#BQVNC | Coronel Pacheco e a profundidade na leveza

19/06/2015

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Nicolas Henriques

Por: Nicolas Henriques

Fotos: Luísa Telles/Vinicius Nunes

19/06/2015

Ser leve é importante. É fundamental, alguns diriam. Encarar as coisas com o copo meio cheio, olhar o lado mais brilhante da vida, saber que, no fim de tudo, tempos melhores sempre virão. Ser leve é diferente de ser leviano, que fique claro. Assim como leveza e profundidade também não são antônimos. É possível conciliar ambos, apesar de difícil. Mário Quintana, por exemplo. O poeta conseguia aliar leveza de passarinho com profundidade de monge. Dando um salto absurdo de espaço, tempo, gênero e meio artístico, no rock também conseguimos encontrar bons exemplos de bandas que conseguem fazer essa união; de, em cada letra, ter algo que nos tire um sorriso, mas, ao mesmo tempo, leve a uma reflexão um pouco mais profunda sobre o estado das coisas. Os primórdios do Paralamas do Sucesso, Skank, Titãs e Raimundos tinham essa capacidade. Letras irônicas, irreverentes, leves, mas sempre calcadas em certa urgência do hoje, de entendermos como estamos e para onde vamos, seja no campo sentimental, político ou qualquer outro que fosse pauta de suas letras. Parece que hoje temos algumas bandas e músicos que resgatam esse estilo de música bem-humorada e contemplativa, como Apanhador Só, O Terno e Rafael Castro. Junto a eles, devo dizer sem o menor medo que vocês deveriam estar ouvindo desde já o Coronel Pacheco.

A banda surgiu em 2010 como um trio, formado por Edu Barreto (vocais/guitarra), Bruno Brandão (vocais, bateria) e Rodrigo Passeira (contrabaixo). Ainda na formação original, lançou um álbum, Volume 1, em 2012. De lá para cá, a banda ganhou um novo integrante, o guitarrista Luiz Hygino, e passou a buscar novos ritmos e sonoridades, buscando nas guitarradas do Pará e no charme do carimbó um encontro de mares que tornou a banda única.

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No ano passado, o grupo lançou seu novo EP Não Parece Tão Legal Agora. O lançamento trouxe 4 novas faixas que podem ser consideradas rock, mas com um toque de brasilidade que não se encontra por aí tão fácil, como já dito: brega, swing e o próprio indie rock envelopados em riffs viciantes e letras bem elaboradas, engraçadas e contemplativas.

Depois do lançamento do EP Não Parece Tão Legal Agora, em novembro do ano passado, a banda produziu agora seu primeiro videoclipe, para o single do EP, Sofia.

No videoclipe é possível encontrar, em momentos de solitude, vazio e silêncio na cidade de São Paulo, espaços para certa contemplação e convite a reflexão. Como a própria letra sugere, referências a espaços consagrados da cidade, ao flanar e conhecer de perto um lugar que por vezes pode parecer distante, assim como um relacionamento que se torna latente e prestes a acontecer, basta escolher o filtro para dar certo, o clipe também dialoga com a efemeridade de nossas relações, voláteis em uma sociedade cada vez mais líquida. Ou, nas palavras da própria banda: “Seguindo as pistas da letra de Sofia, o videoclipe reforça sobre a necessidade de afirmação das pessoas em uma sociedade em constante mudança e sobre a transformação gentrificada da qual os ambientes urbanos são alvo constante. Ou não”.

E é na base de nunca querer se definir, ser determinista, lamarckista ou acreditar que certezas são necessárias em nossa sociedade, que o Coronel Pacheco vai firmando seu passo leve em letras profundas e sentimento irreverente, num rock and roll que parece ser feito, desenhado e traçado para os nossos dias de hoje. Confiram o clipe de “Sofia”. E relevem as minhas viagens ditas acima. Ou não.

Conheça mais a Coronel Pacheco abaixo:
https://soundcloud.com/coronel-pacheco
https://www.facebook.com/CoronelPacheco/

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19/06/2015

Sou pesquisador e escrevo resenhas de shows pagando de crítico musical porque gosto muito de música e minha verdadeira intenção era ser multi-instrumentista ou vocalista de alguma banda. O problema é que falta habilidade para tocar até campainhas mais complexas e meu alcance vocálico lembra uma taquara rachada.
Nicolas Henriques

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