Review | Em ‘Syntethica’, o Metric põe a modernidade em xeque

20/10/2012

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Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

Fotos:

20/10/2012

Artista: Metric
Álbum: Synthetica
Gravadora: Lab 344

_por Nícolas Gambin

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O Metric apareceu em pleno auge da “explosão Strokes” – em que poucos indies se arriscavam em aventuras eletrônicas  optavam por deixar tudo com uma cara mais vintage, rasteira e econômica. Apesar disso, os canadenses já traziam, timidamente, certo apreço e simpatia por sintetizadores e beats electros nos arranjos.

Elementos estes que agora formam o cerne sonoro de Synthetica, o quinto álbum de estúdio do grupo canadense.

Synthetica é como um aprofundamento de tais experimentações, o eco gratificante do grito de liberdade que a banda deu no antecessor Fantasies (2009), quando rompeu com os ditames de grandes gravadoras ao fundar o próprio selo. Foi um ponto final que mais se parece com início de parágrafo: apenas na semana de lançamento, o trabalho entrou para o top 20 de mais vendidos da Billboard.

Com esse avanço musical circunstancial, o Metric quer pôr o mundo moderno em xeque, sem se desesperar atrás dele nem dele fugir.

O conceito, desta vez, é apontar a forte dualidade entre o real e o antinatural, por meio de uma costura que une o novo ao velho e que suscita discussões sobre originalidade x cópia, num cenário em que a música segue caminhos uniformes, por mais diversos que se pareçam, e a referência acaba quase sempre por se limitar ao velho pastiche costumeiro.

O repertório de Synthetica oscila nas timbragens orgânicas e sintéticas (olha o nome do disco aí), cedendo maior preferência ao segundo tipo. Alterna de modo perspicaz ritmos acelerados a outros mais reduzidos, o que faz o conjunto final funcionar redondo e leve, além de abrir um bom caminho comercial com faixas dançantes camufladas por baladas e momentos mais darks e soturnos.

Mesmo contando com mais de uma década de carreira, o set tem frescor de iniciante. Beirando os 40 anos de idade, Emily Haines ainda impõe sua voz como uma provocativa menina adolescente.

A produção é assinada pelo guitarrista James Shaw, que, paradoxalmente, coloca o seu instrumento em plano inferior, talhando a musicalidade a favor de Emily e criando ambiências mais marcantes e menos rasas.

Pra ouvir o álbum completo, vem aqui.

Faixa a faixa de Synthetica

1. “Artificial Nocturne” – Esclarece o título do álbum: inicia carregada de sintetizadores, com vocais plásticos e arrastados. A partir da metade, mantém-se como uma linha reta, seguindo uma base simples, permeada por backing vocals sombrios.

2. “Youth Without Youth” – A meu ver, a melhor delas. Traz guitarras e baixo bem marcados com a bateria pulsante. Um peso mais roqueiro, deixando o eletrônico de lado, apesar de lembrar um quê de industrial music.

3. “Speed The Collapse” – Primeiro single, acelerado e sustentado por acordes de piano em tons menores, sugerindo uma linha soturna.

4. “Breathing Underwater” – Melodia que cresce progressivamente, um pouco mais esperançosa que as demais. Uma faixa que funciona ao vivo, com refrão bem destacado. Aqui, as guitarras do produtor James Shaw
ganham a frente.

5. “Dreams So Real” – Com andamento lento e um radical arranjo de synths saturados, atua como uma espécie de interlúdio de atmosfera
densa.

6. “Lost Kitten” – Uma love song lenta e carismática, com vocais doces, quase sussurrados.

7. “The Void” – Batida dance, letra simples, sem grandes saltos de arranjo. Uma fórmula comercial correta e certeira. Com essa o DJ fica mais feliz.

8. “Synthetica” – Faixa-título que, ao lado de “Youth Without Youth”, forma o lado agitado e rocker do trabalho. Outra canção com pegada perfeita para extasiar a plateia ao vivo.

9. “Clone” – Novamente, uma balada de versos bonitinhos. Com melodia lépida e fácil, seus longos cinco minutos de duração terminam ambientados de maneira introspectiva.

10. “The Wanderlust” – Curiosa participação de Lou Reed replicando, no refrão, os versos da vocalista. Uma ideia que soa um pouco estranha e causa surpresa de início, mas acaba por funcionar como bom artifício. É o nosso velho Reed tirando onda e descontraindo o álbum na sua reta final.

11. “Nothing But Time” – Talvez aqui você esteja desconfortável com tanto sintetizador zunindo ao longo das canções. Mas essa é a proposta, e é muito ousado um álbum terminar com um pique tão forte quanto o do início. Um sinal de que a banda está com um olho lá, adiante.

Avaliação: Ouça no talo
Pra quem gosta de: Broken Social Scene, Feist e Yeah Yeah Yeahs

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20/10/2012

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