal!

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02/09/2024

Thuanny Judes

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