Por dentro dos festivais: como foi a 10ª edição do Coala Festival

12/09/2024

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Erick Bonder

Por: Erick Bonder

Fotos: Coala Festival/ Divulgação

12/09/2024

Ao longo da última década, o Coala Festival cresceu, perpetuou suas ideias e fincou o pé enquanto um dos mais importantes eventos dedicados à música brasileira. Promovendo o diálogo entre artistas nacionais de diferentes gerações, a décima edição do Coala aconteceu no Memorial da América Latina, em São Paulo, no último fim de semana, entre 6, 7 e 8 de setembro.


Apesar do clima insalubre, proporcionado pelos incêndios majoritariamente criminosos que cobrem o país com fuligem, o público de fé lotou o festival nas três datas, com sold out no domingo. Esta plateia, inclusive, é um ponto de atenção, pois o Coala conseguiu criar uma comunidade engajada e até mesmo apaixonada, que “veste a camisa” da festa ( em muitos casos, literalmente, pois os merchs de dez anos em parceria com a Umbro estavam espalhados pelo rolê).

Neste ano, o festival contou com três espaços dedicados à música: o palco principal, onde se desenrolaram os principais shows do evento; o Coala Club, com line up de DJ sets curados por Banana Gold Rec, Pista Quente e Enchufada; e a novidade do ano, o Palco Tim, no Auditório Simón Bolivar, onde ocorreram as apresentações especiais 14 Bis convida Beto Guedes e Flávio Venturini, na sexta-feira, e Letiers Leite e Orquestra Ruimpilezz convida Luedji Luna, no domingo.

No sábado, o palco contaria com o show de Arthur Verocai e Orquestra, com participação de Mano Brown, mas infelizmente o maestro sofreu um acidente enquanto se preparava para a apresentação e precisou de atendimento médico.

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No principal, o esquema de shows intercalados com DJ sets funcionou bem para que o público pudesse respirar um pouco e descansar. Os encontros entre artistas proporcionados anualmente pela curadoria do Coala foram um dos pontos altos do festival: Hyldon, Sandra Sá e Tássia Reis, Tulipa Ruiz part. Criolo, Timbalada e Afrocidade, Mariana Aydar e Mestrinho, Arnaldo Antunes e Adriana Calcanhotto. Os shows com repertórios especiais, como Lenine e Suzano apresentam Olho de Peixe e Xande canta Caetano, são outro acerto.

O festival também contou com dois momentos marcantes, especialmente para fãs: o último show d’O Terno no Brasil, e o primeiro show do 5 a seco depois de cinco anos de pausa. Por fim, a mistura entre shows de artistas lendários da música brasileira, como Os Paralamas do Sucesso, Lulu Santos e João Bosco, com artistas que estão no início de suas carreiras, mas vem ganhando destaque, como Bebé e Yago O Próprio, faz com que o público possa cantar a plenos pulmões clássicos inesquecíveis e também conhecer música nova.

Abaixo, confira cinco shows da décima edição do Coala Festival que achamos que valem nota:


Arnaldo Antunes e Adriana Calcanhotto

Dois artistas da canção, donos de grandes hits, extremamente ligados à palavra. Arnaldo é poeta e Adriana, além de grande letrista, tem forte ligação com a poesia. O repertório do show revisitou clássicos de ambos, como “Velha Infância” (dos Tribalistas), “O Pulso” (dos Titãs), “Esquadros” e “Devolva-me”. Ainda rolaram interpretações de “O Pulsar”, poema de Augusto de Campos musicado por Caetano Veloso, e “Fico Assim Sem Você”, clássico de Claudinho e Buchecha. A banda contava, dentre outros músicos, com Pedro Sá, na guitarra, e Curumin, na bateria.


Bebé

A artista, talento da nova geração da música brasileira que vem ascendendo na cena, cantou o repertório de seu novo álbum, SALVE-SE!, acompanhada por Alt Niss e Hanifah, nos backing vocals, e Plim (Sérgio Machado), seu produtor, nos beats. Performático, o show contou com momentos coreografados e de interação com o público. Bebé também cantou músicas de seu álbum de estreia homônimo e tocou guitarra em alguns momentos.


Lenine e Suzano apresentam: Olho de Peixe

O clássico álbum, gravado pela dupla em 1993, entrou nas plataformas digitais somente no ano passado, comemorando 30 anos de seu lançamento (também foi prensado em vinil pelo NOIZE Record Club), mas todo o Memorial da América Latina tinha o repertório na ponta da língua e cantou do início ao fim músicas como “Acredite ou Não” e “Escrúpulo”. É estarrecedor ver Lenine e Suzano tocando seus respectivos instrumentos, o violão e o pandeiro, com tamanha maestria em uma apresentação cheia de energia. Vale ressaltar que a percussividade dos arranjos é tão grande que a banda sequer conta com baixista.

Letieres Leite e Orquestra Rumpilezz convida Luedji Luna

No Palco Tim, a Orquestra tocou o repertório preparado com Letieres ainda em vida, interpretando músicas da Banda Black Rio, com um grupo avassalador de percussionistas e um naipe de sopros com solos incríveis. Quando Luedji subiu ao palco, interpretou, junto à Rumpilezz, “Banho de Folhas, de sua autoria, e “Aqui e Agora”, de Gilberto Gil. Foi a primeira vez que o grupo e a cantora, ambos baianos, encontraram-se em um show.


Planet Hemp

O Coala encerrou com energia punk rock e representação da cultura hip hop, em um show político e de alta qualidade. A banda trouxe músicas de seu novo álbum JARDINEIROS, que já são cantadas pelo público como clássicos, e outras pedradas do seu repertório, passando pelos álbuns Usuário (1995), Os Cães Ladram Mas a Caravana Não Para (1997) e A Invasão do Sagaz Homem Fumaça (2000). Marcelo D2 e BNegão comandaram a noite e formaram o que talvez seja a maior roda punk que o festival já viu. O show contou com direção de Daniel Ganjaman.

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12/09/2024

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