Enquanto fazia um sol de 30º do lado de cá, no Rio de Janeiro, do outro lado da câmera, no Recife, caia o céu — de tanta chuva. Em meio ao clima dicotômico, a pernambucana Joyce Alane conversou com a Noize sobre o processo de criação musical que ela vive. Expoente da música brasileira contemporânea que vem surgindo Brasil afora, Joyce usa o termo “coragem” para se definir enquanto persona.
Mas, a carreira de Joyce, ao contrário do que muitos pensam, não começou de agora, tampouco lá em 2020 na pandemia — já já volto nesse assunto —, como ela reforçou à nossa reportagem. Aos 12, já fazia aula de música no tradicional Conservatório Pernambucano de Música.
Só que, como muitos, precisou pausar os estudos musicais porque queria se encaixar em um mundo que força artistas, os que estão iniciando suas carreiras, a procurarem “um trabalho”. No fundo, ela sempre soube que a arte não era um simples hobby, mas sua verdadeira vocação. “Eu acredito muito em propósito. Eu não sei fazer nada tão bem quanto música”, conta.
Em 2020, no meio da pandemia, o jogo virou: Joyce se viu sozinha e fez do Instagram uma ferramenta para se expressar por meio de covers. Foi aí que viu tudo mudar.
Da caixinha do Instagram a feat com João Gomes
Fazer cover pode até ser considerado um hobby por ela, que sempre quis pôr pra fora músicas de sua autoria. Foi isso que ela fez, após o lançamento da caixinha interativa em sua rede social, na qual os fãs escreveram uma palavra qualquer e ela fazia do limão uma limonada: produzindo músicas próprias, destacando a interação com os fãs.
Durante o período de isolamento social, ela começou a postar suas primeiras músicas autorais, como “Leão”, que não só marcou seu primeiro lançamento nas redes sociais, mas também se tornou um marco de sua jornada como compositora. “Eu queria que as pessoas me vissem como compositora”, explica. E foi com essa intenção que ela começou a interagir diretamente com seus seguidores, permitindo que eles sugerissem palavras para suas novas composições, uma estratégia que também a aproximou ainda mais do público.
Um dos momentos mais marcantes de sua carreira foi a parceria com João Gomes, o Príncipe do Piseiro. A música “Idiota Raiz”, composta por Joyce, fez com que a artista alcançasse novos públicos, principalmente no mercado do piseiro/sertanejo.
“O pessoal da equipe de João Gomes queria que ele gravasse a música sozinho, mas eu falei que não. Aí a importância de um no”, relembra. A parceria, que se concretizou em uma versão conjunta, foi um marco na carreira de Joyce e ampliou suas oportunidades dentro do universo do piseiro.
Mas além dos sucessos, Joyce também tem um olhar introspectivo sobre sua vida pessoal. Ela é uma mulher que, aos 27 anos, ainda se sente em processo de amadurecimento. “Eu tenho muito a aprender ainda”, confessa, com a humildade de quem sabe que o caminho está apenas começando. Sua autenticidade, mesmo ao expor vulnerabilidades e fragilidades, é um dos aspectos mais admirados pelos seus fãs. “Eu não tenho problema em falar o que eu tô sentindo”, explica, mostrando que, por trás da cantora poderosa que se transforma no palco, existe uma pessoa sensível e reflexiva.
Para 2025, Joyce tem planos ousados: quer lançar mais músicas autorais, aprofundando sua identidade musical e chegando a um público ainda mais amplo. Ela acredita que, ao ser verdadeira consigo mesma, sua arte encontrará um espaço cada vez maior no coração de quem a escuta. O caminho de Joyce Alane está sendo trilhado com autenticidade, talento e, acima de tudo, a coragem de se expressar de forma única e verdadeira.