Lia de Itamaracá recebe Troféu Tradições da UBC 

07/06/2023

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Por: Isabela Yu

Fotos: Ytallo Barreto/ Divulgação

07/06/2023

Aos 79 anos, Lia de Itamaracá está envolvida em uma série de projetos até o ano que vem. Na noite de terça-feira, 6/6, a artista recebeu o Troféu Tradições, da União Brasileira de Compositores, no palco da Casa de Francisca, em São Paulo. Pelo terceiro ano consecutivo, a UBC celebra a obra de uma compositora: no ano passado, foi a vez de Dona Onete, representando o carimbó, e em 2021, a instituição reconheceu Anastácia, a rainha do forró. 

Nesta edição, a noite contou com a participação de Rincon Sapiência, Teresa Cristina e Daúde, três nomes que colaboraram com a compositora nos últimos anos. “Ter esse pessoal comigo é muito importante. Mostra que a ciranda ganhou o mundo e eu tô com ela no mundo. Seja no rock ou no samba, todo mundo está acompanhando a ciranda, que fala justamente sobre isso: para dançar, precisamos dar as mãos”, diz em entrevista à NOIZE. 

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Há mais de 50 anos, Lia leva a ciranda pernambucana para o resto do mundo, então não à toa, o seu trabalho é adorado por músicos de diferentes gerações e nacionalidades. No mês passado, ela participou do show do estadunidense Jon Batiste no C6 Fest, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Há mais de um ano, as produções de Lia e Jon trocavam figurinhas para fazer o encontro acontecer da melhor forma possível. 

Essa também foi a primeira vez em que a cantora se apresentou acompanhada de um piano. “Parecia que a gente já se conhecia há muito tempo”, conta Lia. Logo nos primeiros ensaios, a energia se encaixou: “Foi um encontro tão bom que até hoje eu tenho esse homem na minha cabeça”. 

Além dessas homenagens, a artista se prepara para estrear na avenida: a sua história será tema do samba enredo do ano que vem da Império da Tijuca, no Rio de Janeiro, e da Nenê de Vila Matilde, em São Paulo. “Ser homenageada por duas escolas é maravilhoso! Sempre acompanhei os desfiles pela televisão. Eu gosto, não sou contra a diversão de ninguém, só não danço porque não sei, já sei dançar ciranda”, comenta Lia.  

A escola carioca vai se debruçar na história da ilha de Itamaracá com uma paleta de cor com azul e branco. Em uma primeira visita a agremiação, Lia se encantou com o visual do desfile: “Tem alegria, harmonia e traz boas conversas”. 

Como resumir a sua trajetória de vida? Para ela, tudo se volta à música. Nascida e criada na ilha, ela se apaixonou pela ciranda aos 12 anos, e a conexão se aprofundou com o passar do tempo. A ciranda é uma dança de roda onde crianças e adultos participam: “O mestre puxa a ciranda para o pessoal dançar. No começo a gente tinha um pistão, um surdo, um ganzá e uma caixa, agora a colocamos um trombone para adoçar ainda mais”. 

Na década de 1970 veio o primeiro disco, Rainha da Ciranda (1977), lançado de forma independente por uma gravadora local. Em paralelo ao trabalho como cantora, ela trabalhou como merendeira em uma escola até se aposentar. Os anos 1980 foram escassos em propostas, mas na virada da década ela encontrou um novo público interessado em seu trabalho: o movimento Manguebeat

No novo milênio, ela foi reconhecida como Patrimônio Vivo de Pernambuco e Doutora Honoris Causa pela Universidade Federal de Pernambuco, além de lançar três discos – Eu Sou Lia (2000), Ciranda de Ritmos (2008) e Ciranda sem fim (2019). “Acho que a vitalidade tem a ver com não esmorecer, sentir e entender até onde posso chegar com a minha voz. Deus é quem sabe, mas tenho certeza que vou passar dos 80 anos”, comenta Lia. 

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07/06/2023

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Isabela Yu