Pura maestria e classe num domínio tranqüilo da execução do samba, provindas de genuína experiência. O diretor do vídeo, Fabrizio Martinelli, conta impressionado que foi o acústico com menos ensaios que ele já fez. Pô, Paulinho da Viola! Sambista desde aquela época, freqüentador do Zicartola, carioca da gema. Paulinho da Viola, que na década de 70 chegou a lançar um disco por ano, no primeiro dvd de sua carreira. Poucos teriam vontade e motivos para falar mal deste registro.
O material foi gravado nos dias 24 e 25 de julho de 2007 num cenário prontamente posto bonito, ao estilo Acústico MTV. À espera do músico, violão e cavaquinho, a banda e os privilegiados espectadores. Mais de uma hora do melhor do samba para alegrar (no mínimo, mexer o pé e os ombros) até mesmo quando se canta a tristeza. Um som feito com o número de músicos (24) maior que o número de faixas (21). Um arranjo de cellos, violinos, piano, percussão, violas, bateria, coros, sopros e cavaco. Como de praxe, no repertório estão presentes os maiores sucessos da longa carreira. Paulinho mesmo diz que muitas canções ficaram de fora, claro. Mas estão lá “Coração Leviano”, “Timoneiro”, “Amor é Assim”, “Talismã” (música feita em parceria com Arnaldo Antunes e Marisa Monte), “Sinal Fechado”, “Eu canto samba”, “Foi um rio que passou em minha vida” e “Pecado Capital”. Esta última foi tema de novela e Paulinho a fez, na pressão, em um dia. A trama iria ao ar e a música precisava ficar pronta. Caso contrário, ele confessa que faz sem pressa. Já levou 10 anos para colocar letra numa melodia.
Estas e outras bem humoradas histórias no making of de quarenta minutos. Depoimentos de músicos-figuras-e-amigos-velhos como Toquinho, Elton Medeiros, Eduardo Godin e Dininho (filho de Dino, principal difusor do violão de 7 cordas e parceiro de Paulinho há 37 anos). O falador tímido não demora muito a virar um contador de curiosos causos. Nada de polêmica e indispensável para os adoradores do samba de raiz.
>> Por Nati Utz