Jadsa e Yma comentam faixa a faixa do EP “Zelena” 

06/07/2023

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Isabela Yu

Por: Isabela Yu

Fotos: Mooluscos/ Divulgação

06/07/2023

Durante cinco dias, Yma e Jadsa se dedicaram a uma imersão no estúdio da Matraca Records, em São Paulo, com o objetivo de finalizar o EP Zelena, o projeto colaborativo que vinha sendo trabalhado desde 2020. Depois de muitas trocas online, a magia aconteceu de forma fluida, gerando as seis faixas, incluindo uma regravação de Tom Zé, sendo quatro inéditas. 

O trabalho lançado no final de maio une as referências das compositoras em músicas que viajam pelo rock, new wave e samba. “O que existe em comum entre elas é a banda base: bateria, moog, baixo, teclas, guitarra e vozes. Algumas delas trazem um instrumento novo, como violão, outras vozes e percussão”, explica Jadsa. Além delas produzirem e tocarem no disco, ao lado de Fernando Rischbieter, o registro conta com participações de Fernando Catatau, Marina Melo, Pedro Bienam e Uiu Lopes. 

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Nessa mistura, há ainda homenagens a ídolos em comum, como Gilberto Gil, Titãs e Os Mutantes, além de uma música dedicada à artista americana Meredith Monk. “Compus a faixa pensando em Zelena. Claramente faz referência a artista, cujo trabalho se fez muito presente na minha vida ao longo da pandemia. Eu estava totalmente vidrada em Turtle Dreams (1983)”, conta Yma. 

O nome Zelena significa verde em crota, uma cor repleta de mistérios e significados: “O intuito do EP é fazer a cabeça viajar. Tirar da inércia. Levar o ouvinte para outros polos, outras referências. Zelena é uma cor que se torna um nome próprio. Um ser curioso”, explica a compositora. Se fosse uma pessoa, certamente seria notívaga, lúdica e eletrizante. Juntas, Yma e Jadsa comentam as faixas do registro: 

“Noite Estonteante”: 

Jadsa: A música conta a história de uma madrugada cheia de tensões e imagens dançantes. O EP não poderia começar diferente, se não fosse com um samba. Contamos com a participação de Uiu Lopes (violão) e Marina Melo (voz). YMA também põe bastante mistério na sua interpretação. Eu, além de gravar guitarra, arranhei na percussão. (Risos). 

YMA: Quando a gente começou a trocar sobre o universo que imaginávamos pro EP, lembrei que tinha na gaveta um esboço de “Noite estonteante”. É uma música que fala da madrugada na perspectiva de uma pessoa com insônia, cuja noite começa bem tranquila e depois vai se distorcendo, criando imagens mais semelhantes a um pesadelo. (Risos).  

“Mete Dance”: 

Jadsa: Essa foi a música que deu início ao que viria ser Zelena. Ela fala sobre não parar de “fazer”, como se fosse um incentivo com rock funkeado e brincadeiras entre inglês e português. A expressão “mete dança” está presente em muitas composições do pagodão baiano. Ela foi composta na pandemia por mim e tem como grande inspiração a banda Titãs. Tem como participação o guitarrista Fernando Catatau, que fez a faixa brilhar, trazendo um new wave para os refrões diretamente dos anos 90.

YMA: Para mim, ela é a faixa mais eletrizante e dançante. Aquela música que a gente coloca pra levantar o astral, sabe? Que dá força, coragem e vontade de se mexer. Consigo sentir bastante a força do signo de áries nessa composição. (Risos). 

“Meredith Monk”: 

Jadsa: Eu não conhecia a artista e me apaixonei depois que YMA a trouxe à tona. Meredith Monk é uma multi-artista, que cria com consistência desde os anos 1960. Uma grande inspiração para parte do EP. Ela está nas vozes, no corpo, nas fotos. Agora também como a terceira, composta por YMA. E também com muito fuzz (efeito de pedal de guitarra famoso nos anos 1960). Nós também temos a participação de Fernando Catatau nela. 

YMA: Compus “Meredith Monk” pensando em Zelena. Claramente faz referência a artista, cujo trabalho se fez muito presente na minha vida ao longo da pandemia. Eu estava totalmente vidrada em Turtle Dreams (1983). Seguindo a mesma linha narrativa de “Noite Estonteante”, onde o tema brinca entre a realidade e a ficção, aqui a gente vê Meredith Monk se desdobrar em diversas possibilidades.

“Amantes”: 

Jadsa: É uma música romântica feita para a minha guitarra “Dioyá”. Me inspirei em Gilberto Gil com toda a sua sabedoria e tudo o que tinha aprendido com esse artista surreal. A delicadeza do xaxado, os timbres do rock e a beleza da percussão. Nessa faixa composta por mim, eu utilizo as minhas duas guitarras do coração: “Dioyá” e “Mangostão”. Nós também temos o prazer de ouvir a guitarrada de Catatau na sua “Cobra”. 

YMA: Uma canção de amor escrita para uma guitarra, adoro isso! No arranjo tem um balanço quente, como se o ambiente estivesse suado e uma sensualidade poética. Nessa faixa, eu gravei o Fender Rhodes e fiz aberturas de vozes.

“Defeito 5: O Olho do Lago”: 

Jadsa: Música de Tom Zé, ela é uma faixa profunda, que fala sobre um mergulho em olhos lacrimejados. Um banho nos lagos profundos-olhos. Uma proposta de YMA e que casou super com o contexto do EP. Além de ser um prazer cantar o meu conterrâneo revolucionário e necessário para a vida da música brasileira.  A faixa conta com a participação de Pedro Bienemman na guitarra. Nessa música, a gente se inspirou na Tropicália e nos Mutantes. Também escutamos a versão de Cid Campos para entender melhor.  “No Lago do Olho” propõe a síntese dos nossos discos Olho de Vidro (2021) e Par de Olhos (2019) da maneira mais pura possível, concluindo assim Zelena.

YMA: Em dado momento, surge a ideia de fazermos uma versão de alguma música. Essa é uma música que eu adoro e que tocava algumas vezes em shows porém em outro arranjo. Tive a intuição de compartilhar com Jad, pensando que teria muito a ver com nossas vozes. Quando nos damos conta, percebemos que a temática faz um elo entre os nossos “primeiros filhos”, os nossos discos de estreia e tudo fez sentido.

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06/07/2023

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